Momento antes de escrever essa matéria recordava-me da simplicidade, da vida simples que leva o ex-presidente do Uruguai, José Pepe Mujica, fato esse conhecido nos quatro cantos do mundo. Um exemplo para a humanidade. Durante o seu mandato como presidente do Uruguai, ele se recusou a viver no Palácio Presidencial ou ter um “cortejo motorizado”. E até hoje vive numa casa de apenas um quarto na fazenda de sua esposa nos arredores da capital e dirige um fusca ano 1978.
“Houve muitos anos em que eu ficaria feliz em apenas ter um colchão”, disse Mujica ao jornalista que o entrevistava, se referindo a seu tempo na prisão. Ele doa mais de 90% de seu salário de 12 mil dólares à caridade – o que o coloca no mesmo patamar de renda de um cidadão uruguaio comum.
Quando o taxaram de “o presidente mais pobre do mundo”, ele também refutou o rótulo: “Uma PESSOA pobre não é aquela que tem pouco, mas aquela que precisa sempre de mais e mais e mais. Eu não vivo na pobreza, vivo com simplicidade. Necessito de poucas coisas para viver”.
Será que o ex-presidente do Legislativo Municipal, vereador Edson Ferreira, o popular Edson do Conselho, sabe disso? Acredito que não – mas, em breve o Ministério Público deverá enquadrá-lo não só na Lei de Improbidade Administrativa, com perda de mandato e ressarcimento de tudo o que surrupiou indevidamente do Patrimônio Público – mas também em vários outros artigos do nosso código penal.
Como assim? Já se encontra em poder do Ministério Público, farta documentação que demonstra claramente que em sua gestão como presidente da Câmara, ele usou e se locupletou do cargo que exercia como se estivesse acima de tudo e de todos. Seja por ignorância, excesso de confiança, ou acreditando que essa é a cidade da impunidade, ele meteu os pés pelas mãos...
Uma busca mais apurada na sua contabilidade, a gente se depara com coisas que é difícil de acreditar que um cidadão eleito pelo povo com a nobre missão de legislar e fiscalizar é capaz de fazer. Na área de combustível, por exemplo, mesmo a Câmara tendo um só veículo, o mesmo foi abastecido até três vezes no mesmo dia. Em muitas destas abastecida, não consta o número da placa do veículo que estava sendo abastecido.
E o pior, numa dessas abastecidas, mais precisamente do dia 26/04/2013, cuja nota foi assinada pelo próprio Edson, empenhada e paga pela Câmara, consta o número da placa de um veículo registrado junto ao DETRAN em nome da sua esposa (MDX-9092). Descuido? Ou certeza da impunidade... E isso vem de encontro ao que se ouvia e ainda se ouve nos bastidores: “com “nóis” não acontece nada – se perdermos aqui ganhamos no tribunal”, dizem eles. Da onde vem essa confiança toda?
O combustível usado supostamente pelo carro da Câmara, durante o seu mandato, dá para dar a volta ao mundo várias vezes. E não é só na área de combustível não. Na compra de suprimentos para a Câmara, por exemplo, ele chegou a comprar num só mês, 60 quilos de açúcar. (25 kg / 15 kg / 20 kg). Isso num só mês.
Ontem, quanto estava alinhavando essa matéria, dei um pulo até o Legislativo Municipal e pedi a funcionária (concursada), encarregada pela cozinha quanto de açúcar ela gasta por mês na Câmara. “Gira em torno de dois pacotes de cinco quilos por mês”, me disse ela.
Deu para perceber de quanto é o percentual envolvendo a corrupção onde esse “nobre” vereador mete a mão? Quanto custa no mercado um kit com quatro mastros de alumínio e bandeiras de cetim? A Câmara pagou na gestão do seu Edson Ferreira, a bagatela de R$ 7.460,00.
Não encontramos ontem o Vereador Edson para comentar sobre essa matéria. O espaço está aberto para dar a sua versão, desde que, é claro, pague pelo mesmo, afinal, a sua qualidade de vida depois que se elegeu vereador e presidente do Legislativo, graças ao seu trabalho profícuo deu um salto de qualidade...
Em breve voltamos novamente para falar ainda sobre esse assunto, sobre formigas e formigueiros, lixo e lixeiros, zelos e zelosos, quantidade e qualidade...
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