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O "REI DA SOJA".
  Data/Hora: 18.jun.2015 - 8h 58 - Categoria: Brasil  
 
 
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Por LÚCIO FLÁVIO PINTO -Via blog do autor - Fonte: Tribuna da Imprensa 
 
 
O paulista Olacyr de Moraes começou a fazer negócios e criar empresas quando tinha 19 anos. Fez muita coisa ao longo da sua vida movimentada, que chegou ao fim antes de ontem, em São Paulo, quando ele tinha 84 anos, abatido por um câncer de pâncreas. Mas o título que ficará da sua história é o de “rei da soja”. Conquistou-o a partir de 1973, quando começou a plantar soja em Mato Grosso, se infiltrando no novo negócio graças a uma enchente, que reduziu a safra americana e a oferta mundial do produto. Os Estados Unidos dominavam o mercado nessa época.
 
 
Mas a empreitada só deu certo porque Olacyr financiou para que a Embrapa desenvolvesse uma semente de alta produtividade adaptada à região. Nos anos de 1980 ele se tornou o maior produtor individual do mundo, título que passou para Blairo Maggi quando Olacyr, o mais jovem brasileiro da lista de bilionários da revista Forbes, começou a perder dinheiro em iniciativas mal sucedidas.
 
 
A mesma soja que o levou ao topo o derrubou. Tentando ir além da plantação do grão, começou a construir a Ferronorte, ferrovia que escoaria a soja para o exterior, com o apoio da Sudam e do governo de São Paulo. Ele aplicou seu capital, mas o governo não teria honrado seus compromissos com o projeto. As dívidas cresceram e para pagá-las ele passou em frente grande parte do seu patrimônio.
 
 
O dono de uma das maiores propriedades rurais do mundo, dedicada a uma única cultura, acabou se valendo do Incra para dar um destino à sua fazenda, a famosa Itamarati. Vendidas, as terras foram fatiadas e repartidas entre três mil famílias selecionadas pelo MST para o assentamento.
 
 
Olacyr não conseguiu mais retornar ao alto mundo dos negócios, o que não chegou a ser desastroso. Ele aproveitou o que restava da sua fortuna para se divertir. Vendeu a sua primeira e principal empresa, a Constran, para Ricardo Pessoa, um dos empreiteiros presos na Operação Lava-Jato. Seria o seu inevitável destino se ele tivesse continuado suas relações com grandes obras do governo, marca de todo empreiteiro no Brasil?
 
 
Talvez. Sem esse risco, ele continuará a ser lembrado como o “rei da soja”, co-inventor de uma planta que se adaptou à umidade amazônica e se tornou uma arma contra a floresta, posta abaixo para a formação de enormes campos de monocultivo como os de Olacyr de Moraes. Uma pólvora biológica que desencadeou um rastilho de queimadas sobre um paraíso perdido.
 
 
 

 

 

 
 
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