O
curso de licenciatura em Ciências da Natureza da Universidade
Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) tem alguns de seus
alunos já atuando como professores em escolas públicas de Foz do
Iguaçu. Os discentes foram aprovados no chamado processo seletivo
simplificado para as disciplinas de Física, Química, e Biologia.
Desde então, passam por uma experiência cheia de novos desafios e
compromissos. Todos eles realizaram o ensino médio em escolas
públicas e, agora, têm a oportunidade de voltar à sala de aula,
vivendo a escola a partir de outra perspectiva.
O
estudante Jonnathan da Silva é professor de Física na mesma escola
estadual de ensino médio em que estudou. “Com essa experiência,
você já consegue ter noção da realidade do ensino médio hoje.
Ainda que falte um pouco de experiência em sala de aula, a gente
começa a perceber que não é só transmitir conhecimento, às vezes
o professor assume o papel até na educação familiar”, diz o
aluno-professor, que este ano foi aprovado em outro processo seletivo
– do SESC, para ensinar raciocínio lógico.
A
interdisciplinaridade presente nos cursos da UNILA é um desafio que
os alunos procuram colocar em prática nas escolas, com a proposta de
didáticas e de metodologias de ensino e avaliação diferentes
daquelas que tiveram quando foram alunos do ensino médio. “Tentamos
trabalhar a interdisciplinaridade, não só no conteúdo, como também
integração entre os professores de diferentes disciplinas. Além da
aula teórica, buscamos experimentos práticos, para chamar atenção
sobre aplicação da teoria vista em sala de aula no cotidiano”,
explica Thiago Ferreira, que é professor de Química.
Os
estudantes explicam que buscam trazer um assunto de forma
contextualizada. Uma fórmula, por exemplo, é revelada a partir do
contexto - quando, como e com qual intenção surgiu. Essa é uma das
estratégias utilizadas para despertar a curiosidade e facilitar o
entendimento dos alunos. “E o fato de sermos professores jovens
facilita a comunicação com os estudantes, embora em alguns momentos
temos que ter o controle da turma”, avalia Lucas Felipe, professor
de Física. Os graduandos também relatam que o ensino nas escolas
tem contribuído para o próprio aprendizado. “Há assuntos em
disciplinas na Universidade que a gente não compreende bem, mas a
partir da preparação da aula, você passa a entender”, explica
Eliakim Lambrecht, professor de Física.
Os
novos professores contam, ainda, a curiosidade despertada pelos
alunos das escolas a partir da formação deles. “Eles querem saber
da nossa Universidade, do SiSU e Enem”, aponta Thiago. Os
estudantes da UNILA chegam a servir como exemplo. “Muitos dos
nossos alunos não se veem na condição de passar em uma
universidade estadual ou federal, e nossa trajetória serve como
incentivo e estímulo para eles”, finaliza Jonnathan.
Iniciação
à Docência
Parte
do aprendizado com a didática de sala de aula veio a partir da
participação desses graduandos no Programa Institucional de
Iniciação à Docência (Pibid/UNILA) – financiado pela Capes –,
e que está no terceiro ano de execução na Universidade. “Hoje, a
licenciatura não desperta tanto interesse, uma vez o professor não
tem sido valorizado. O Pibid tem o objetivo de que os estudantes,
antes de se formarem, entendam o que é a docência por meio da
vivência em escolas, estimulando o gosto pela profissão”, explica
a docente da UNILA, Catarina Fernandes, coordenadora institucional do
Programa.
Neste
ano, o projeto é realizado em duas escolas estaduais de Foz do
Iguaçu: Dom Pedro II, no bairro Morumbi, e Gustavo Dobrandino da
Silva, no Parque Patriarca – onde também aconteceu em 2013 –, e
conta com um total de 15 alunos bolsistas do curso de Ciências da
Natureza. O tema desta edição é “Encantar para aprender e
aprender para ficar”, focado no reforço escolar para combater a
evasão. Os bolsistas atuam com aulas de reforço no contraturno e
como monitores em aulas experimentais em laboratórios. “Essa
iniciativa tem contribuído para minimizar a situação e trazer um
novo incentivo para os estudantes das escolas. Neste ano, não foi
contabilizada evasão nessas escolas”, relata a professora
Catarina.