Fonte: Tribuna da Imprensa - Pedro do Coutto - Ao lançar seu novo programa Minha Casa Melhor, em Brasília, a presidente Dilma Rousseff atacou o pessimismo de uma parte da opinião pública e culpou a posição derrotista como responsável pela redução de seu índice de aprovação e de seu amplo favoritismo às eleições de 2-14. ]
São dois fatos distintos, mas bastante próximos. Seu governo, que obtinha aprovação plena de 65 pontos, passou a ser considerado ótimo e bom para 57%. Sua candidatura que tinha o apoio de 58%, desceu para 51 pontos. Como escrevi esta semana, seus adversários aparentes, Aécio Neves (14), Marina Silva (16) e Eduardo Campos (6) somam, juntos, 36%. Dilma, com 51, os derrotaria no primeiro turno.
A Folha de São Paulo, edição de quinta-feira, publicou excelente reportagem sobre a estratégia adotada pela presidente da República. Dilma não tem razão em responsabilizar os pessimistas simplesmente porque eles surgiram no palco político depois da pesquisa, não antes. Portanto, não produziram o aumento registrado no custo de vida, a confusão no pagamento do Bolsa Família, na afobação de última hora, envolvendo o governo e o Congresso, para aprovar a Lei dos Portos.
Os derrotistas, concordo, podem até torcer para que as coisas não deem certo, porém não têm capacidade para fabricar insucessos. Estes insucessos são de responsabilidade do Poder Executivo. Nem poderia ser o contrário. Como o nome está dizendo o Executivo é que move as engrenagens da administração pública. Os lances que se referem às manobras cambiais para frear a alta do dólar não são movidos pelos pessimistas.
Tudo bem, mas e a oposição crescerá alimentando-se do pessimismo? Não parece provável. A começar por Aécio Neves aquém a jornalista Eliane Catanhede escreveu ótimo artigo também na edição de FSP de quinta-feira. Eu me referia a Aécio porque penso que, embora atrás de Marina Silva na recente pesquisa do Datafolha, ele apresenta melhor perspectiva de crescimento em função da estrutura partidária nacional do PSDB. O partido de Marina Silva, Rede Sustentável, ainda sequer foi criado. Quanto a Eduardo Campos, com apenas 6 pontos no Datafolha, o lançamento de seu nome ficou mais difícil, além de enfrentar resistências no próprio PSB. Mas esta é outra questão.
O fato essencial é que não basta somente torcer por um declínio percentual na aprovação da presidente da República. É preciso ver quem se beneficia desse processo, claro, se ele mantiver a tendência de há poucos dias. O pessimismo e o derrotismo, por si, não são suficientes para levar ninguém à vitória nas urnas. Pelo contrário. O bom mocismo apontado por Eliane Catanhede em Aécio Neves, o conduzirá a uma posição limitada ao índice que normalmente terá ao longo da campanha eleitoral. Insuficiente para lhe assegurar o êxito nas urnas. Inclusive é necessário estimar como ficará o panorama diante de um possível recuo de Eduardo Campos.
Se os candidatos da oposição não partirem para o ataque inteligente e não apresentarem concretamente propostas alternativas, ficarão batendo na mesma tecla, permanecendo estagnados nas suas faixas percentuais. Para eles, o derrotismo não pode ser o único argumento. Ao contrário. Terão que fabricar posicionamentos efetivos diante dos desafios colocados à sua frente. O Bolsa Família, por exemplo, poderoso instrumento eleitoral, está nas mãos do governo. Qual a proposta da oposição? O tema é bastante sensível. E apenas um exemplo marcante.