Distância percorrida pelos protótipos chegou a 401.343 quilômetros no final do primeiro semestre. Menos poluente, nova tecnologia é também mais econômica e muito mais eficiente.
Em apenas sete anos, os veículos elétricos que compõem a frota de Itaipu Binacional rodaram 401.343 quilômetros, o suficiente para percorrer dez vezes a circunferência da Terra pela linha do Equador. O levantamento foi feito pela equipe da Assessoria de Mobilidade Elétrica Sustentável (AM.GB), responsável pelo Programa Veículo Elétrico (VE), desenvolvido por Itaipu e parceiros.
Para a pesquisa, foram coletados os dados de quilometragem de todos os protótipos da família de elétricos que rodam exclusivamente em Itaipu e na cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná, desde maio de 2006 até o dia 30 de junho de 2013. São 24 Palios Weekend, um compacto Panda, um caminhão, um micro-ônibus e o utilitário Marruá – todos com tração 100% elétrica.
As informações foram reunidas em uma planilha, que indicou a distância total percorrida pelos protótipos desde que o Projeto VE foi implantado por Itaipu e a empresa suíça KWO, em 2006. Em seguida, os técnicos de Itaipu compararam o resultado com os dados da União de Geodésia e Geofísica Internacional (UGGI), que indica que a circunferência da Terra mede 40.075,16 quilômetros.
A diretora financeira executiva de Itaipu, Margaret Groff, que é a coordenadora do comitê gestor do Programa VE, disse que a marca alcançada pelos protótipos de Itaipu reforça a estratégia da empresa de investir constantemente em inovação, buscando o desenvolvimento do Brasil e do Paraguai.
Segundo ela, por se tratar de uma tecnologia em ascensão, com forte potencial de crescimento no mercado global, o veículo elétrico representa hoje uma grande oportunidade de negócios para todos os países. “Em igualdade de condições, você tem a possibilidade de sair na frente. E esse é o nosso desafio: desenvolver uma indústria nacional capaz de construir veículos elétricos com qualidade e em larga escala”, afirmou.
A mesma avaliação tem o coordenador brasileiro do Programa VE, engenheiro Celso Novais. Ele comenta que o mundo assiste hoje ao nascimento de uma nova indústria automotiva. Por isso, as ações tomadas agora vão refletir na forma como cada país vai se posicionar no mercado global – como produtores ou como exportadores das novas tecnologias.
“Os veículos elétricos de Itaipu são uma iniciativa para motivar a nossa saída da condição de expectadores, que é o que somos hoje, para nos tornamos protagonistas dessa nova indústria automobilística que está nascendo”, disse. Ele destaca que as matrizes das grandes montadoras já investem pesado no desenvolvimento de veículos elétricos. “A nossa hora é agora”, completou.
Benefícios em série
Os resultados da pesquisa com os protótipos de Itaipu reforçam os benefícios já conhecidos da tração elétrica. Além de não poluir o meio ambiente com a emissão de gases poluentes (CO2), problema especialmente grave nas grandes cidades, a nova tecnologia propicia um deslocamento mais barato e muito mais eficiente na comparação com o motor a combustão.
Para se ter uma ideia, para rodar os mesmos 401.343 quilômetros em um carro a gasolina, seriam gastos hoje R$ 118,7 mil com combustíveis; ou R$ 104,6 mil, no caso de veículos abastecidos com etanol. Já o gasto com energia elétrica para carregar a bateria dos veículos elétricos, levando em conta a taxa residencial da Copel, seria de R$ 30,5 mil – portanto, uma economia de até 74,5%.
Mas é o aspecto ambiental que mais chama a atenção. Dados do Programa Nacional de Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural (Conpet) indicam que, para percorrer dez vezes a circunferência da Terra, o volume de emissões de CO2 chegaria a 51,77 toneladas. Para compensar essa emissão, seria necessário o plantio de 295 árvores.
No caso do veículo elétrico, o volume de CO2 estimado para o trajeto seria de apenas 5,29 toneladas – ou 31 árvores de compensação. O cálculo considera as emissões que ocorrem na fase de produção da energia que serve para carregar as baterias – já que, ao rodar, o veículo elétrico não polui o ambiente.
Os mais rodados
De todos os protótipos de Itaipu, o mais rodado é também o mais antigo da frota: o Fiat modelo Panda, que chegou à usina em 2006, zero quilômetro. O compacto já acumula mais de 50 mil quilômetros rodados.
Já o Palio Weekend que cortou 15 países em uma viagem de 20 mil quilômetros, em 2011, no projeto Zero-Emission – An Expedition across Americas, retornou a Itaipu e já atingiu a marca de 34,5 mil quilômetros.
O levantamento não incluiu outros 20 protótipos que foram desenvolvidos em Itaipu e hoje integram a frota de empresas parceiras do Programa VE – incluindo dois Palios Weekend que hoje são usados em patrimônios da humanidade: um está em uso pela administração do arquipélago de Fernando de Noronha e outro pelo Instituto Chico Mendes (ICMbio), no Parque Nacional de Iguaçu, em Foz do Iguaçu.
A Itaipu
A Itaipu Binacional é a maior usina de geração de energia limpa e renovável do planeta e foi responsável, em 2012, pelo abastecimento de 17,3% de toda a energia consumida pelo Brasil e de 72,5% do Paraguai. Em 2012, superou o próprio recorde mundial de produção e estabeleceu a marca de 98.287.128 megawatts-hora (98,2 milhões de MWh). Desde 2003, Itaipu tem como missão empresarial “gerar energia elétrica de qualidade, com responsabilidade social e ambiental, impulsionando o desenvolvimento econômico, turístico e tecnológico, sustentável, no Brasil e no Paraguai”. A empresa tem ainda como visão de futuro chegar a 2020 como “a geradora de energia limpa e renovável com o melhor desempenho operativo e as melhores práticas de sustentabilidade do mundo, impulsionando o desenvolvimento sustentável e a integração regional”.