Foto: Adenésio Zanella/Itaipu Binacional - O
diretor-geral de Itaipu, Jorge Samek, defendeu as parcerias como uma das
principais ferramentas para viabilidade da agricultura no futuro. A declaração
foi feita nesta quinta-feira (27), na primeira conferência do 2º Fórum de
Agricultura da América do Sul, cujo tema central é “Inovação e sustentabilidade
no campo”. O evento, organizado pelo jornal Gazeta do Povo, foi aberto nesta quinta
e termina nesta sexta-feira (28), no Hotel Bourbon, em Foz do Iguaçu.
Na
análise do diretor, a associação das mais variadas instituições – incluindo
universidades, poder público e os próprios produtores – é peça-chave para que o
agronegócio permaneça viável para o setor e sustentável para as próximas
gerações.
Para
Samek, o trabalho de Itaipu e parceiros nas microbacias da região oeste, “a
mais produtiva do Estado do Paraná”, prova que é possível aliar desenvolvimento
e sustentabilidade, a partir de projetos de inovação.
Como
exemplo, citou ações feitas pela binacional e parceiros na região da Bacia do
Paraná 3, que vão da proteção dos mananciais e do solo, passam pelo uso de
biocombustíveis para automóveis, e chegam até o reaproveitamento de dejetos de
animais para produção de energia.
“Na
cidade de Entre Rios do Oeste, estamos transformando um grande problema, que é
a contaminação dos mananciais, em solução”, afirmou o diretor, explicando como
a cidade deve se tornar a primeira do País autossuficiente em energia, a partir
do biogás gerado pelos suínos. No município, a quantidade de porcos é 35 vezes
superior a de humanos. São 140 mil animais e quatro mil moradores.
“Essas
práticas não são trabalhos exclusivos de Itaipu, são fruto de entendimento
com as cooperativas, prefeituras, sindicatos e outras instituições”, destacou o
diretor, que lembrou também do programa do Veículo Elétrico. A expectativa é
que, futuramente, o produtor terá sua propriedade autossustentável em energia e
até seu carro será elétrico e reabastecido no próprio local. Uma amostra de um
veículo elétrico, o compacto Renault Twizy, montado em parceria com a Itaipu,
está em exposição no Bourbon.
Soja e milho, frango e presunto
Outra
estratégia de desenvolvimento sustentável é agregar valor às commodities. “Vivemos uma fase na qual
as pessoas querem comer melhor e devemos estar preparados para este tipo de
demanda. Aqui, na nossa região, plantamos milho e colhemos frango pronto para
exportação. Plantamos soja e colhemos presunto. Essa agregação de valor [ao
produto primário] é transformadora”, disse o diretor, engenheiro agrônomo de
formação e de família de produtores rurais.
“A
tecnologia e as parcerias universidades e instituições de pesquisa podem
contribuir neste processo a exemplo do que ocorreu com o plantio direto na
região oeste, com envolvimento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa)", concluiu.
Balanceado
O
equilíbrio entre os interesses também é benéfico, avaliou. “O Código Florestal,
aprovado em 2012, foi um avanço. Ele não foi o documento do sonho do
agronegócio e nem dos ambientalistas. Por isso mesmo é um documento justo,
porque foi equilibrado”, afirmou. . “Estou convencido que não haverá
dificuldades no futuro e de estarmos vivendo hoje nosso melhor momento”.
O
secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA), Wilson Vaz de Araújo, participou do evento e também
destacou a importância das articulações. “Quanto mais harmonizados estivermos,
mais fortes seremos para negociar com os países que demandam e vão demandar
nossa produção”, afirmou.
O
evento
O
Fórum recebe especialistas de 11 países para debater o agronegócio
internacional, sob a perspectiva dos sul-americanos. A abertura foi feita por
Jorge Fontoura Nogueira, doutor em direito internacional e árbitro do Tribunal
Permanente de Revisão do Mercosul – onde são discutidos conflitos comerciais.
Para
o especialista, conflitos comerciais são saudáveis, porque eles só ocorrem onde
há relações. “Conflitos demonstram que a relação vai bem”.
Depois
de Nogueira, o palestrante foi Willian Tierney, da AgResource, dos Estados
Unidos. O moderador foi o gerente do Núcleo Agronegócio Gazeta do Povo, Giovani
Ferreira.
A
Itaipu
Com 20 unidades geradoras e 14.000 MW de potência
instalada, a Itaipu Binacional é a maior geradora de energia limpa e renovável
do planeta e foi responsável, em 2013, pelo abastecimento de 17% de toda a
energia consumida pelo Brasil e de 75% do Paraguai. Em 2013, superou o próprio
recorde mundial de produção e estabeleceu a marca de 98.630.035 megawatts-hora
(98,63 milhões de MWh). Desde 2003, Itaipu tem como missão empresarial “gerar
energia elétrica de qualidade, com responsabilidade social e ambiental,
impulsionando o desenvolvimento econômico, turístico e tecnológico,
sustentável, no Brasil e no Paraguai”. A empresa tem ainda como visão de futuro
chegar a 2020 como “a geradora de energia limpa e renovável com o melhor
desempenho operativo e as melhores práticas de sustentabilidade do mundo, impulsionando
o desenvolvimento sustentável e a integração regional”.