Depois dos outdoors dizendo que economizaram R$ 2.000.000,00 na área de saúde, não estranhe se aparecer outros dizendo: “Estamos comprando credibilidade e vendendo facilidades”.
Em recente artigo publicado no Jornal O Tempo de Belo Horizonte, com o sugestivo título “Obreviário franciscano do Papa renova a política”, o renomado jornalista Gaudêncio Torquato, nos lembra uma história antiga contada por um padre que certo dia teve que viajar 28 Km a cavalo para dar extrema-unção a um doente.
Ao chegar à residência onde o enfermo se encontrava, cansado logo perguntou: “Minha senhora, por que vocês não fizeram uma casa mais perto da cidade?”. Ouviu a ácida resposta: “Padre, e por que não fizeram a cidade mais perto da gente?” Continua o jornalista: “Essa historinha serve para explicar o distanciamento de fiéis da Igreja Católica e a sua perda para outros credos...” “A lição cai como luva para explicar também a perda de credibilidade dos políticos”.
Eu diria mais: transportando essa história para a nossa cidade – serve para explicar a perda de credibilidade desses que insistem em viver num mundo distante da realidade, brincando com a dignidade das pessoas e acreditando na passividade e cumplicidade dos demais que foram eleitos para legislar e fiscalizar em nome da sociedade como um todo.
E porque digo isto? É um fato incontestável – esse descolamento entre a esfera política e a sociedade, esse rompimento unilateral por aqui ocorreu de forma abrupta e intempestiva já no dia primeiro de janeiro de 2013. Por aqui, esse desgoverno que se intitula Governo Novo com a Força do Povo, fez questão de deixar claro que o mandato não pertence ao povo, mas sim, a eles que foram eleitos – e que não devem satisfação nenhuma a quem os elegeu.
Em seu artigo o jornalista pergunta: E qual o motivo para tal afastamento? “A resposta contempla a mudança do conceito de política, de missão para profissão”, pergunta e responde. E continua, como se estive escrevendo e visualizando o que aconteceu em nossa cidade no dia primeiro de janeiro de 2013, quando se iniciou toda essa palhaçada – quando ocorreu o rompimento de forma unilateral com o Hospital Mãe de Deus e na sequência a retaliação contra uma Instituição de Ensino Superior – tendo em vista as ações que o Presidente do Conselho Municipal de Saúde, legitimamente ingressou na Justiça.
“Há muito deixamos de enxergar na representação política o conjunto que deveria agir em defesa de uma sociedade harmônica e fraterna, banhada nas águas da solidariedade. Os conjuntos legislativos são vistos como braços políticos do ciclo produção-consumo”, ensina Torquato. Ou seja: Nada de fiscalizar, legislar, e sim, acertar o meu, enquadrar o seu – fazer caixa e se perpetuar no poder, nem que para isso tenha que sacrificar setores essenciais para o desenvolvimento humano como a Saúde e a Educação, como se fez por aqui.
E porque digo isto? Em primeiro lugar, é claro, como cita o jornalista, “não deixa de ser uma sábia contribuição para oxigenar a política”. Vejam vocês que as atitudes destrambelhadas que esse novo governo tomou já no primeiro dia, de lá para cá, vem originando reflexos diretos no progresso e no desenvolvimento de nossa cidade – na geração de emprego e renda, na melhoria da qualidade de vida das pessoas que mais necessitam – das pessoas que vivem do suor do seu próprio trabalho para sustentar a si e aos seus familiares.
E porque digo isto? Sobre o argumento de que o hospital Mãe de Deus não tinha Alvará, ele arrancou de lá o Pronto Atendimento que estava funcionando com instalações de primeiro mundo e improvisou o atendimento da população onde funcionava o Posto de Saúde Central, sem ao menos dialogar, negociar ou levar em conta o bem estar da população. Ele disse que não existia o Alvará parcial de funcionamento – mas no dia 17 de maio de 2013, emitiu um decreto cassando o alvará do Hospital.
