Cerca
de 80% das crianças com idades de zero a sete anos estão fora da escola
no Brasil. O dado ajuda a explicar o avanço da criminalidade e o fraco
desempenho do País principalmente nas competições escolares mundiais. A
Anaei, Associação Nacional de Apoio à Educação Infantil, está disposta a
ajudar a mudar esse quadro e para isso passa a contar com um apoio de
peso, do chamado G8, grupo formado por oito das principais entidades
organizadas de Cascavel (Acic, Amic, CDL, OAB, Sindilojas, Sociedade
Rural do Oeste, Sindicato Rural e Sinduscon/Oeste).
A
Anaei e o G8, ao lado do Ministério Público e de outros parceiros,
passam a intensificar ações por um propósito específico: que todas as
crianças de zero a três anos tenham acesso aos Cmeis, os centros
municipais de educação infantil. “O trabalho vai começar por Cascavel e
aos poucos queremos envolver municípios de todo o País nesse trabalho”,
afirma o presidente da Associação Nacional de apoio à Educação Infantil,
o empresário Jadir Saraiva de Rezende. Educação de qualidade, já a
partir dos primeiros anos de vida, é a fórmula que as grandes nações
aplicaram para chegar ao estágio de desenvolvidas.
Jadir
apresentou números que mostram a urgência de a sociedade organizada
participar ativamente e exigir dos governos investimentos à altura da
necessidade do setor educacional, principalmente do básico. “Cinquenta e
seis mil crianças de zero a cinco anos morrem todos os anos no Brasil e
56 mil pessoas são vítimas, a cada 12 meses, de homicídios no País”.
Para mudar essas tristes estatísticas, conforme Jadir, somente com
investimentos em educação e garantindo que 100% dessas crianças
frequentem a creche já a partir dos primeiros meses de vida.
Foto: Fábio Conterno - O presidente da Associação Nacional de Apoio à Educação Infantil, Jadir Saraiva de Rezende
Qualidade
Até
os quatro anos de idade, a criança já desenvolveu a metade do seu
potencial intelectual e se devidamente estimulada vai dominar 12 mil
palavras, enquanto outra, que não teve a mesma atenção, conhecerá apenas
quatro mil. O médico Ovídio Rohde, da ONG Elo (Espaço para a Leitura),
informa que além de todas as crianças na escola elas precisam ter acesso
a conteúdos de qualidade. Ovídio está à frente de um projeto que já
ajuda a transformar para melhor a vida de crianças de uma escola pública
do Jardim Itália.
Ovídio
lembra que Cascavel vai destinar R$ 187 milhões à educação em 2014. O
valor corresponde a R$ 580 por aluno. No entanto, afirma ele, há muito
os países desenvolvidos ensinam que a prosperidade está associada a um
tripé essencial: educação de qualidade, planejamento familiar e
pesquisa. Diante de todas as deficiências educacionais brasileiras,
conforme o médico, aqui o trabalhador produz apenas 20% do que rende um
norte-americano. “Até os sete anos, a criança formou a base do seu
pensamento, de suas intenções e de suas obras”.
Foto: Fábio Conterno - O promotor Luciano Machado: ajustes para atender a uma determinação constitucional - O médico Ovídio Rohde, da ONG Elo (Espaço para a Leitura): educação de qualidade
TAC
O
promotor Luciano Machado é autor de um termo de ajustamento de conduta
enviado à administração pública de Cascavel. Hoje, conforme ele, são 2,5
mil as crianças fora das creches. Em 2010, aquelas com idum trabalho
voluntário e apartidário e que vai cobrar das autoridades os
investimentos para que as crianças sejam devidamente atendidas”. Para o
presidente do Sinduscon/Oeste, Edson Vasconcelos, o tema educação é
amplo e importante demais, por isso precisa contar com o decidido
envolvimento de todos.
O
investimento em educação é o melhor que um governo pode fazer para
promover transformações substanciais. As nações desenvolvidas mostram
isso e os brasileiros merecem um país melhor, com menos crimes e mais
oportunidades, ressalta o presidente da Acic, José Torres Sobrinho.
“Essades de zero a três anos eram 16 mil em Cascavel e em 2020 elas serão 19 mil. Para atingir a meta de 50%, ou 9,5 mil, será necessário criar mil novas vagas a cada 12 meses já a partir do ano que vem. Serão R$ 6 milhões a mais por mês, ou 10% além do índice hoje destinado ao setor, para atender à demanda.
“Mas queremos investir mais em educação ou na construção de hospitais, cadeias e presídios”, questionou o promotor Luciano. Com menos educação haverá aumento da criminalidade, dos problemas de saúde e também reflexos negativos ao consumo e às empresas. Por isso, afirmou ele, é tão importante que toda a sociedade organizada se integre para a busca conjunta de soluções a essa questão tão importante.
Apartidário
O presidente da Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil, Juliano Murbach, informa que a OAB apoia o movimento de todas as crianças na escola por entendê-lo como uma necessidade urgente. “Esse é e é o início de uma mudança fundamental, que fará bem às futuras
gerações e ao País”, diz o presidente do Sindilojas, Paulo Beal.
Conforme o gerente regional do Sebrae, Orestes Hotz, a parceria do G8
vai permitir avanços indispensáveis ao alcance dessa meta. Ele cita que o
Sebrae, já de olho nisso, leva às escolas um projeto com foco no
estímulo ao empreendedorismo.