Estudo feito no fim de setembro e começo de
outubro catalogou 146 espécies na área da binacional e enriqueceu o Inventário
Participativo das Aves do Paraná (Ipave-2014)
Dez espécies de aves nunca avistadas no
Refúgio Biológico Bela Vista (RBV) e na área da usina de Itaipu foram
encontradas e registradas em um levantamento feito no local para compor o
Inventário Participativo das Aves do Paraná (Ipave-2014).
O estudo foi feito por João Batista
Francisco, da Divisão de Estudos Hidrológicos e Energéticos, e por Marcos José
de Oliveira e Veridiana Araújo Costa, ambos da Divisão de Áreas Protegidas de
Itaipu, nos dias 27, 29 e 30 de setembro e de 1º a 4 de outubro.
Durante a observação, foram catalogadas
146 espécies na Itaipu e RBV, totalizando 193 registros desde os primeiros
levantamentos iniciados por Francisco em 2007, como tema de seu Trabalho de
Conclusão de Curso em Ciências Biológicas.
Nesta última experiência, as aves
“inéditas” foram perdiz (Rynchotus
rufescens), marreca-de-bico-roxo (Nomomyx
dominica), trinta-réis-grande (Phaetusa
simplex), falcão-relógio (Micrastur
semitorquatus), choca-de-chapéu-vermelho (Thamnophilus ruficapillus), barranqueiro-de-olho-branco (Automolus leucophthalmus),
anambé-branco-de-bochecha-parda (Tityra
inquisitor), miudinho (Myiornis
auricularis), freirinha (Arundinicola
leucocephala) e sabiá-ferreiro (Turdus
subalaris).
Quatro delas também tiveram o primeiro
registro em Foz do Iguaçu: a perdiz, identificada pelo som; a
choca-de-chapéu-vermelho; o falcão-relógio, ave difícil de ser encontrada pela
preferência pelo interior de matas; e a marreca-de-bico-roxo, pouco
identificada no Paraná.
“O aumento da população nos estimula a
continuar as observações com mais frequências nessas áreas e acredito que
teremos aumento significativo de registros”, disse Francisco. “Este resultado
reforça a hipótese de que o RBV tem contribuído significativamente com a
manutenção da qualidade dos ambientes florestais propostos em seus projetos de
reflorestamento”, completou.
“Os resultados mostram que o nosso
trabalho tem dado certo. As aves são excelentes bioindicadoras da qualidade do
ambiente, contribuem na propagação das espécies vegetais e, consequentemente,
na conservação da biodiversidade”, disse o gerente da Divisão de Áreas
Protegidas de Itaipu, Edson Zanlorensi.
Segundo ele, a ideia é estender os
próximos levantamentos para a faixa de proteção do reservatório de Itaipu e os
refúgios de Santa Helena e Maracajú.
Para o gerente do Departamento de
Reservatório e Áreas Protegidas, João Antônio Cordoni, o trabalho tem muita
relevância, pois contribui para o objetivo da empresa com a biodiversidade.
“Este estudo evoluiu de um hobby pessoal, de um funcionário de outra área [João
Batista Francisco], para uma atividade de extrema importância para a empresa”,
concluiu.
Trio
de observação
João Francisco é técnico em hidrologia na
Itaipu, mas formou-se biólogo e atua como ornitólogo (estudioso de aves) nas
horas vagas. Marcos Oliveira também é biólogo e exerce a função no RBV.
Veridiana é engenheira florestal do setor de Reflorestamento e Produção de
Mudas do Refúgio Biológico Bela Vista. A atividade, voluntária, foi feita pelos
três fora do horário de expediente.
O conhecimento combinado do trio foi
determinante para o bom resultado, segundo o ornitólogo Francisco, que foi o
primeiro colega de Itaipu a contribuir para o Ipave, em 2012. No ano passado, o
trabalho já teve a participação de Veridiana e Oliveira em algumas áreas do
RBV.
“Passamos a explorar, mesmo que apenas em
um dia, a área de maior intensidade florestal, como as localidades Pomba Cuê,
Baía Limeira (lado inverso ao já estudado anteriormente) e todas as extensões
das trilhas acessos ao RBV via matas nativas e reintroduzidas (replantadas)”,
explicou Francisco.
Segundo o ornitólogo, um dos registros
mais relevantes ocorreu no primeiro Ipave, em 2012. Foi quando ele identificou
nas áreas de Itaipu a espécie de Tiranídeo (da família do bem-te-vi) chamada
bagageiro. “Havia poucos registros para o Estado e, desde esse primeiro
registro, ela é vista por aqui”, afirmou.
Como o estudo passou a ser bianual, o
próximo Ipave será em 2016.
A
Itaipu
Com 20 unidades geradoras e 14.000 MW de
potência instalada, a Itaipu Binacional é a maior geradora de energia limpa e
renovável do planeta e foi responsável, em 2013, pelo abastecimento de 17% de
toda a energia consumida pelo Brasil e de 75% do Paraguai. Em 2013, superou o
próprio recorde mundial de produção e estabeleceu a marca de 98.630.035
megawatts-hora (98,63 milhões de MWh). Desde 2003, Itaipu tem como missão
empresarial “gerar energia elétrica de qualidade, com responsabilidade social e
ambiental, impulsionando o desenvolvimento econômico, turístico e tecnológico,
sustentável, no Brasil e no Paraguai”. A empresa tem ainda como visão de futuro
chegar a 2020 como “a geradora de energia limpa e renovável com o melhor
desempenho operativo e as melhores práticas de sustentabilidade do mundo,
impulsionando o desenvolvimento sustentável e a integração regional”.