O anúncio será feito feito no próximo dia 1º de agosto, em São Paulo. Ranking reúne melhores práticas do País.
A Itaipu está novamente entre as 30 melhores práticas socioambientais do País selecionadas pelo Ranking Benchmarking. Desta vez, a empresa foi indicada pelo programa Sustentabilidade de Comunidades Indígenas, uma iniciativa do Cultivando Água Boa que envolve mais de 2 mil parceiros na região da Bacia do Paraná 3 (BP3). A classificação obtida pela Itaipu no ranking só será conhecida no dia da premiação. O anúncio será feito feito numa solenidade, no dia 1º de agosto, em São Paulo.
A Itaipu concorre na categoria Políticas e Ferramentas de Gestão, na temática Cultura Indígena, com o case “Sustentabilidade Avá-Guarani”. O programa da binacional abrange três comunidades (Ocoy, no município de São Miguel do Iguaçu, e Añete e Itamarã, em Diamante D'Oeste), que somam 273 famílias (cerca de 1.400 indígenas).
Foto: Adenézio Zanella/Itaipu Binacional - Semana Cultural Indígena no Itamarã
A Itaipu já foi vencedora em três edições do Benchmarking e, em outra, ficou com a terceira colocação. Levou o primeiro lugar em 2007, com o case “Cultivando Água Boa na Bacia Hidrográfica do Rio Paraná 3”; em 2011, com “Gestão para a sustentabilidade no espaço rural”; e em 2012, com “Gestão por Bacia Hidrográfica”. Em 2009, com “Programa de Educação Ambiental para a Sustentabilidade”, ficou em terceiro lugar.
O case Programa Cultivando Água Boa (CAB) também foi considerado o grande vencedor do Ranking Benchmarking Legítimos da Sustentabilidade – Os Melhores da Década, entregue em 2012, pela Mais Projetos Corporativos e pelo Instituto Mais, referências no Brasil em gestão sustentável.
Foto: Adenézio Zanella/Itaipu Binacional - Despesca do Pacu - Avá Guarani
As ações do programa Sustentabilidade de Comunidades Indígenas incluem melhoria da infraestrutura, produção agropecuária, fortalecimento da diversidade cultural, estímulo à formação de parcerias e segurança alimentar e nutricional. Todas as decisões são tomadas por um comitê gestor formado por lideranças indígenas, representantes da Itaipu e de instituições parceiras, como a Funai , prefeituras municipais, Ministério Público, governo do Paraná, Emater, Ibama e IAP.
Em dez anos de execução, o programa conta com resultados expressivos, como a construção de mais de cem moradias, casas de reza e centros de artesanato, postos de saúde e escolas, cascalhamento das estradas de acesso e vias internas, e implantação de rede de esgoto e rede elétrica.
Paralelamente, o sistema de produção agropecuária nessas comunidades foi estruturado com ações de conservação de solo em aproximadamente 200 hectares, além da doação de sementes, cabeças de gado (de corte e de leite), e tanques-rede para a produção de peixes. A partir dessas ações, a safra anual de mandioca, alimento tradicional na cultura guarani, chega a cerca de 150 toneladas nas três comunidades.
“Grande parte das necessidades alimentares das comunidades acaba sendo suprida com produção própria”, explica o superintendente de Meio Ambiente da Itaipu, Jair Kotz. Como resultado, a desnutrição infantil foi eliminada.
O cacique Daniel, líder da comunidade do Ocoy, atesta os ganhos em qualidade de vida graças ao programa. Segundo ele, hoje, 40% dos alimentos que as 150 famílias do Ocoy consomem são produzidos pela própria comunidade. E esse percentual deve aumentar ainda mais. A meta é chegar em 80% num curto espaço de tempo.
“Um dos nossos principais objetivos é fortalecer a agricultura familiar indígena e a produção de peixes, para que essas comunidades não dependam do comércio de fora”, exemplificou Daniel, lembrando que a produção pesqueira do Ocoy (pacus criados em tanques-rede doados pela Itaipu) chega a 5 toneladas/ano.
Outro aspecto importante do programa é o estímulo à preservação da cultura e do modo de ser guarani. Todo ano, próximo ao dia 19 de abril (Dia do Índio), cada comunidade celebra a Semana da Cultura Avá-Guarani, com mostras de danças, artesanato e plantas medicinais, entre outros temas. Em 2009, com o apoio da Itaipu, foi gravado o DVD Tradição Avá-Guarani, um documentário sobre o dia a dia dessas comunidades e o trabalho dos grupos de corais indígenas.
Para Daniel, muito do que foi preservado da cultura indígena se deve à persistência da comunidade guarani, a maior população de índios da América do Sul. Na região das três fronteiras (Brasil, Paraguai e Argentina), está concentrada a maior população dessa comunidade. Segundo Daniel, a comunidade do Ocoy é hoje uma referência pela qualidade de vida que conquistou. “Estamos mais organizados que os nossos irmãos dos países vizinhos.
O professor de História Antônio Prodózzimo, de Diamante D'Oeste, estuda a trajetória dos guarani no Oeste e também a formação das aldeias assistidas por Itaipu. Ele afirma que as comunidades vêm conquistando uma situação cada vez mais sustentável, não só pelas ações voltadas à infraestrutura e produção de alimentos, mas principalmente pelos investimentos na educação.
“O ensino nas escolas é bilíngue (Português e Guarani) e oferece aos índios a oportunidade de resgatar cada vez mais a sua história, sementes rústicas e plantas medicinais, espiritualidade e modo de ser guarani. E esse é um fator que permitindo às famílias viver em harmonia”, garante.
História
As ações da Itaipu voltadas à população indígena começaram mesmo antes da formação do reservatório da usina, com um levantamento antropológico promovido em 1980. Na época, 19 famílias Avá-Guarani viviam em uma área de apenas 19 hectares, às margens do Rio Paraná, próximo à foz do Rio Ocoy, a 30 quilômetros de Foz do Iguaçu.
Eles foram transferidos para uma área próxima, de 250 hectares, que se tornou a reserva indígena do Ocoy. Como a migração é algo que faz parte do modo de vida avá-guarani, as boas condições da comunidade atraíram muitas famílias, principalmente do Paraguai. Em função do crescimento populacional, em 1997, a Itaipu adquiriu 1.700 hectares para a formação da reserva do Añetete e, em 2007, outros 250 hectares para a criação da Itamarã, ambas em Diamante d'Oeste.
O prêmio Benchmarking
Para se tornar uma empresa ou gestor Benchmarking é necessário submeter os modelos gerenciais em sustentabilidade a uma comissão técnica multidisciplinar, composta por especialistas de diversos países, que avaliam as práticas inscritas sem ter acesso ao nome da organização.
Cases com as melhores pontuação, acima do índice técnico 7.1, são considerados Benchmarking e passam a integrar o maior banco digital de práticas de sustentabilidade de livre acesso do país. Também são publicados no Livro BenchMais, uma série quadrienal com os resumos das práticas organizadas por edições e categorias gerenciais.