Implantação já tem sinalização positiva do secretário estadual de Recursos Hídricos, Benedito Braga
Foto: Rubens Fraulini - O diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, afirmou na manhã desta quarta-feira (6), que o programa Cultivando Água Boa (CAB), da Itaipu Binacional, deverá ser adotado pelo Governo do Estado de São Paulo para proteger os reservatórios do Sistema Cantareira.
Segundo Andreu, a proposta foi feita após uma conversa com o secretário de Recursos Hídricos de São Paulo (e presidente do Conselho Mundial da Água), Benedito Braga. Na ocasião, Braga afirmou acreditar que a adoção do CAB é uma estratégia importante para combater a escassez de água que acomete aquele estado.
“O Benedito já conhece o CAB e afirmou que irá acertar uma cooperação com Itaipu para levar a iniciativa para lá. Evidentemente, ainda há um caminho a ser percorrido para se firmar essa cooperação e para se criar uma articulação com os programas e recursos que já existem”, afirmou.
A declaração de Vicente Andreu foi dada durante sua fala na abertura do “Encontro de experiências pioneiras e inovadoras de iniciativas sociais na gestão da água”, que reúne autoridades da Organização das Nações Unidas (ONU) e representantes de 18 países em Foz do Iguaçu (PR). O objetivo do encontro é formar uma rede mundial de boas práticas na gestão da água a partir da experiência dos 11 vencedores do prêmio Water for Life. O encontro se estende até amanhã, ao meio dia, no Hotel Golden Park.
Cultivando Água Boa
O CAB é um conjunto de 20 programas executados na Bacia do Paraná Parte 3, um território de aproximadamente 800 mil hectares e um milhão de habitantes, distribuídos por 29 municípios no entorno do reservatório de Itaipu. Ao todo, são 217 microbacias hidrográficas que conta com diversas ações para a proteção e recuperação das nascentes e dos cursos dos rios, com iniciativas voltadas a novos meios de produção (principalmente agropecuária) e consumo, conservação da biodiversidade, educação ambiental, atenção a segmentos vulneráveis (como indígenas, agricultores familiares, pescadores e catadores de materiais recicláveis), entre outros. O programa recebeu o prêmio Water for Life, da ONU Água, como melhor prática de gestão dos recursos hídricos no mundo, em 2015.
“O CAB é uma experiência única em termos de resultados, que são muito consistentes. É claro que, para ser aplicado na Cantareira, que tem as margens bastante devastadas, tem que se ter em vista um horizonte de longo prazo. Não é porque hoje se plantam algumas mudas para recuperar as matas ciliares que se deve esperar um aumento do nível dos reservatórios amanhã. Mas é um trabalho complexo que certamente passará pela proteção das nascentes”, disse Andreu.
Para ele, um dos pontos fortes do programa está na gestão compartilhada e no envolvimento das comunidades na condução das ações. “Não adianta os órgãos reguladores dizerem o que a sociedade tem que fazer. É a sociedade, como no CAB, que tem que dizer o que precisa ser feito”, completou.
A Itaipu
Com 20 unidades geradoras e 14.000 MW de potência instalada, a Itaipu Binacional é líder mundial na geração de energia limpa e renovável, tendo produzido, desde 1984, mais de 2,2 bilhões de MWh. A hidrelétrica é responsável pelo abastecimento de cerca de 17% de toda a energia consumida pelo Brasil e de 75% do Paraguai. Desde 2003, Itaipu tem como missão empresarial “gerar energia elétrica de qualidade, com responsabilidade social e ambiental, impulsionando o desenvolvimento econômico, turístico e tecnológico, sustentável, no Brasil e no Paraguai”. A empresa tem ainda como visão de futuro chegar a 2020 como “a geradora de energia limpa e renovável com o melhor desempenho operativo e as melhores práticas de sustentabilidade do mundo, impulsionando o desenvolvimento sustentável e a integração regional”.