Neste primeiro semestre de 2015, a UNILA iniciou 12 novos cursos, oito deles com aulas no período noturno, o que aumentou a participação de estudantes que precisam conciliar estudo e trabalho. Agora, a Universidade oferta dez graduações no turno da noite.
Nesses cursos, 40% dos calouros têm mais de 25 anos. Já nos cursos diurnos, este número cai para 20%. Atualmente, a Universidade tem estudantes com idade variando de 17 a 61 anos, sendo que no período diurno a média de idade dos calouros é de 22 anos e no noturno, de 25. Outro destaque é para a grande presença de estudantes locais. Do total de alunos brasileiros que ingressaram neste ano em graduações ofertadas no período da noite, 65% são paranaenses, dos quais 80% são iguaçuenses ou de municípios da região.
Paulo Rogério de Moraes, 39 anos, estudante do primeiro semestre de licenciatura em Geografia, e Sidney José Nogueira, 37 anos, aluno do primeiro semestre de Administração Pública e Políticas Públicas, têm um perfil com participação importante na formação das turmas noturnas: além da faixa etária, trabalham durante o dia. “O fato de poder fazer o curso é justamente por ser noturno”, diz Nogueira. “Na verdade, foi uma oportunidade maravilhosa o fato de ser em Foz do Iguaçu e ser noturno”, completa Rogério.
Conciliar trabalho e estudo é importante, também, para os mais jovens, como Rafaela Pereira Viana, 23, aluna de Administração Pública e moradora de Foz do Iguaçu. O fato de ser noturno influenciou a escolha do curso, mas a grade curricular também teve um peso importante para ela. “O curso abre possibilidade de carreiras diversas. Além disso, tem o aspecto multicultural, porque tem pessoas e culturas de todo o Brasil e estrangeiros”, destaca.
Adriele Saldanha, 28 anos, é do Rio de Janeiro e também foi atraída pelas propostas da UNILA, que ela conheceu em 2011, durante uma viagem a Foz do Iguaçu. “Trabalhava no Rio e quando passei não pensei duas vezes. Soube numa sexta, me mudei na quarta. Pedi demissão e vim”, contou. Inicialmente, ela queria cursar Relações Internacionais, mas diz que, agora, não troca o curso de Geografia. ”Por mais que eu goste de Relações Internacionais, a Geografia me deu um leque a mais. O primeiro mês de aulas foi suficiente para dizer que não quero mudar.”
Os cursos noturnos são a concretização de sonhos para muitos estudantes. Marlene Rodrigues Alves, 48 anos, aluna do curso de Licenciatura em Letras - Espanhol e Português como Línguas Estrangeiras, faz a sua primeira graduação. A profissão da caloura sempre foi cuidar da casa e dos filhos, em tempo integral. A oportunidade de estudar só surgiu após “encaminhar” os filhos. Agora, ela tem tempo para si e para os afazeres da casa. O esforço, após seis tentativas de Enem, foi compensado e ela já traça planos para o futuro. “Gostaria de fazer concurso público para dar aulas no Ensino Médio e, principalmente, trabalhar como voluntária no ensino da língua espanhola”, afirma.
A língua espanhola, aliás, sempre esteve presente na vida de Marlene. Natural de Arroio Grande (RS), fronteira com o Uruguai, e moradora de Foz do Iguaçu há 25 anos, ela teve os ouvidos treinados pelo espanhol, apesar de não praticar a fala. “Sentia vergonha de falar a língua. Na UNILA, já interagi com uruguaios, paraguaios e haitianos, me identifiquei com o curso por conta da diversidade cultural e para ter o domínio do espanhol, idioma que ganha mais força a partir de avanços culturais e políticos, a exemplo do Mercosul”, opina.