Bruno Peron
O magistério no Brasil tem sido empurrado ao precipício.
Acima de qualquer diálogo, está um conflito de mentalidades que poucas vezes sabem
bem como valorizar os professores. Em meio de tanta angústia pedagógica, insiro
este texto com o fito de sintetizar a preocupação generalizada com as vias de
educação nas quais nosso país transita, cavalga, engatinha.
Os fatos mais pungentes para o professorado são de que há
desvalorização da classe e da função dos professores no Brasil. Não haveria
sinalizações mais escabrosas que esta num país que, como o nosso, depende de
melhoras na educação para desenlaçar a corda do pescoço de sua gente explorada.
Vemos, no entanto, que professores trabalham desmotivados
com seus salários baixos e se remuneram pelo tempo em sala de aula, mas não
pelo preparo das mesmas e por outros períodos de dedicação ao magistério;
medidores governamentais de inclusão social dão aprovações automáticas, embora
muitos estudantes tenham desempenho ruim; e escolas públicas viram locais de
roubo, vandalismo, tráfico e ameaça a professores.
A verticalidade da relação entre professores e seus
estudantes transforma-se numa horizontalidade desorientada em que estes
surpreendentemente ditam as regras. Como se não bastasse, as tecnologias de
comunicação (telefonia, informática, etc.) amiúde desviam a atenção de
estudantes do conteúdo letivo às mensagens instantâneas do Facebook e do WhatsApp.
Deixo claro que minha crítica não desmerece a importância
das tecnologias da comunicação para a pluralidade de ideias, mentalidades e
opiniões que transcendem as salas de aula. O que chama mais atenção nesse
progresso tecnológico é a mudança dos agentes educadores e do papel de
professores na tarefa árdua de cidadanizar as crianças e os jovens no Brasil.
Assim, há os que defendem o ensino bilíngue em escolas
infantis, e os que dependem de projetores de imagens e outros recursos
tecnológicos. Decerto, as tecnologias de comunicação reinventam métodos
pedagógicos e modernizam a relação que mencionei entre professores e seus
estudantes. Contudo, não podemos ignorar que tais tecnologias são meios através
dos quais vozes diversas cruzam-se e frequentemente entram em conflito. A
preocupação maior, neste ponto, é entender o que professores têm feito além de
pedir o desligamento dos aparelhos celulares de seus estudantes durante as
aulas.
Portanto, o desafio dos professores é convocar o interesse
de seus estudantes no conteúdo didático em sala de aula no mesmo grau em que as
tecnologias de comunicação fascinam e seduzem. Por isso, escolas e
universidades propõem métodos pedagógicos alternativos, como o ensino a
distância e os programas de intercâmbio que culminam em titulação dupla.
Porém, ao contrário do que se poderia imaginar, esses
desafios não menosprezam o professorado, mas animam-nos a rever suas posturas e
seus métodos. Professores nunca foram tão importantes como são neste momento em
que crianças e jovens têm de crescer com referências educativas e cidadãs para
a transformação sociocultural do Brasil que tanto queremos.
Professores são protagonistas de qualquer espaço
geográfico onde se cultua uma nação. Logo, toda transformação prometedora e
benéfica valoriza o professorado tanto no âmbito privado como no público. Essa
mentalidade deve eclodir em todos os rincões brasileiros em prol das crianças e
dos jovens que desejam um futuro de inclusão e realização.
Para isso, vamos cobrar menos e fazer mais.
O Brasil guarda esperanças transformadoras.
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