Poucos acreditaram quando o Governador Beto Richa, anunciou a sua intenção de cortar R$ 400 milhões do orçamento da educação de 2015, alegando a necessidade de cortar gastos e readequar as finanças do Estado.
“Estão promovendo junção de turmas, recolocação de escolas que estão em prédios locados, juntando uma escola com a outra, fechando Ceebjas, enfim, colocando o seu plano de fazer caixa para o Estado em ação”.
O CEEBJA de São Miguel do Iguaçu que funciona junto ao Colégio Nestor Victor dos Santos e conta com cerca de 250 alunos ativo matriculados entre o Ensino Fundamental Fase II e Médio – mas a escola já chegou ao pico de 450 alunos no mês de abril deste ano. Temos uma equipe de 20 professores, sendo oito desses efetivos com padrão fixo no estabelecimento.
“Fica difícil você imaginar uma junção duma escola como a nossa com outras turmas formadas por crianças e adolescentes. Os alunos do Ceebja são jovens e adultos que requerem da classe um tratamento diferenciado”, nos dizia o professor Emerson Adriano, um dos coordenadores.
“Temos um cronograma de oferta coletiva, onde os alunos aproveitam os anos/séries concluídos, respeitando o conhecimento adquirido e trajetória de vida dos estudantes”, explica o professor Ari Luiz Jarczewski, Diretor da Escola, ressaltando que em recente visita a Curitiba, onde foram recebidos pela Superintendente de Educação, professora Fabiana Cristina Campos, existe a possibilidade de que se consiga neutralizar essa tentativa de junção.
Emerson, Maria de Fátima, Ari (Diretor) Fabiana e Neuza (Coordenadores, Diretor e Auxiliares Administrativas da Escola)
“Estamos apresentando as justificativas e contamos com o apoio da população e da comunidade escolar que estão demonstrando que querem preservar e manter este Centro Educacional funcionando nas condições atuais”, afirma Ari, ressaltando que a própria Superintendente da Educação, também deixou claro que deve ser analisado cada caso em particular antes de se tomar qualquer decisão.
“Temos um abaixo assinado que já conta com a assinatura de mais de 2000 mil pessoas e o apoio declarado das autoridades locais, inclusive do do Deputado Federal Sérgio Souza que esteve nos visitando”, relata.
Em contato direto com a comunidade escolar, é que se nota o quanto é importante esse sistema de ensino diferenciado onde se respeita o conhecimento adquirido e a trajetória de vida dos estudantes.
Segundo o aluno Ricardo Burtet, 47 anos, que esse ano conclui o Ensino Fundamental, só encontrou estimulo para voltar a estudar depois que visitou essa escola. “Esse ano estou concluindo o Ensino Médio. Comecei a cinco anos no Eja, que funcionava junto a Escola José Francisco”, ressaltando que hoje já está trabalhando durante o dia como auxiliar administrativo junto a Escola Pestalozzi.
“Eu acho uma maldade muito grande querer fechar uma instituição como essa. Com a idade que tenho, dificilmente iria me sentir a vontade como me sinto hoje, estudando com alunos bem mais jovens. O Governo vai cometer um grande erro, caso persista nessa junção”, acredita Ricardo.
A aluna Vera Niero, 54 anos, terminou o fundamental e já está eliminando matérias do Ensino Médio, também defende a manutenção deste Centro de Educação.
“Não podemos admitir que o Governo feche uma instituição que está dando certo – que acabe com o sonho de tantas pessoas que estão buscando o conhecimento para realizar o seu projeto de vida. Se o governo quer cortar gastos, tudo bem, mas em cima da educação não”, enfatiza.
Cristiano Esteves, 39 anos, por exemplo, começou recentemente o fundamental e está eliminando inicialmente matemática e português. “Apesar da idade, me sinto muito a vontade nesta escola onde já fiz amizades e reconquistei a vontade de voltar a estudar. Vejo como péssima essa idéia do Governador querer fechar uma instituição como essa”, afirma.
Rosa Marioto, 36 anos, freqüenta o Ceebja desde 2014. “Comecei meus estudos no Paraguai e só estou conseguindo voltar a estudar de novo graças a essa Escola. Pessoas como eu que precisa trabalhar de dia, encontra numa escola como essa flexibilização e uma atenção especial dos professores. Não acredito que o Governo vá fazer essa tal de otimização que estão falando. Seria um grande erro. As coisas que estão dando certo temos que se valorizar cada vez mais”, defende ela.
A cozinha tem no comando duas Agentes Educacionais que conhecem muito bem as necessidades alimentares, organizando um cardápio que possa atender aos estudantes trabalhadores, que por conta da rotina pesada de trabalho, necessitam de um jantar mais nutritivo.
Uma equipe multidisciplinar agregando valores e possibilitando maior rendimento escolar
O Laboratório de Informática PROINFO, conta com 14 computadores, oportunizando a inclusão digital de muitos alunos que devido a idade e condições de vida não haviam até então, tido acesso a informática e outras mídias.