Lançamento teve a presença do autor, o engenheiro Cícero Bley Jr., e do diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek.
Fotos: Alexandre Marchetti/Itaipu Binacional - Dez meses após o lançamento, o livro Biogás, a energia invisível, de autoria do superintendente de Energias Renováveis de Itaipu, Cícero Bley Júnior, ganhou uma segunda edição, revista e ampliada em 41 páginas.
A obra foi lançada na manhã desta quarta-feira (4), no estande da Itaipu no Show Rural Coopavel 2015, em Cascavel (PR), com a presença do autor e de autoridades da região. O evento foi promovido pela Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (Amop). A tiragem inicial é de 1.000 exemplares. Até o fim deste mês, o livro será lançado em e-book no site www.cibiogas.org.
“O fundamental desta nova edição é mostrar que, durante 40 anos, o Brasil conviveu com um erro conceitual relacionado ao biogás”, disse o autor. “O biogás no estado bruto, como fora usado durante anos no País, é prejudicial ao motor dos veículos. É preciso refiná-lo para obter o biometano com 96,5% de pureza. Este é o ponto crucial da obra”, completou Bley Júnior, durante a cerimônia de lançamento.
Também participaram ao evento o coordenador do Sistema de Gestão da Sustentabilidade de Itaipu, Herlon Goelzer de Almeida; o superintendente de Comunicação Social de Itaipu, Gilmar Piolla; o presidente do Oeste em Desenvolvimento, Mario Costenaro; o presidente da Amop, Marcelo Micheletto; o diretor-presidente do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Florindo Dalberto; e o diretor do Centro Internacional de Energias Renováveis Biogás (CIBiogás-ER), Rodrigo Régis de Almeida Galvão.
Mais de 100 pessoas compareceram ao estande da Itaipu para acompanhar a solenidade.
Pioneiro
O diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, incentivador do livro e autor da introdução, assina também a apresentação desta nova versão, editada pela Atol Studio.
“O pioneirismo desta obra está em apresentar conceitos fundamentados em experimentos e demonstrações em escala real. Não se trata, portanto, de um trabalho teórico, mas de um manual dos conceitos que mostra a evolução da viabilidade do aproveitamento do potencial energético da biomassa residual liberada pelas atividades agropecuárias”, afirmou Samek.
“O livro vai auxiliar muito no conhecimento sobre o tema e sabemos que, no futuro, essa energia invisível do biometano não será desperdiçada”, completou o DGB.
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Ascensão
A rapidez entre o lançamento da primeira edição e desta segunda é justificada pela amplitude ganhada pelo tema nos últimos meses. Esta evolução é retratada nesta nova edição que aborda avanços na agenda regulatória em benefício do biometano. A cerimônia desta quarta-feira (4) ocorre um dia após a publicação da resolução da Agência Nacional do Petróleo (ANP) publicar a instrução normativa 8/2015 que regula o biometano.
“Por incrível que pareça, a segunda edição tornou-se superada com essa resolução porque na segunda-feira a ANP oficializa como combustível nacional. É uma ótima superação, era o maior sonho deste livro”, celebra Cícero Bley Jr. “Isso prova que o biometano não é mais uma iniciativa bem-intencionada. Ele é viável.”
A visibilidade adquirida com o biogás nos últimos tempos foi levada à pauta de instituições brasileiras no ano passado, do próprio Ministério de Minas e Energia à Empresa de Pesquisa Energértica (EPE).
Os desafios ainda existentes para o tema também são relatados por Bley Jr., que defende a inclusão do biometano na agenda de políticas públicas. A criação de grupo de trabalho interministerial para o Programa Nacional de Biogás e do Biometano, encaminhada ao Ministério de Minas e Energia, é uma das propostas da agenda nacional.
No campo internacional, as conquistas de 2014 incluem um acordo para a difusão do biogás na América Latina e Caribe, firmado em julho do ano passado entre Itaipu e Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
O anexo foi dividido em sete subtítulos: novos conceitos, oferta descentralizada de energia (conceito que une Geração Distribuída de Energia e da Produção Descentralizada de Combustíveis), novos horizontes no mercado, questões pendentes, agenda em 2014, casos demonstrativos em 2014 e uma estratégia possível para 2015. Com a ampliação, o número de páginas passou de 138 para 179.
Alternativa do presente para o futuro
Para o presidente da Amop, Marcelo Micheletto, é preciso mostrar aos agricultores como o biometano, a partir do biogás, é uma alternativa sustentável que permite a diversificação de renda do produtor.
“Este trabalho representa o que buscamos e esperamos que ele seja um exemplo para os demais pesquisadores”, disse Mário César Costenaro, do Oeste em Desenvolvimento.
O diretor-presidente do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Florindo Dalberto, classificou o lançamento como um momento histórico. “O que vivenciamos aqui é um passo muito importante e decisivo no processo de transição que estamos vivendo, com o biometano como fonte renovável de energia para o futuro.”
Do projeto à rede elétrica
O complemento do livro relata ainda os casos práticos da aplicação do biometano em 2014: os dois aterros energéticos em Itajaí e São Pedro da Aldeia (RJ); a usina de gás renovável em Pomerode (SC); e a GeoEnergética, resultado da cooperativa de 127 produtores de Paraíso do Norte (PR).
Das experiências de Itaipu, estão relacionadas no livro o Centro Internacional de Energias Renováveis Biogás (CIBiogás-ER) e o Projeto Mobilidade a Biogás. A parceria com a Fiat e a Scania, celebrada por Itaipu no segundo semestre de 2014, prova a viabilidade do uso veicular do biometano para veículos de vários portes.
Duas provas dessa aplicação podem ser conferidas no próprio estande de Itaipu no Show Rural. No local, o CIBiogás-ER levou o carro movido a biometano e um posto de abastecimento. Uma unidade de demonstração interligada à Granja Colombari, com a produção de biometano atualizada a cada 15 minutos, foi exposta à visitação.
Fontes renováveis
Bley Jr. mostra, com dados e exemplos, como o biometano tem se consolidado na matriz combustível nacional. Os números confirmam este potencial gigantesco do biogás, na ordem de 20 bilhões de m³/ano, apenas nos setores sucroalcooleiro e na produção de alimentos.
O atual contexto energético favorece a busca de alternativas aos atuais combustíveis. “No ano passado fizemos o ônibus europeu, o Euro 6, rodar três mil quilômetros dentro de Itaipu com combustível produzido em Santa Helena, a 100 km de Itaipu. Isso significa dizer que tivemos o máximo de tecnologia europeia conjugada com a máxima tecnologia de combustível, o nosso biometano”, explicou Bley Jr.
O autor defende, ainda, que o biogás é a fonte mais semelhante à energia hidráulica. “(Ele) pode ser armazenado e a energia gerada pode ser despachada de forma constante, não produzindo impactos nas redes de distribuição”, concluiu.
A Itaipu
Com 20 unidades geradoras e 14.000 MW de potência instalada, a Itaipu Binacional foi responsável, em 2013, pelo abastecimento de 17% de toda a energia consumida pelo Brasil e de 75% do Paraguai. Desde 2003, Itaipu tem como missão empresarial “gerar energia elétrica de qualidade, com responsabilidade social e ambiental, impulsionando o desenvolvimento econômico, turístico e tecnológico, sustentável, no Brasil e no Paraguai”. A empresa tem ainda como visão de futuro chegar a 2020 como “a geradora de energia limpa e renovável com o melhor desempenho operativo e as melhores práticas de sustentabilidade do mundo, impulsionando o desenvolvimento sustentável e a integração regional”.