Ao ver o que rolou nas redes sociais – antes e
depois de uma das eleições mais empolgantes deste país – não é nem um exagero
concordar com quem afirma de que vivemos uma situação social onde se constata
uma enorme lacuna: "em todos os níveis a dimensão ética está praticamente
ausente das decisões políticas, culturais e sociais."
Esse vírus maldito
chamado corrupção vem perfurando o sistema social e deixando um vazio ético que
ameaça corroer não só o jeito de ser de um dos povos considerado, até então, um
dos mais alegres e mais solidários do planeta – mas também colocando em risco a
sua integridade como Federação...
Num país com a
dimensão continental como o nosso – numa eleição super importante para
afirmação da nossa democracia, o que prevaleceu não foi o pensamento criativo,
o debate das idéias, as propostas que visam à melhoria da qualidade de vida –
mas sim, uma sucessão de escândalos e situações constrangedoras – onde se
perdeu o respeito por tudo e por todos...
Em
recente matéria que divulgamos aqui mesmo neste espaço, o Promotor de Justiça
Dr. Alex Fadel, em uma de suas petições de improbidade administrativa
envolvendo o governo local, citando Shakespeare – texto da peça “Hamlet”,
afirmava: efetivamente “Há algo de podre no reino da Dinamarca”.
Repito: Não é nenhum
exagero afirmar de que estão certos os que afirmam: “Há um vazio ético que
ameaça corroer a alma nacional”. Urgentemente, a sociedade como um todo tem que
se mobilizar, discutir e analisar essa situação escancarada e revelada em
altíssimo grau nesta eleição.
O que fazer? Onde
falhamos? Não é preciso ser nenhum PhD em relações humanas para saber que a
origem deste desvario sentimental e emocional está na Educação, na formação...
Onde estamos errando?
Segundo Aristóteles, um dos pais da filosofia: “Ninguém é ético para si; somos
éticos em relação aos outros e em relação à distribuição e posse dos bens
materiais”. A ética, portanto, é individual e social ao mesmo tempo. E é o
próprio Aristóteles, que nos diz que “a JUSTIÇA é a virtude central da ética,
pois ela comanda os atos de todas as virtudes.”
Com a palavra a classe
culta, a classe pensante desse país... Precisamos recuperar a credibilidade das
INSTITUIÇÕES... Temos que voltar a nos orgulhas das nossas AÇÕES – temos que
varrer da vida pública esses parasitas, esses espertalhões que estão ferindo
mortalmente a ÉTICA e a MORAL, que estão destruindo a paciência das pessoas, o
sentimento de um povo, a bondade, a própria ALMA nacional...
A revolta é tanta que
até mesmo pessoas honestas, trabalhadoras, perderam a compostura... Muitos
deles, mesmo tendo um padrão de vida mil vezes melhor do que a grande maioria
da população – se dá ao luxo de usar as redes sociais para ofender e maltratar
usuários do Programa Bolsa Família, por exemplo, tratando-os como
“vagabundos”...
Será que ele não sabe
que um ser humano é ético por que as relações que ele estabelece são éticas?
Será que ele não sabe que esses recursos oriundos do Programa Bolsa Família –
na maioria das vezes são os únicos valores que aquela Família recebe
pontualmente todos os meses e com os quais consegue manter os seus filhos na
escola e dar-lhes um pouco de DIGNIDADE?
O baixo nível ofensivo e desprezível é tanto
que urgentemente se faz necessário uma REFLEXÃO com maior profundidade sobre o
tema LIBERDADE DE EXPRESSÃO nos meios de comunicação em rede pública... É
preciso rever a CENSURA? Acredito que não – mas, a comunidade como um todo tem
que se mobilizar e intensificar as ações culturais que visem unir, pacificar,
acreditar e elevar as relações humanas...
João Maria Teixeira da
Silva