O momento não poderia ser mais favorável
para uma lei com tantos desdobramentos positivos. A destinação dos royalties do
pré-sal para investimentos públicos na educação e na saúde, a expansão do
mercado de consumo interno e o fortalecimento do agronegócio abrem perspectivas
de desenvolvimento que não poderíamos prever há dez anos.
O Plano Nacional de Educação (PNE) aprovado pelo
Congresso Nacional é mais que uma importante medida que a presidenta Dilma
Rousseff acaba de sancionar. É, sobretudo, uma oportunidade histórica de darmos
um salto evolutivo — social, cultural, político e econômico — sem precedentes,
colocando o Brasil na rota da ciência e do conhecimento e ampliando as
conquistas sociais que fizemos até hoje. E as oportunidades, assim como a
história, não esperam.
Quando falamos de história, sempre referimos, de uma forma ou de outra, ao
conhecimento. Afinal, a humanidade sempre buscou ampliar seu saber para dar
sentido à existência individual e levar adiante o projeto civilizatório
coletivo. A execução das 20 metas do PNE e das 253 estratégias que União,
estados e municípios devem adotar, portanto, apresenta-se como um objetivo
comum, que merece ser perseguido para além das cores partidárias e
características regionais.
A elaboração do PNE contou com a participação estimada de 500 mil pessoas
durante a Conferência Nacional de Educação, realizada em 2010. Participaram,
ainda, mais de 100 entidades nas mais de 60 audiências públicas. O texto
original recebeu, aproximadamente, 4 mil emendas.
Esse conjunto de metas tem como alicerce a destinação de 10% do Produto
Interno Bruto (PIB) à educação pública. Contudo, destaco quatro metas cruciais:
educação integral, valorização do magistério, ensino profissionalizante e
expansão do ensino superior.
Para se ter uma ideia do alcance do PNE, em dez anos a educação integral
sairá de 1,1 milhão para 11 milhões de matrículas. Ou seja: o Brasil estará no
mesmo patamar do Japão, da Alemanha e da Inglaterra, por exemplo. O PNE prevê,
ainda, a efetiva valorização do magistério e a equiparação salarial de
educadores aos demais profissionais com escolaridade equivalente.
O momento não poderia ser mais favorável para uma lei com tantos
desdobramentos positivos. A destinação dos royalties do pré-sal para investimentos
públicos na educação e na saúde, a expansão do mercado de consumo interno e o
fortalecimento do agronegócio abrem perspectivas de desenvolvimento que não
poderíamos prever há dez anos.
A oportunidade
A hora é agora para instituir uma escola na qual os alunos tenham todas as
condições de concluir cada ciclo de ensino na idade certa e um lugar em que
ensinar e estudar seja um prazer. As nações desenvolvidas já fizeram esse
percurso. O PNE é nosso primeiro esforço para tratar, com amplitude e profundidade,
da educação infantil à formação de doutores. É o reconhecimento de que só o
caminho da educação de qualidade e universal nos levará ao desenvolvimento. Não
podemos perder esta oportunidade histórica.
Será preciso a participação ativa de todos os atores sociais no processo de
implementação, consolidação e fiscalização das ações e mecanismos previstos no
PNE com o objetivo de erradicar o analfabetismo, universalizar o ensino básico,
qualificar o ensino médio e profissionalizante, ampliar o acesso ao ensino
superior, valorizar os profissionais de educação e promover uma gestão
democrática.
Com otimismo, tenho convicção de que isso ocorrerá, pois o PNE veio à luz
com grande legitimidade, fruto de um projeto do governo federal e debates por
três anos no Congresso Nacional e em amplos setores da sociedade. É, portanto,
uma conquista inestimável para o povo brasileiro.
Ricardo Gomyde