É a primeira vez que um projeto voltado a indígenas recebeu o prêmio, considerado uma fotografia da gestão sustentável brasileira
O programa Sustentabilidade de Comunidades Indígenas, uma iniciativa da Itaipu e diversos parceiros, recebeu, nesta quinta-feira (1º), em São Paulo (SP), o segundo lugar geral no Ranking Benchmarking 2013. É a primeira vez que um projeto voltado a indígenas recebeu o prêmio.
Para a idealizadora do prêmio Benchmarking Brasil e presidente do Instituto Mais, Marilene Lino de Almeida Lavorato, o evento é uma “fotografia da gestão sustentável brasileira”.
“A massa crítica da sustentabilidade brasileira está aqui. Há empresas que estão todo o ano no ranking do prêmio e só de estar entre os cinco primeiros colocados significa ter a sustentabilidade no DNA corporativo”, analisa Marilene.
Este ano, a Itaipu disputou com 150 empresas e 279 práticas julgadas por 15 especialistas de oito países, que não têm acesso à identidade dos proponentes dos cases. O primeiro lugar geral deste ano ficou com o Consorcio de Alumínio do Maranhão (Alumar).
Para a Itaipu, foi um reconhecimento ao trabalho de sustentabilidade desenvolvido com as três comunidades Avá Guarani do Oeste paranaense que, juntas, somam 275 famílias e 1.280 índios: Tekoha Ocoy, Tekoha Añetete e Tekoha Itamarã. Esse trabalho faz parte do programa Cultivando Água Boa, que congrega diversas iniciativas socioambientais na região.
“Quando da formação do reservatório da Itaipu, havia apenas uma comunidade indígenade 11 famílias às margens do Rio Paraná e que, por orientação da Funai, foi reassentada em um local próximo, um braço do reservatório. Hoje, nós estamos falando em três comunidades de 275 famílias, face ao crescimento vegetativo e o processo migratório entre Brasil, Argentina e Paraguai, uma vez que, para os Guaranis, sua nação extrapola as fronteiras”, ressalta o superintendente de Meio Ambiente da Itaipu, Jair kotz.
O lado positivo da questão indígena é um assunto ainda pouco presente na agenda nacional e na vida do País, avalia Marlene Curtis, gestora do programa, ao salientar que “o trabalho de Itaipu é inédito entre empresas brasileiras”. “Um dos diferenciais está no Comitê Gestor Avá Guarani, com participação da Itaipu, lideranças indígenas e demais parceiros. O comitê planeja, prioriza atividades e avalia os resultados”, afirma.
Segundo Marlene, nesse período de atuação do projeto, a cultura indígena foi cada vez mais fortalecida. “Em 2009 os índios puderam gravar um DVD com seus cantos, danças e rezas e já comercializam esse material e fazem apresentações. O trabalho feito com artesanato e o excedente da produção agrícola são vendidos. Ou seja, isso tudo gera renda, fortalece a cultura e o modo de ser Guarani”, observa.
Para o cacique João Alves, a presença de Itaipu e parceiros foi determinante para manutenção da cultura de sua aldeia. “Desde 1997 Itaipu atua em minha aldeia ajudando a desenvolver a sustentabilidade. Antes, a gente passava muita dificuldade. Hoje, somos 320 pessoas e 70 famílias vivendo da agricultura familiar e da pesca. Negociamos o excedente da produção para gerar renda para nossa comunidade.”
Segundo João Bernardes, representante da Itaipu junto às comunidades, a infraestrutura e a produção agropecuária são fundamentais para a sustentabilidade das comunidades. “Nesse período fizemos a readequação de estradas, construção de casas de rezas, centro de nutrição e artesanato, recuperação de mata ciliares, diversificação de culturas agropecuárias coletivas e familiares e resgate de sementes tradicionais, além do inovador trabalho de produção de peixes em tanques-rede” comenta.
“Nosso principal problema era o da infraestrutura e a Itaipu ofertou ajuda como readequação de estradas, agricultura, artesanato e cultura, com casa de reza”, destaca o cacique Daniel Maraca Lopes
Aprendizado mútuo
Para o diretor de Coordenação da Itaipu, Nelton Friedrich, o prêmio reconhece e legitima um trabalho baseado no respeito e no aprendizado mútuo entre culturas e saberes diversos. “Isso demonstra que é possível estabelecer uma convivência harmoniosa, tão necessária, para a verdadeira sustentabilidade planetária.”
Outras conquistas
A Itaipu já foi vencedora em três edições do Benchmarking e, em outra, ficou com a terceira colocação. Levou o primeiro lugar em 2007, com o case “Cultivando Água Boa na Bacia Hidrográfica do Rio Paraná 3”; em 2011, com “Gestão para a sustentabilidade no espaço rural”; e em 2012, com “Gestão por Bacia Hidrográfica”. Em 2009, com “Programa de Educação Ambiental para a Sustentabilidade”, ficou em terceiro lugar.
O case Programa Cultivando Água Boa (CAB) também foi considerado o grande vencedor do Ranking Benchmarking Legítimos da Sustentabilidade – Os Melhores da Década, entregue em 2012, pela Mais Projetos Corporativos e pelo Instituto Mais, referências no Brasil em gestão sustentável.