Ao apresentar o projeto, Gilmar Piolla defendeu o aumento da cota de compras e inclusão da fronteira em “zona especial de interesse turístico”
Fotos: Nilton Rolin / Itaipu Binacional - O projeto Beira Foz, que prevê o desenvolvimento urbano e a ocupação pública das margens dos rios Paraná e Iguaçu, na fronteira do Brasil com Paraguai e Argentina, foi considerado “emblemático” pelo Ministério do Turismo, por atender ao interesse de “convergência regional”. O projeto foi apresentado pelo superintendente de Comunicação Social da Itaipu e presidente do Fundo Iguaçu, Gilmar Piolla, durante a 15ª Reunião de Ministros de Turismo do Mercosul, nesta terça-feira (16), no Wish Resort Golf Convention, em Foz do Iguaçu. Em outubro deste ano, o assunto será discutido com o Paraguai e a Argentina numa reunião em Assunção.
Em sua apresentação, Piolla defendeu que as três cidades de fronteira - Foz do Iguaçu, Puerto Iguazú (Argentina) e Ciudad del Este (Paraguai) sejam consideradas “zona especial de interesse turístico”, com legislação fiscal e tributária específica, para se enquadrarem no projeto que o Ministério do Turismo pretende apresentar no Congresso Nacional. Esse projeto pretende “fomentar o investimento privado nacional e internacional” no setor turístico, de acordo com o ministro do Turismo, Henrique Alves, que participou da reunião.
Segundo o ministro, o Brasil – e também os países do Mercosul – devem adotar uma legislação para o turismo com menos entraves tributários e fiscais e com menor burocracia para o licenciamento ambiental, “mas com respeito à natureza”. Ele disse que o turismo no Brasil, por exemplo, ainda tem números insignificantes na comparação com outros países. O país recebe 6 milhões de estrangeiros por ano, contra 24 milhões na Tailândia, 11 milhões na Croácia e 30 milhões no México.
Em relação ao México, Henrique Alves lembrou que do total de receita do turismo – US$ 17 bilhões - cerca de US$ 11 bilhões vêm somente de Cancún. O Brasil, com todos os seus atrativos, arrecada com o turismo, anualmente, menos de US$ 7 bilhões.
Para o ministro, as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, representam uma “grande oportunidade” para divulgação do Brasil e da América do Sul. Virão ao Brasil representantes de 200 países. E 70 mil jornalistas de todo o mundo serão credenciados para a cobertura dos eventos esportivos.
O encontro
Foi a primeira vez que a reunião anual dos ministros de Turismo do Mercosul ocorreu em Foz do Iguaçu. Participaram os ministros de Turismo do Brasil, Henrique Alves; da Argentina, Carlos Henrique Meyer; e do Paraguai, Marcela Bacigalupo, além de representantes dos ministérios de Turismo da Colômbia, Venezuela e Chile. O encontro durou toda a manhã.
Segundo Acir Pimenta Madeira Filho, chefe da Assessoria Especial de Relações Internacionais do Ministério do Turismo, no encontro os países, entre outros temas, reforçaram o compromisso de manter e intensificar as promoções turísticas do Mercosul em “países distantes” (China, Austrália, Cingapura, Nova Zelândia e Coreia do Sul, especialmente); decidiram criar um corpo técnico para cooperação na “harmonização de estatísticas turísticas”, em que o Brasil está mais avançado; e reforçar as ações por um “turismo ético”, que inclui o enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes.
Ele disse ainda que o projeto Beira Foz foi bem recebido pelos participantes do encontro. O projeto, segundo ele, tem “potencial emblemático” em relação à proposta de criação de zonas especiais de interesse turístico e se destaca também porque “põe para falar a mesma linguagem o poder público e a iniciativa privada”.
Cota de US$ 500
No encontro dos ministros, Gilmar Piolla defendeu um aumento da cota de compras na região de fronteira, dos atuais US$ 300 para US$ 500, o que contribuiria para reduzir o déficit do Brasil nas contas externas. Ele disse que, com o aumento da cota, pelo menos um quarto dos brasileiros que viajam a outros países viria fazer compras na região, dinamizando o turismo interno e a economia regional. Só no ano passado, as compras de brasileiros no exterior somaram US$ 25,6 bilhões.
