Eles estão preocupados com a precarização das relações de trabalho, redução de direitos e querem uma nova norma da OIT, que trate da formalização: mais de 50% dos trabalhadores no mundo são informais.
Trabalhadores brasileiros que participam da 104ª Conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra- Suíça, reivindicam, entre outras questões, o reconhecimento do movimento sindical como parte integrante dos BRICS, o bloco econômico que reúne os países Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
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Integrar a pauta sindical aos acordos comerciais firmados entre esses países significa promover uma cooperação internacional também no que diz respeito à ampliação e garantia de direitos trabalhistas e na superação de problemas comuns, como a precarização e o enfrentamento das crises econômicas, que penalizam em primeiro lugar a classe trabalhadora. A opinião é do diretor de relações internacionais da Força Sindical do Brasil, Nilton Neco, em entrevista ao advogado trabalhista e professor de Prática Jurídica da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Lunard Nicoladeli.
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Neco lembra que falta ao bloco firmar compromissos sobre a adoção e compartilhamento das normas da OIT. “Não seja só um espaço de encontro para acordos comerciais, mas também de encontros de fortalecimento dos direitos dos trabalhadores”, argumenta. Ele vê a participação das centrais sindicais brasileiras na conferência em Genebra e a interação com os trabalhadores dos demais países-membros da OIT como uma oportunidade de fortalecer os interesses dos trabalhadores e um desafio para avançar na representação global desses interesses, bem como na combinação de uma agenda do trabalho decente. “As empresas já não têm mais hoje uma pátria fixa, estão em todos os lugares”, diz Neco. “Por isso, é importante a solidariedade entre o movimento sindical e os trabalhadores para que a gente fortaleça a nossa luta”, fala o dirigente da Força Sindical.
A precarização do trabalho no mundo
Em outros trechos da entrevista, Nilton Neco demonstra preocupação quando fala sobre o fenômeno mundial de avanço da precarização das relações de trabalho, em especial nos países latino americanos, e a redução de direitos já conquistados. “Hoje, há uma precarização do trabalho no mundo, que é muito grave”, comenta. “E se o movimento sindical não somar forças, não unir forças, a tendência é de nós (a classe trabalhadora) passarmos por um momento muito difícil”, afirma o dirigente.
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Neco chama a atenção para a adoção de ajustes fiscais dos países em tempos de crise econômica e critica o fato de esses ajustes se amparam na redução de direitos e no sacrifício da classe trabalhadora. “Direitos que nós levamos anos para conquistar estão sendo destruídos, agora, em questão de meses”, afirma. E reforça a necessidade de unificação: “por isso que o movimento sindical tem de se fortalecer, tem de apontar caminhos e fazer a luta unitária em nível mundial, para que a gente não só avance, mas não perca direitos”.
Mais de 50% dos trabalhadores no mundo são informais
A formalização com trabalho decente também é uma grande preocupação do dirigente da Força. Nilton Neco diz que a agenda do trabalho decente no mundo tem de ser uma prioridade do movimento sindical. Para ele, se avançou muito no Brasil, nos últimos anos nessa questão de não apenas perseguir a criação de empregos, para ocupação dos trabalhadores, mas a criação de empregos decentes.
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“Nós tivemos uma discussão muito importante sobre uma nova norma da OIT com relação à formalização da informalidade. Hoje, mais de 50% dos trabalhadores no mundo são informais”, comenta. Neco conclui, dizendo que “é importante que a gente formalize o trabalhador, mas formalize com a prática do trabalho decente. Acredito que essa seja uma política importante que a OIT vem implementando no mundo e que o movimento sindical tenha de abraçar e trabalhar nesse sentido”, finalizou.
Nesta semana, o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, fez sua intervenção na 104ª Conferência da OIT, representando o conjunto dos trabalhadores brasileiros. A cada conferência, as centrais sindicais se revezam nessa representação. O ministro do Trabalho e Emprego do Brasil, Manoel Dias, também se pronunciou sobre os compromissos do país com a OIT, o avanço nas metas e na agenda do trabalho decente. A conferência segue, em Genebra-Suíça, até amanhã (13).
Áudio com a íntegra da entrevista: https://soundcloud.com/defesa-de-trabalhadores/sets/entrevista-nilton-neco-forca-sindical-do-brasil