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João Maria
 
   
 
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Acorda, meu povo – em época de eco crise, se manifestar, assim como filosofar, é preciso...
  Data/Hora: 3.jul.2013 - 9h 16 - Colunista: João Maria  
 
 
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Ao ver o ministro da Justiça consultar o STE sobre a legitimidade ou não da realização de um “plebiscito”, ao ver o medo e o pavor estampado no rosto dos nossos congressistas – como se estivessem pressentindo que não haverá amanhã, sou obrigado a dar espaço aos versos que um manifestante de 80 anos escreveu e publicado pela Tribuna da Imprensa, logo após participar de uma passeata na Av. Paulista, em São Paulo que reuniu mais de 250 mil pessoas.

 

“Acorda, meu povo, - clamava o poeta. E o povo acordou. E o poeta continuou: Não deixe a noite chegar – será tarde de mais. Quem dorme não faz.”

 

Essa outra pérola é mais antiga, se não me falha a memória é de 2004 – do cientista e filósofo Daniel Pinchbeck, em seu artigo Como a Cobra muda de Pele: “Quando o coletivo compartilhar essa compreensão (internet – redes sociais), nos moveremos para além do limiar da história. A humanidade se unirá como uma tribo global, assegurando a todos os seus membros direitos e status iguais na comunidade planetária”.   

 

Enquanto a presidente Dilma e os seus ministros estão preocupados em criar novos fatos, novas situações que possam contrapor a essa fúria das manifestações, pessoalmente eu prefiro mergulhar na própria história da humanidade – que está continuamente mudando devido aos nossos pensamentos e ações e de lá extrair algo de bom e duradouro que possa contrapor todo e qualquer ação terrorista e golpista que possa se insurgir em momentos como estes.

 

Continua Daniel: “Parece que, provavelmente, tal mudança profunda na psique coletiva pode apenas ocorrer como resposta a uma série de eventos traumáticos, muito semelhantes às contrações e convulsões que acompanham o nascimento”, descreve o filósofo.

 

Ainda segundo Daniel, a descrição mais abrangente que encontrou de como esse processo pode se desenrolar nos próximos anos encontra-se no excelente livro de Christopher Bache, “Noite escura, madrugada precoce”, uma extensão da obra teórica de Stanislav Grof sobre estados incomuns de consciência. Em uma série de visões que Bache teve durante sessões de terapia com LSD, ele previu um derretimento drástico da sociedade devido ao cataclismo ambiental e, depois, uma recristalização em uma cultura planetária.

 

“Os eventos que tomaram conta da Terra foram de tal extensão, que ninguém conseguia se isolar deles”, escreveu Bach. “O nível de alarme cresceu no campo da espécie até que, finalmente, todos foram forçados ao processo de adaptação para mera sobrevivência.” Novas estruturas sociais colaborativas e novos modelos familiares expansivos foram desenvolvidos em resposta ao perigo.

 

“Foi como a ecocrise tivesse conexões mielinizadas na mente da espécie, permitindo que níveis novos e mais profundos de autoconsciência passassem a existir”. Ele conta uma compreensão extraordinária de eventos: “O passo do passado era irrelevante para o passo do futuro. As novas formas que estavam emergindo não eram flutuações temporárias, mas estruturas psicológicas e sociais permanentes, que marcavam o próximo passo evolutivo em nossa longa jornada para a consciência autoativada”.

 

Eu me pergunto: Quem tem assistido a TV Senado nos últimos dias, onde pelo visto, não existem mais partidos – e sim, um só instinto sobre humano de sobrevivência – consegue ver alguma relação identifica e insofismável com o texto acima? Pura coincidência, ou algo a mais que estava e está a caminho?

 

Não se assustem se amanhã, mais de 90% dos nossos congressistas jogarem a toalha e renunciar aos seus mandatos ou não concorrendo mais a uma nova eleição – e muitos deles se mudarem para lugares bem mais altos, ventilados e arejados – deixando de lado a pompa e a robustez e se dedicando a plantar alimentos e se dedicar a atividades básicas que a nossa sociedade em tempos atuais já esqueceu...

 

Isso pode acontecer tanto lá, como cá – em todo e qualquer lugar. Por aqui por exemplo, temos notícias que depois das primeiras notícias de nepotismo explícitos envolvendo Legislativo e Executivo, tem gente que já se debruçou em cima da declaração que ele mesmo assinou quando assumiu e ao ler: “Prometo cumprir dignamente a Constituição da República Federal do Brasil, a Constituição do Estado do Paraná e a Lei Orgânica do Município, observar as Leis, desempenhar, com lealdade, o mandato que me foi confiado, e trabalhar pelo progresso do município de São Miguel do Iguaçu, pelo fortalecimento da Democracia e o Bem Estar da População”, ele chorou, pensou em renunciar e momentâneamente voltou a ter a depressão pela qual esteve afastado e recebendo auxílio doença por mais de dois anos.

 

Outro, com mais poder de caneta na mão, ao reler o que assinou no termo de Tomada de Posse, não chegou a chorar – mas com um sorriso apagado e desmotivado no rosto, confidenciou aos seus assessores mais próximo: “Estou preocupado não só com o caso da “Jabulane” que já desaguou nas redes sociais, mais também com uma série de outros jabulanescos que estão soltos por aí. Preciso começar já a investir no meu futuro particular e construir “estruturas materiais  permanentes” antes que a população também acorde por aqui e resolvam nos visitar...

 

João Maria Teixeira da Silva.   

 
 

 

 

 
 
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