2.7.14
Fonte: Tribuna da Imprensa - Via Adital -
"Nunca pode ser justo que se privilegie o capital
financeiro em detrimento da vida dos povos”, escreve Adolfo Pérez
Esquivel, o Prêmio Nobel da Paz, em carta à juiz estadunidense.
Em
uma carta entregue ao despacho nova-iorquino do juiz Thomas Griesa, o
Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel assinala a imoralidade e injustiça de
pagar os títulos hoje nas mãos dos fundos especulativos, e propõe uma reflexão
mais pessoal sobre a distinção entre o legal e o legítimo, a lei e a justiça.
"Nunca
pode ser justo que se privilegie o capital financeiro em detrimento da vida dos
povos”, escreve Pérez Esquivel. Esses títulos "são parte do endividamento
que depois (da ditadura) foi imposto nos anos 90, inclusive renunciando à
soberania e cedendo jurisdição de maneira inconstitucional a tribunais
estrangeiros como o seu, supostamente para saldar as dívidas anteriores”.
Pérez
Esquivel também assinala ao juiz a existência na Argentina de investigações e
decisões judiciais – como a causa "Olmos” – onde já foi estabelecida a
fraudulência da dívida por trás dos títulos permutados em 2005 e 2010, como os
fundos abutres. "De acordo com as leis de nossa república e com o direito
internacional – manifesta – são dívidas verdadeiramente nulas”.
É
necessário aplicar a lei, mas sempre sobre a base de diferenciar entre o legal
e o legítimo, a lei e a justiça – conclui Pérez Esquivel – e reconhecer que
segundo o direito, tem prioridade a "dívida interna com o povo”: a luta
contra a fome, a pobreza e marginalidade de grandes setores sociais...
Esperamos também que prime a justiça e que os direitos dos que não foram
escutados nos tribunais tenham a prioridade que merecem.
Antes de conhecer as decisões mais recentes da Corte
Suprema de Justiça dos Estados Unidos, Pérez Esquivel e outros também enviaram Carta aos legisladores
argentinos chamando-os a cumprir com suas responsabilidades
para corrigir a dívida, realizando uma auditoria participativa e integral das
reclamações, anulando as leis, tratados e acordos que seguem cedendo jurisdição
a tribunais estrangeiros e privilegiando os direitos humanos do povo argentino
sobre os interesses usurários do grande capital.
Leia aqui
o texto completo da Carta de
Pérez Esquivel a Griesa.
Mais
informações: http://dialogo2000.blogspot.com/p/nunca-mas-buitres.html