Ontem, 13, pela parte da
manhã, levei o meu carro numa oficina – DOPEL – para trocar o pivô dianteiro,
segundo o mecânico, por estar gasto, era parte integrante do barulho que estava
incomodando. Ao recolocar o novo pivô, ele notou que o parafuso que o prende
estava parcialmente espanado. “Vamos trocá-lo. Essa é uma peça que não dá para
brincar, pois pode comprometer toda a segurança”.
Solicitou um novo. Em questão
de minutos entrou pela porta da oficina um jovem pilotando uma moto e com o
parafuso na mão. Qual o valor, quanto tenho que te pagar? – perguntei. Com o olhar fixo em duas baterias de
170 hamperes que estavam ao lado, ele me respondeu: “R$ 12,00”. Como tinha os
doze reais trocado lhe entreguei, quando ele voltou a dizer: “São R$ 13,00 e
não 12 – o preço na verdade é R$ 15,00 e com o desconto ele fica em R$
13,00...”, me disse ele. Enfiei a mão no bolso e lhe dei mais uma moeda de R$
1,00.
Em seguida ele se dirigiu ao
mecânico e dono da oficina que estava trocando a peça e perguntou para ele:
“Essas baterias aí são boas?” – “Sim, são boas”, respondeu o mecânico. “É que
eu preciso uma dessas para o SOM. Está a venda?”, perguntou. “Elas não são
minhas – mas acredito que a pessoa venda – vou falar com ela e em seguida te
dou o retorno”.
“Ótimo, então! Se ele não
quiser muito caro eu compro. Estava vendo uma daquelas com a gurizada lá da
(...) e eles me disseram que o estoque das “Baterias Roubáticas” acabou. Eles
me garantiram que em breve deverá ter mais, pois iniciou o plantio da safra e
eles já estão se preparando para fazer a colheita – mas, como eu não estou a
fim de esperar, se ele me vender eu compro”.
Na hora, eu tive a impressão
de que não tinha ouvido direito sobre a marca da bateria que ele havia dito.
Conversando com o mecânico, ele também estava apavorado com a naturalidade com
que aquele jovem mencionava um produto ilícito, roubado na mão grande e
colocado no mercado com o sugestivo nome de “Baterias Roubáticas”.
Eu fiquei me
questionando: O que falta para este jovem?
Eu diria que não só para ele,
mas para a maioria esmagadora da nossa juventude, faltam-lhe princípios –
faltam-lhe “aquele instinto oculto que lhes ensine de uma forma
automática e natural a distinguir o certo do errado”.
Faltam-lhes na verdade é o
domínio do seu próprio ego, o domínio dos seus pensamentos e sentimentos. Muito
embora ele possa já ter cursado o ensino médio e até mesmo o universitário, não
lhe foi ensinado nada sobre o seu próprio SER. Ele desconhece de que existe "psique", essa ponte que nos faz sentir e escutar os sussurros da ALMA...
Infelizmente, esse é o
estágio em que se encontra atualmente mais de 90% da humanidade. E de quem é a
culpa? Do SISTEMA COMO UM TODO. Uns poderiam dizer que Educação vem de berço.
Sim! Vem de berço aonde os pais tiveram BERÇO... Esse marmanjo, por exemplo, já
tem idade para ser pai – e imagine com esse tipo de mentalidade, qual serão os
princípios éticos e morais que ele vai transmitir aos seus filhos... Ou seja, em que BERÇO eles vão nascer...
No campo educacional, por
exemplo, os nossos Educando não são valorizados, principalmente economicamente
como deveriam ser – e muitos deles, além de dar aula em sala de aula têm que se
virar nos trinta para garantir uma vida mais confortável para os seus. E o
pior, são manipulados diuturnamente por conteúdos repassados por uma cartilha
preparada com o aval do Banco Central – cujo conteúdo é canalizado para o TER –
esquecendo-se dos verdadeiros impulsos que os movem como SER.
E, cercado lado a lado por
cada metro quadrado com esse bombardeio de informações de que o que vale é o
“status social”, o melhor carro do ano e o lucro fácil – por falta do devido
conhecimento, acaba se aposentando sem conhecer a natureza e a essência da
VIDA...
É público e notório que o SER
humano quando nasce, já pelo formato do seu corpo, podemos visualizar que ele
se diferencia de todos demais animais da natureza em praticamente tudo. Com a
maior naturalidade ele aprende a andar, a falar e a se relacionar com os
demais.
Uma prova disso são as nossas crianças, esses seres maravilhosos de
energia e luz. Coloque-as para brincar com outras crianças – sejam ricas ou
pobres, pretas, amarelas ou brancas – em questão de minutos elas estão
brincando, sorrindo e compartilhando os seus brinquedos umas com as outras como se conhecessem a milhares de ano.
E quando crescem?
A grande maioria levado por esta EDUCAÇÃO que
prestigia o TER, finda os seus dias sem conhecer a VERDADEIRA origem do seu SER
– essa Realidade que dá forma e estrutura a sua VIDA, deixando pelo caminho
aquele estado de beleza, alegria, harmonia, êxtase sublime, reverência, inteligência
e amor que trazia consigo quando CRIANÇA.
João Maria Teixeira da Silva