Fonte: Tribuna da Imprensa - Flávio José Bortolotto – É bom que se denuncie publicamente o que achar errado na administração da Petrobras e de qualquer estatal. Quanto mais fiscalização, melhor. Mas tem que denunciar com competência.
1 – Produção e auto-suficiência
O comentarista Daniel Paixão alega que nos últimos 7 anos a Petrobras teve um déficit na venda/compra de petróleo de R$ 57 bilhões, para concluir que a Petrobras está “crescendo que nem rabo de cavalo – para baixo”.
É verdade que não se atingiu a auto-suficiência, faltando cerca de 5% de produção. Mas nesses 7 anos a demanda cresceu mais de 7% ao ano e o Açúcar/Álcool subiram muito no mercado internacional sendo vantajoso para a indústria sucro-alcooleira exportá-los, criando um déficit de combustíveis.
A produção da Petrobras nesses últimos 7 anos passou de 1,4 milhão de barris/dia para os atuais 2,3 milhões de barris/dia. Eu queria que minha micro-empresa tivesse crescido assim.
2 – O caso das plataformas
Pequenas variações por paradas de plataformas para manutenção, não devem ser levadas em conta. E foi uma grande decisão do governo Lula/José Alencar a construção de plataformas, navios sondas, embarcações auxiliares, rebocadores, equipamentos submarinos, bombas, tubulações, válvulas etc. etc., no Brasil e com mínimo de 65% de índice de nacionalidade, para alavancar a indústria nacional.
Depois, justamente para acelerar a produção e atingir a auto-suficiência, o que reduz o déficit da conta-corrente do Brasil, se alugam algumas plataformas e navios sondas etc., e isso é criticado também.
Sem dúvida, numa atividade tão gigantesca e complexa como “pioneiramente produzir petróleo em águas profundas”, se cometeram e se cometerão erros, mas as medidas tomadas pela Petrobras e criticadas pelo comentarista, a meu vê, nada têm de errado.
3 – Erros pontuais da Petrobras
É verdade que nesses 10 anos de governo do PT se cometeram erros pontuais como os indicados por Daniel Paixão. A compra da refinaria de Pasadena, no Texas, e a construção da Refinaria Abreu e Lima, em Recife, estão em análise e os responsáveis respondendo perante o Conselho Fiscal da Petrobras e também judicialmente.
O que o Sr. Daniel Paixão não diz é que a Petrobras e a indústria brasileira do petróleo como um todo passaram de 3,5% do PIB em janeiro de 2003 para os atuais 1% do PIB em 2013. É lógico que aumentaram o capital, a dívida, os investimentos, a produção, tudo, mas o comentarista se fixa só na dívida.
Devido à demanda ter crescido muito e o grosso dos investimentos serem dirigidos para o Pré-Sal, com retorno em 10 ou 12 anos, é lógico que neste período a Petrobras estará apertada, apertadíssima, como qualquer companhia que atua em ciclo de longa duração como é o de petróleo, durante a fase de investimentos, e ainda pioneiramente em águas profundas.
4 – Política do governo é acertada
No fundo há uma luta surda entre a política do governo, que mesmo com erros e imprevistos optou por defender a indústria nacional do petróleo, e a alternativa de entregar o controle de tudo para o capital internacional via suas multinacionais do petróleo/gás.
Mas acontece que precisamos fortalecer a industrialização, que é chave para o aumento do padrão de vida do povo. O Haiti, por exemplo, tem gasolina na bomba mais barata do que nós.
Nessa polêmica, vemos como é importante uma Imprensa livre, para que tudo ande bem.