Os Servidores do Judiciário se juntam aos Professores em greve em São Miguel do Iguaçu
Num clima de profunda tristeza e melancolia os Professores se reuniram hoje à tarde no auditório do Colégio Nestor de São Miguel do Iguaçu para fazer uma avaliação da greve, bem como traçar novas estratégias para enfrentar a truculência e a desonestidade do Governador Beto Richa e seus comparsas - entre os presentes reforçando a paralisação os Servidores do Judiciário de São Miguel do Iguaçu.
A impressão que se tem, é que as bombas mandadas de todos os lados, inclusive de helicóptero pela tropa de choque do Beto Richa, funcionaram como uma espécie de Big Bang da Educação. “Estão todos mais unidos do que nunca – é o renascer de um novo despertar – a impressão é que as partículas de gás e pimenta misturadas aos estrondos estarrecedores das bombas se juntaram ao sangue e ao suor dos PROFESSORES e formaram uma nova consciência educativa”.
Segundo o professor Ari, em reunião realizada hoje de manhã pela APP – Sindicato ficou definido que a Greve continua, em princípio até o próximo dia 05, terça-feira. “Vamos permanecer em estado de greve e organizados – enquanto o departamento jurídico da APP – Sindicato juntamente com outras entidades, entre as quais a própria OAB, estão tomando todas as providências para processar criminalmente os responsáveis por esse massacre que houve ontem em Curitiba”, nos dizia Ari. Segundo Ari, em São Miguel os professores que aderiram a greve chega a 90%, sendo que a nível de Estado, segundo a APP - Sindicato o indice chega a 80%.
A orientação repassada aos que estiveram em Curitiba e de alguma forma foram atingidos e feridos com balas de borrachas, bombas e cassetetes é que façam o Boletim de Ocorrência e levem tudo ao conhecimento do Ministério Público. “Nunca imaginei que um dia iria passar por isso – não estávamos ali para confrontar – simplesmente estávamos reivindicando nossos direitos e de repente, o que presenciei foi uma cena de guerra – e a gente ali com aquela sensação de impotência, apanhando e vendo os teus colegas de profissão sendo arrastado, pisado, massacrado”, descreve a professora Eli, sintetizando o pensamento de todos.
Ainda segundo a professora Eli, em dado momento pediu aos policiais para quem eles poderiam pedir ajuda naquele momento. Muitos deles nos orientaram que devíamos levar ao conhecimento da Promotoria da Justiça e dizer que foi usado abuso e força desproporcional contra professores indefesos.
Uma professora que conseguiu entrar na Assembléia, relata que quando começou a estourar as bombas lá fora, o deputado Professor Lemos, entrou correndo e pediu ao presidente Traiano que parasse com a votação por que lá fora já tinha dois professores mortos: “O que está acontecendo lá fora é problema da Secretaria de Segurança Pública. Nós estamos realizando uma sessão normal e vamos continuar com a votação sim – o que está acontecendo lá fora não nos interessa”, teria respondido o presidente.
Edson da Silva, servidor do Judiciário e representante do SINDIJUS, demonstrando profunda indignação por tudo o que está acontecendo, disse estar preocupadíssimo com o rumo com que as coisas estão tomando. “Nas reuniões que tenho participado tenho dito aos meus colegas de que a Justiça do Paraná está de luto. A Justiça do Paraná está sangrando. Como funcionário desta instituição, me sinto revoltado e envergonhado em saber que a ordem para que se montasse todo esse aparato de guerra tenha partido da própria Justiça. Estamos todos unidos com vocês e não vamos desistir nunca”, pontuou Edson.
Edson, disse ainda que recentemente numa reunião que teve em Brasília com um dos Ministros da Corte Suprema, é de que eles próprios estão preocupados com a Justiça do Paraná.
A professora Graziela Ferreira, fez um relato dramático – aos prantos deixou transbordar toda a sua frustração, toda a sua indignação por tudo o que passou naquelas duas horas fatídicas no Centro Cívico. “Foram duas horas de tiros e bombas que pareciam que não iam mais ter fim – hoje levantei chorando e com uma vontade imensa de rasgar o meu diploma de professor, apesar de que ele nada tenha a ver com isto”, relatou.
Foram vários os depoimentos e o sentimento era um só: indignação com o que aconteceu e uma forte determinação em resistir, resistir e resistir. “A última coisa que estamos pensando agora é em reposição de aula e de desconto dos dias parados na folha de pagamento. O que queremos agora é saber onde e como podemos buscar por Justiça contra toda essa Injustiça que estão fazendo com a Educação”, relatava a professora Diana.
Para descontrair um pouco o ambiente, mostrando a mesa recheada de artefatos detonados que foram recolhidos no local, como balas de borracha, bombas de efeito moral e bombas de gás lacrimogêneo – eles diziam que daqui pra frente vão ter que incluir na grade curricular esse novo aprendizado – o que fazer para se proteger ao enfrentar gás de pimenta, entre outras...