Análise é de Eduardo Schwarz, da Área Técnica de Saúde do Homem, e de outros especialistas participantes do Seminário Internacional de Saúde
O combate à mortalidade do homem, cuja expectativa de vida no Brasil é sete anos inferior à da mulher, depende de mudanças culturais efetivas. Essa foi a mensagem principal das palestras da manhã do 1º Seminário Internacional de Saúde do Homem na Tríplice Fronteira, que ocorre nesta quarta (20) e quinta-feira (21), no Parque Tecnológico Itaipu.
O evento é organizado pelo Grupo de Trabalho (GT) Itaipu-Saúde, com a presença de mais de uma centena de profissionais da área. O seminário termina às 16h de quinta.
Encarados por grande parte da sociedade como o “sexo forte”, os homens acabam sofrendo na própria pele os efeitos dessa cobrança, que reforça a falta de prevenção às doenças e o estilo de vida mais propenso a elas.
Segundo Eduardo Schwarz, coordenador da Área Técnica de Saúde do Homem do Ministério da Saúde, os aspectos socioculturais ajudam a colocá-los à frente nas mulheres nas estatísticas de mortalidade. A situação é ainda mais grave na faixa etária de 20 a 39 anos. Eles lideram o número de mortes na proporção de 4 para 1, em relação às mulheres. Fatores sociais determinam comportamentos de riscos, como dirigir em alta velocidade.
“Todos os preconceitos ajudam a manter os homens nessa situação”, disse o coordenador. E completou: “Não adianta falar de saúde da família se eles não estiverem engajados. É preciso que os homens desenvolvam qualidades femininas, relacionadas ao cuidado, para que vivam mais e melhor”, afirmou.
Para sensibilizar sobre esta questão, Schwarz exibiu um vídeo da ONG Men-Care (http://vimeo.com/63253556) como exemplo aos participantes do seminário. Nele, um pai do Sri Lanka assumiu a responsabilidade de criação dos dois filhos pequenos e enfrentou o machismo da comunidade.
“Ao fortalecer o vínculo familiar e o laço com a paternidade, o homem vê melhor sua importância nesse universo e passa a dar valor à própria vida”, afirmou a gestora do GT Itaipu-Saúde, Luciana Sartori.
“A importância de se discutir esse tema com profissionais da saúde é mostrar que eles podem atuar não apenas no oferecimento de serviços de saúde para o homem, mas na mudança de cultura vigente, que os estabelece como seres que não podem ser frágeis”, disse Harol Robison, representante do Fundo de População das Nações Unidas para o Brasil e Diretor na Argentina e Paraguai.
Números
No País, há 93,4 milhões de homens e 97,3 milhões de mulheres. No Paraná, a expectativa de vida também é desigual: para eles é de 72,2 anos, diante de 78 anos para as mulheres.
O estado também tem um número alarmante. Aqui, 83% dos óbitos entre homens de 20 a 29 anos são provocados por causas externas: acidentes e agressões/homicídios. Os dados são de 2010.
Em geral, eles também são mais obesos, têm mais enfermidades do coração, transtornos mentais e psicológicos, e de níveis de colesterol e pressão.