E pasmem senhores... Sabedores de que consultas já estão sendo agendas e de que é prestado serviço de Raio-X no local - dando clara demonstração de que não querem que aquilo lá funcione e atenda a população e de que o objetivo é querer quebrar o empresário ao meio e fazer com que o mesmo desista do seu empreendimento – a cerca de duas semanas o Hospital recebeu uma notificação da Secretária de Saúde, dando um prazo de trinta dias para apresentarem o Alvará que eles mesmos cassaram.
E por que fazem isto? É o que a população quer saber – pode ter sido por soberba, despreparo, arrogância, ignorância, ou tudo isto junto que se transformou numa vontade imensa de somar, multiplicar, aumentar, mostrar força e poder – e jamais semear, plantar, adubar, regar, disseminar o espírito de solidariedade como tantas vezes pregou o papa Francisco em sua recente visita.
E porque o legislativo é visto como braço político do ciclo produção-consumo do Executivo? Talvez a reposta esteja embutida no tópico acima – mas, os desdobramentos seguintes demonstram que o Legislativo, através da sua presidência, ficou refém do Executivo. Seja por ignorância, malandragem ou qualquer que seja o adjetivo, o fato é que através do servilismo, também denominado de Nepotismo cruzado, o Executivo amputou os braços do Legislativo, abrindo caminho para o desgoverno e o desrespeito as Instituições.
Como assim? É fácil entender. Atendendo uma solicitação sua, o Chefe do Executivo, nomeou como Chefe da Divisão de Patrimônio a esposa do presidente do Legislativo (CC-7 – Decreto nº 31/2013). Mesmo sendo amigos de longa data, esse é um fato que jamais poderia ter acontecido, pois o ato em si, revela não só falta de respeito pela própria Legislação em vigor, como também com a sua própria consciência que fica presa a um ato salarial, a um ato monetário que visa aumentar os seus próprios rendimentos, a sua conta bancária.
É por essas e outras que essa turma de “marcianos” vindos de fora está deitando e rolando – dando-se ao luxo de exigir, inclusive, a criação de novas Secretarias para adornar e adocicar o coraçãozinho dos seus apaziguados. Ou seja, aumentando as despesas com novas Secretarias, mesmo tendo que suprimir, inclusive, o pagamento das horas extras efetuadas por vigilantes e Cia., que são os que menos ganham...
É por essas e outras que não é de se estranhar que logo estarão batendo as portas do Governo do Estado não para reivindicar obras e melhoria para a população, mas para pedir em “espécie” valores (dindim) para completar até mesmo a folha de pagamento.
É por essas e outras que o Chefe do Executivo se dá ao luxo de decretar uma portaria reivindicando diárias (24, 25 e 26 de julho) para custear viagem a Curitiba – e se durante este período se dar ao luxo de participar inclusive de eventos sociais, como a festa de Santa Rosa do Ocoy, no dia 25 de julho.
Alguém poderia dizer: a viagem foi cancelada. Tudo bem, pode até ter sido, mas custava publicar outra portaria no próprio Diário Oficial dizendo que as diárias tais foram canceladas? O que é isto? Certeza de impunidade? Sem falso juízo, pois cada um entende como quiser – só estou escrevendo sobre esse assunto, por que recebi diversas ligações dizendo que alguém teria colocado no Diário Oficial uma varinha de pescar – esperando um peixe gordo fisgar.
É por essas e outras que se contratou uma empresa de fora para fazer o Transporte Escolar – onde com o argumento de que estava colocando em prática uma Lei Estadual, sem licitação, direcionado o valor do Km rodado saltou de R$ 2,20 para R$ 3,49... Só neste ato, dá para mensurar de quanto foi o rombo para o município só neste quesito?
É por essas e outras que na área de saúde (...) – vai ficar para a próxima – já está muito longo...
João Maria Teixeira da Silva...