A Expedição São Francisco Verdadeiro chegou, nesta terça-feira (5), ao terceiro dia de jornada acompanhando o leito do rio homônimo. A cidade de Ouro Verde do Oeste foi o ponto de parada dos 50 jovens expedicionários engajados na educação ambiental. Eles foram recebidos pelo prefeito, Aldacir Pavan. Em cada ponto da viagem, entre teoria e prática, eles aprendem a preservar a natureza e divulgam tudo o que produzem pelo site www.caminhocab.com. O diretor-geral brasileiro, Jorge Samek, acompanhou o grupo. A expedição termina no sábado (9).
No Colégio Estadual Ouro Verde os jovens participaram de oficinas, nas quais preservação ambiental, educomunicação e sustentabilidade são aliadas ao teatro, dança e esportes, tudo sob coordenação do Centro da Juventude de Cascavel.
Ao fim do dia, após o descanso no Recanto Nossa Senhora Aparecida, foi celebrado o Pacto das Águas no distrito de São Sebastião, pertencente à cidade de Ouro Verde.
No pátio de eventos, os moradores compareceram em peso. O pacto serviu também para prestar contas de tudo o que havia recebido melhorias na região desde 2005, ano em que iniciaram a cooperação com o Programa Cultivando Água Boa, da Itaipu e parceiros.
Antes da assinatura pelos presentes, alguns dos expedicionários apresentaram frutos de suas experiências até então – uma encenação, que tinha por objetivo incentivar os munícipes a seguirem com o bom trabalho, uma apresentação de street dance e a exibição de um filme sobre o Caminho de São Francisco.
“A comunidade está dando uma boa resposta ao meio ambiente, ao reverter ações danosas”, disse Samek. “Os moradores mostram que essa caminhada de uma década do Cultivando Água Boa vale a pena.” Para o superintendente de Meio Ambiente de Itaipu e coordenador da expedição, Jair Kotz, o mérito é da comunidade, que segue as ações de conservação.
O pacto, que celebra o ingresso do distrito de São Sebastião ao Cultivando Água Boa, foi também a oportunidade para lembrar algumas das conquistas do programa em Ouro Verde do Oeste, como a readequação de estradas, a construção de onze abastecedores e a compra de nove distribuidores de dejetos. Foram conquistas que possibilitaram o retorno de alguns animais da fauna local e a obtenção de uma nova fonte de renda: o turismo sustentável.
Acampamento paradisíaco
Ao descerem do ônibus no Recanto Nossa Senhora Aparecida, ouvidos mais atentos já notavam que o São Francisco passava por ali. Um alívio para quem reclamava do calor sem trégua: próximo ao alojamento havia uma queda d'água, que, além de dar alento aos olhos, é aberta para banho.
Vera Lúcia Bock, de Toledo, se apaixonou pelo lugar. Tanto que acabou ficando. Para morar. A dona do Recanto, que responde também pela conservação do local, contava os dias para se aposentar e, em sequência, mudou-se de vez para perto do espetáculo das águas. “Era muito ruim quando só conseguia vir para cá nos finais de semana”, disse. “Assim que terminei meu tempo de serviço, deixei a cidade e não me arrependo.”
Novos olhares
De tão franzino, parece que a câmera o leva. Mas com seus 15 anos de idade, Ednei da Silva sabe manuseá-la como gente grande. Destemido, vai de um lado a outro em busca da melhor imagem.
Ele é um dos alunos do programa de extensão do Centro da Juventude de Cascavel, que recebe aulas de educomunicação da faculdade Univel. Sob a tutela da professora Letícia Garcia, futuros jornalistas ajudam profissionais em potencial a descobrirem seus talentos.
Essa turma veio equipada: câmeras fotográficas e de vídeo, um bom sistema de som e adolescentes ávidos por registrarem o que veem. A identificação de Ednei com a profissão é tamanha que ele não larga o equipamento por nada. “Me apaixonei pelo jornalismo”, confessou. “Não me vejo fazendo outra coisa”.