O turismo é o grande fator de integração entre as três cidades de fronteira, destacou Piolla, lembrando que, enquanto Foz do Iguaçu é um destino de lazer, eventos, ecoturismo e esportes radicais, Ciudad del Este se destaca como destino de compras (é o maior centro de compras da América Latina) e jogos e Puerto Iguazú é um destino de ecoturismo, compras, gastronomia e jogos.
A integração ocorre até nos principais atrativos: as Cataratas do Iguaçu, que o Brasil divide com a Argentina, e a usina de Itaipu, uma parceria com o Paraguai. As três cidades contam com aeroportos internacionais e estão no centro de uma região com 3,2 milhões de habitantes (1,24 milhão no Oeste do Paraná, 1,17 na província argentina de Misiones e 785 mil no Alto Paraná, Paraguai).
Beira Foz
O projeto Beira Foz, conforme a apresentação de Piolla, prevê o desenvolvimento urbano e a ocupação pública das margens dos rios Paraná e Iguaçu, em Foz do Iguaçu, por meio de uma plataforma de investimentos públicos e privados, com operações urbanas consorciadas e parcerias público-privadas. O Masterplan do projeto foi desenvolvido pela empresa Arup, da Inglaterra, uma das maiores consultorias do mundo em projetos urbanísticos.
A Arup também fez a modelagem de sete operações urbanas consorciadas, priorizando a Avenida Beira Rio existente, no trecho de 6 km já pavimentados, e a região do entorno da Ponte Internacional da Amizade, Jardim Jupira e Marco das 3 Fronteiras. O Beira Foz prevê a criação de parques e áreas de lazer, além de projetos residenciais de médio padrão e alto padrão e de uma área para hotéis, restaurantes e espaços culturais. Prevê ainda uma área comercial, que inclui um centro de comércio internacional, um centro cultural e de lazer, trilhas e ciclovia.
Os próximos passos do projeto são a contratação do Plano Diretor de Foz do Iguaçu, que integrará o Masterplan geral do Beira Foz, o desenho das operações urbanas consorciadas e as PPPs. A gestão do projeto Beira Foz é do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Foz do Iguaçu (Codefoz) e Prefeitura, com apoio da Itaipu e do Fundo Iguaçu.
Beira Foz já começou
No encontro, Piolla disse que o Beira Foz já começou com a revitalização da Ponte da Amizade e a concessão do Marco das Três Fronteiras e do Espaço das Américas.
Ele apresentou ainda a relação de uma série de projetos estruturantes que vão mudar a infraestrutura do Destino Iguaçu. Entre eles, a segunda ponte com o Paraguai (a empresa vencedora trabalha nos projetos executivos e no licenciamento ambiental); e a Perimetral Leste, que ligará a Segunda Ponte à BR-277.
Também foram apresentados o projeto da nova pista de pouso e decolagem no Aeroporto Internacional; de duplicação da Rodovia das Cataratas; de revitalização da Avenida das Cataratas; do novo Porto Seco; do Viaduto da Avenida Costa e Silva; do Autódromo Internacional, com projeto também desenvolvido pela Arup; e da nova iluminação da Barragem de Itaipu.
A Itaipu
Com 20 unidades geradoras e 14.000 MW de potência instalada, a Itaipu Binacional é líder mundial na geração de energia limpa e renovável, tendo produzido, desde 1984, mais de 2,2 bilhões de MWh. A hidrelétrica é responsável pelo abastecimento de cerca de 17% de toda a energia consumida pelo Brasil e de 75% do Paraguai. Desde 2003, Itaipu tem como missão empresarial “gerar energia elétrica de qualidade, com responsabilidade social e ambiental, impulsionando o desenvolvimento econômico, turístico e tecnológico, sustentável, no Brasil e no Paraguai”. A empresa tem ainda como visão de futuro chegar a 2020 como “a geradora de energia limpa e renovável com o melhor desempenho operativo e as melhores práticas de sustentabilidade do mundo, impulsionando o desenvolvimento sustentável e a integração