Decisão será apresentada na Assembleia Estadual da categoria. A paralisação pode acontecer a partir do dia 23 de fevereiro.
Professores, pedagogos, profissionais e diretores de escolas de Foz do Iguaçu e Região poderão deflagrar greve geral da educação, logo após o período de carnaval. A decisão foi aprovada na reunião ampliada do Conselho Regional da categoria, realizada ontem (03), no Colégio Barão do Rio Branco, e será submetida à Assembleia Estadual da APP-Sindicato, no próximo sábado, na cidade de Guarapuava.
Cerca de duzentos educadores participaram da assembleia, representando os nove municípios que integram o Núcleo Sindical de Foz do Iguaçu da APP-Sindicato. De forma consensual, a categoria avaliou que as sucessivas medidas prejudicando o funcionamento das escolas e comprometendo a qualidade do ensino, somadas à ausência de diálogo por parte do Governo do Estado, não deixam outra solução além da greve.
Na abertura da reunião, Fabiano Severino, presidente da APP-Sindicato/Foz, fez um balanço sobre o momento da educação pública no Paraná, enumerando desde as reivindicações que o governo estadual comprometeu-se em atender ao longo do ano passado, até agora não resolvidas, e os casos mais recentes que estão agravando ainda mais a condição do magistério.
De acordo com o dirigente sindical, o Governo do Paraná acumulou uma dívida de 90 milhões com os educadores, até o mês de janeiro. Diversas escolas estão sucateadas por não receberem corretamente os recursos do fundo rotativo e muitas estão sem merenda. Há uma enorme desorganização na distribuição de aulas. Pelo método posto em prática pelo governo, as turmas de alunos estarão superlotadas, prejudicando a qualidade do ensino e causando demissão de professores, pedagogos e demais profissionais.
“Recentemente, o governo retirou 15 mil trabalhadores das escolas, principalmente, merendeiras, pessoal da limpeza e da área administrativa. Além de tudo isso, depois de muitos anos, os trabalhadores voltaram a sofrer com a falta de pagamento de salários e seus direitos, como o terço das férias, o auxílio alimentação, auxílio transporte dos PSSs, o acerto de rescisões, entre outros benefícios”, reflete Fabiano Severino.
GREVE
Pela decisão dos educadores de Foz do Iguaçu e Região, a greve da categoria poderá ter início no dia 23, logo após o feriado de carnaval. Até lá, os educadores deverão preparar o movimento, informando a população sobre o processo de desmonte da escola pública promovido pelo atual modelo de gestão, por meio de debates e assembleias nas escolas, reunindo alunos e seus pais. Esta proposta será deliberada coletivamente pelos trabalhadores da educação do Paraná, durante a Assembleia Estadual.
“Neste período, o Governo do Estado terá tempo para evitar a greve, resolvendo os problemas, cumprindo os compromissos assumidos e desfazendo as medidas que prejudicam profundamente as escolas, os educadores e os estudantes”, enfatiza Fabiano Severino.
Além de contar com a participação de toda a comunidade escolar, a proposta dos trabalhadores em educação é reunir as demais categorias de servidores estaduais.
“Precisamos envolver as universidades públicas estaduais e outros segmentos do funcionalismo para fortalecer o movimento e demonstrar que as medidas do governo prejudicam a educação e todo o serviço público à população”, defende Karin Schossler, do Colégio Gustavo Dobrandino da Silva.
O constante atraso nos repasses de recursos para as escolas foi apontado como um dos principais motivos para a greve. Em várias escolas, a infraestrutura está comprometida ou necessitando de reformas e melhorias.
“Estamos denunciando a precariedade das instalações de nossa escola há muito tempo. No ano passado, fizemos melhorias nos banheiros com recursos arrecadados em promoções da comunidade escolar, e a promessa de reforma da escola feita pelo Governo do Estado até agora não aconteceu”, denuncia Sandra Regina Severo, do Colégio Carlos Drummond de Andrade.
REGIÃO
A estratégia da greve foi amplamente debatida pelos educadores presentes na assembleia. Até pouco antes de terminar o ano de 2014, a pauta de reivindicação da APP-Sindicato contabilizava 52 pontos e os problemas foram seriamente aprofundados, entre o final do ano passado e o início de 2015.
Para o Professor Otávio Mayer, do município de Missal, assim que a greve acontecer, a categoria deverá ter consciência sobre o atendimento das reivindicações necessário ao retorno ao trabalho.
“A nossa greve não poderá terminar mediante promessas. O Governo do Estado deverá oferecer garantias e cumpri-las, sem isso, não vamos encerrar o movimento, pois só assim conseguiremos alcançar as conquistas que a categoria exige”, defende o docente.
TURMAS CHEIAS
Um dos principais problemas da educação neste momento está relacionado ao porte das escolas, método do Governo do Estado para definir a número de trabalhadores nas escolas, a partir da quantidade de estudantes matriculados em cada estabelecimento de ensino.
Para os educadores, esta prática permite ao governo fechar diversas turmas, promovendo o aumento de aluno em cada sala de aula e a dispensa de professores, pedagogos e funcionários.
“Muitas turmas estão sendo extintas, gerando a superlotação de alunos, o que compromete o aprendizado do estudante e prejudica o processo de ensino. Em minha escola, acabo de assumir uma turma extremamente cheia, com muito mais estudantes que o recomendado e permitido em lei”, denuncia a educadora iguaçuense Juliana Correia Bearzi.
MOVIMENTO
Entre os dias 02 e 07 de fevereiro, a APP-Sindicato/Foz do Iguaçu está promovendo a semana de mobilização em defesa da educação e da escola pública. As atividades contam com distribuição de uma carta pública, reuniões, assembleias e ato público.
Nesta quarta-feira (04), a programação do movimento conta com o Ato Público em defesa dos direitos dos trabalhadores (as) da educação pública do Paraná. A concentração será em frente ao Núcleo Regional de Educação de Foz do Iguaçu (NRE), às 16 horas, seguida de distribuição de informativo à população, na região central da cidade.
Fotos: Marcos Labanca/APP-Sindicato/Foz.
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