As principais autoridades da área econômica do governo do Paraguai estiveram nesta quarta-feira (4) em Foz do Iguaçu para apresentar o cenário para investimentos industriais no país vizinho, durante a última reunião no ano do Conselho de Desenvolvimento de Foz do Iguaçu (Codefoz). A apresentação ocorreu no Centro de Recepção de Visitantes da Itaipu Binacional e contou com a participação das principais instituições dos setores industrial, agropecuário e comercial do Paraná.
Empresários como Marcus Vinícius Gimenes, diretor do Sindimetal de Londrina, e Flávio Montenegro Balan, presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), se disseram convencidos do bom momento que vive a economia paraguaia e da oportunidade que ela representa para investidores brasileiros. E não apenas pela apresentação no Codefoz.
“A gente tinha aquela impressão do Paraguai dessa primeira avenida logo após a Ponte da Amizade. Mas isso é um preconceito superado. O país é muito competitivo, principalmente em relação aos custos trabalhistas, tributos e preços de energia. O governo tem projetos interessantes como a zona franca, maquila e capacitação de mão-de-obra”, afirma Gimenes.
Ele esteve recentemente em uma missão empresarial com 12 empresários da região de Londrina e pretende retornar em breve. “Aqui no Paraná, Londrina saiu na frente nessa aproximação com o Paraguai. A gente vê que há um ambiente muito bom para os negócios. É um país que hoje está focado na industrialização”, completou Balan.
A apresentação sobre o cenário econômico foi conduzida pelo presidente do Banco Central, Carlos Gustavo Valdovinos, o ministro da Indústria e Comércio, Gustavo Leite, e o ministro da Fazenda, Germán Rojas. Segundo eles, são várias as razões que justificam o otimismo com a economia do país vizinho.
Desde 2003, o Paraguai vem apresentando um crescimento constante, com uma média de 4,8% ao ano. Diferentemente do Brasil, a expectativa de crescimento tem sido revisada para mais. Para este ano, por exemplo, era de 9%, mas o país dever ter um incremento de 13,6% do PIB.
O país tem uma inflação estável, de 5% ao ano, nos últimos 20 anos. Segundo Valdovinos, avaliações externas, como um estudo da FGV, por exemplo, indicam que o Paraguai tem o melhor clima econômico entre os países do Mercosul. E o país vem melhorando gradativamente sua classificação no ranking de risco de agências como Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch. Contribui para isso o fato de hoje o país contar com uma Lei de Responsabilidade Pública (semelhante à Lei de Responsabilidade Fiscal brasileira).
Um dos desafios do país é superar a forte dependência da agricultura e, consequentemente, dos fatores climáticos. Porém, o bom desempenho desse setor fazem do Paraguai, hoje, o primeiro exportador mundial de açúcar orgânico, o quarto de soja, o sétimo de milho e o sexto de carne bovina.
Para incrementar a participação industrial, duas das principais estratégias são a melhoria da infra-estrutura e a qualificação de mão-de-obra. Nesse sentido, a inauguração da nova linha de transmissão de 500 kV entre Itaipu e Villa Hayes, na grande Assunção, representa um incremento na disponibilidade de energia. O Paraguai dispõe hoje de 1.390 MW (o equivalente a uma usina hidrelétrica de porte médio como Salto Santiago ou Água Vermelha) livres para atender novos investimentos industriais.
“Outro ponto importante sobre a força laboral é que 73% da população tem menos de 34 anos e temos o menor custo laboral do Mercosul”, assegurou Gustavo Leite. “A isso se somam acordos comerciais. Em 2014, por exemplo, seremos o único país do Mercosul com acesso preferencial à União Europeia”, acrescentou o ministro que apontou as atividades industriais eletrointensivas, reflorestamento e logística como os setores com maior atratividade para investimentos brasileiros.
A reunião do Codefoz foi comandada pelo presidente do Codefoz, Danilo Vendrúscolo, e contou também com a participação dos diretores-gerais da Itaipu, James Spalding (Paraguai) e Jorge Samek (Brasil), e do governador de Alto Paraná (Paraguai), Justo Aricio Zacarias Irun.
“A aproximação política entre os países também é um fator importante. O presidente (Horácio) Cartes e a presidente Dilma se encontraram já cinco vezes nos últimos três meses”, lembrou Samek. “Enfim, temos um alinhamento das forças políticas e econômicas que contribuem para uma maior integração entre os dois países”.
A Itaipu
A Itaipu Binacional é a maior usina de geração de energia limpa e renovável do planeta e foi responsável, em 2012, pelo abastecimento de 17,3% de toda a energia consumida pelo Brasil e de 72,5% do Paraguai. Em 2012, superou o próprio recorde mundial de produção e estabeleceu a marca de 98.287.128 megawatts-hora (98,2 milhões de MWh). Desde 2003, Itaipu tem como missão empresarial “gerar energia elétrica de qualidade, com responsabilidade social e ambiental, impulsionando o desenvolvimento econômico, turístico e tecnológico, sustentável, no Brasil e no Paraguai”. A empresa tem ainda como visão de futuro chegar a 2020 como “a geradora de energia limpa e renovável com o melhor desempenho operativo e as melhores práticas de sustentabilidade do mundo, impulsionando o desenvolvimento sustentável e a integração regional”.