CIBiogás-ER é o primeiro do gênero da América Latina e vai integrar uma rede de oito centros internacionais da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Onudi).
Menos de um ano após compromisso firmado durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, foi instalado oficialmente nesta terça-feira (21), em Foz do Iguaçu (PR), o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás-ER), voltado exclusivamente para as tecnologias do biogás.
A fundação e o estatuto do novo centro foram aprovados em assembleia geral que reuniu representantes de mais de 20 instituições, nacionais e internacionais, todas com atuação direta ou indireta na área do biogás. A reunião ocorreu no Espaço Mercosul, no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), localizado na usina de Itaipu.
A assembleia também aprovou a diretoria provisória do CIBiogás, que terá mandato de seis meses. O superintendente de Energias Renováveis de Itaipu, Cícero Bley Júnior, foi eleito diretor-geral. Para o cargo de diretor de desenvolvimento tecnológico, foi indicado Herlon Goelzer de Almeida, assessor da Direção Geral de Itaipu; o cargo de diretora administrativo-financeiro será exercido por Soraya Penzin, da Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI).
De acordo com Cícero Bley, o centro é o primeiro do gênero na América Latina com ênfase em biogás e vai integrar uma rede de oito centros internacionais da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Onudi). Os outros ficam na China, Itália, Turquia, Índia e Cabo Verde.
No próximo dia 28 de maio, o CIBiogás-ER será apresentado durante o Fórum de Energia de Viena (Áustria), promovido pela Onudi. O encontro terá a participação de lideranças políticas e autoridades de 192 países, entre elas, o diretor-geral da Onudi, Kandeh Yumkella, o ministro de Minas e Energias do Brasil, Edison Lobão, e o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek.
Relação Sul-Sul
“O centro internacional será uma grande universidade a céu aberto. Países de todo o mundo, principalmente da América do Sul, da América Central, da África, dessa grande relação Sul-Sul que estamos construindo, terão a possibilidade de ver como se faz o aproveitamento dessa energia tão importante para o planeta que é o biogás”, afirmou Jorge Samek.
Um dos objetivos do centro será “organizar, desenvolver, acompanhar e dar suporte aos programas, pesquisas e projetos de viabilização do biogás como gerador de energia e de seus subprodutos” – conforme prevê o estatuto aprovado pelos parceiros.
Cícero Bley comentou que o alvo do novo centro não são os grandes países, que têm condições de buscar soluções próprias para a questão do biogás. “Estamos focados nos países em desenvolvimento e nos Estados brasileiros. Todos precisam de apoio nessa área para mobilizar a energia proveniente do biogás.”
O diretor-geral do CIBiogás-ER avalia que o centro recém-criado situa o Brasil – e Itaipu, particularmente – como referência em biogás. “Isso não quer dizer que as outras instituições [que já trabalham com biogás] vão perder referência. Ao contrário: todas vão continuar trabalhando e poderão encontrar aqui um lugar para concentrar dados, buscar informações e desenvolver novas linhas de pesquisa”, ponderou.
Articulação
O coordenador-geral da Diretoria de Geração da Eletrobras, Egidio Schoenberger, elogiou o trabalho de articulação de Itaipu para criação do centro internacional, envolvendo diferentes entidades, e destacou o potencial do biogás como fonte de energia. “Sem dúvida é um grande potencial a ser explorado e que vai beneficiar os agricultores e a própria geração de energia elétrica. Ou seja, é louvável sob todos os aspectos.”
Para Pedro Neto Nogueira Diógenes, diretor de Tecnologias do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGás-ER), da parceria Petrobras/Senai, as oportunidades para desenvolver o biogás são encontradas em todo o País, tanto na zona rural como na cidade. Por isso, o novo centro terá o potencial de concentrar conhecimento e contribuir para viabilizar a tecnologia.
“Na minha concepção, o CIBiogás-ER irá propiciar uma área de excelência tecnológica. Hoje, esse conhecimento está muito disperso. Mas quando você cria um centro de excelência, acelera o desenvolvimento tecnológico em todos os elos da cadeia produtiva”, disse Pedro Diógenes.
Presidente da Companhia Paranaense de Gás (Compagas), Luciano Pizzatto lembrou que a discussão sobre as energias renováveis é atual e o uso de biogás para geração de energia já é realidade em países como a Alemanha. No entanto, faltava ao Brasil uma ação mais efetiva no setor.
“Como grande produtor agrícola, o Brasil não poderia deixar de olhar essa área. Sem falar nos resíduos urbanos. Mas ainda estávamos muito tímidos. Eu creio que Itaipu está rompendo essa timidez e fazendo com que os diversos grupos interessados, os diversos setores que possam efetivamente fazer essa mudança, se sentem na mesma mesa. Essa reunião é um marco histórico para o País”, afirmou.
A Itaipu
A Itaipu Binacional é a maior usina de geração de energia limpa e renovável do planeta e foi responsável, em 2012, pelo abastecimento de 17,3% de toda a energia consumida pelo Brasil e de 72,5% do Paraguai. Em 2012, superou o próprio recorde mundial de produção e estabeleceu a marca de 98.287.128 megawatts-hora (98,2 milhões de MWh). Desde 2003, Itaipu tem como missão empresarial “gerar energia elétrica de qualidade, com responsabilidade social e ambiental, impulsionando o desenvolvimento econômico, turístico e tecnológico, sustentável, no Brasil e no Paraguai”. A empresa tem ainda como visão de futuro chegar a 2020 como “a geradora de energia limpa e renovável com o melhor desempenho operativo e as melhores práticas de sustentabilidade do mundo, impulsionando o desenvolvimento sustentável e a integração regional”.