Instalação aproveita o potencial tecnológico dos empreendimentos do munícipio, que representam maioria entre as incubadas não residentes no PTI
Fotos: Alexandre Marchetti - A cidade de Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná, foi escolhida para receber a primeira filial da uma incubadora de empresas do Parque Tecnológico Itaipu (PTI). A instalação da primeira estrutura física da incubadora fora da matriz, localizada na sede do parque, na usina de Itaipu, em Foz do Iguaçu, foi oficializada nesta quinta-feira (21), com a assinatura de um convênio entre o PTI e a prefeitura de Marechal Cândido Rondon.
A cerimônia ocorreu no auditório da prefeitura, às 10h. Participaram da solenidade o diretor-superintendente da Fundação PTI, Juan Carlos Sotuyo; o prefeito de Marechal, Moacir Froehlich; o secretário de Indústria, Comércio e Turismo, Guido Herpich; e o presidente da Coordenação das Associações Comerciais e Empresariais do Oeste do Paraná (Caciopar), Sérgio Antonio Marcucci; além de outras autoridades e de representantes das incubadas. Após a assinatura, eles seguiram para o prédio onde ficará a filial.
“O convênio assinado hoje é resultado do trabalho de empreendedores e de seus projetos de base tecnológica, com modelos de negócios extremamente interessantes e com grande potencial de mercado”, disse Juan Sotuyo.
De acordo o diretor-superintendente, esta é apenas a primeira expansão da Incubadora Santos Dumont – nome da incubadora empresarial do PTI – para as cidades de região. Outras, como Cascavel e Toledo, também estão em estudo, mas não há prazo definido para conclusão.
Para Moacir Froehlich, a incubadora representa um grande avanço para a cidade, que deve despontar na área da tecnologia. “Nossa região é tradicionalmente produtora de grãos e ligada à agricultura e pecuária, mas devemos despontar também no campo da tecnologia ao incubar empresas que proporão novos campos de empreendedorismo”, disse.
A incubadora funcionará no antigo Colégio Sesi, em uma região estratégica, próxima à entrada do município. O espaço total é de 3.649 m², sendo 900 m² de área construída, incluindo um prédio de dois pavimentos (600 m²) e um amplo galpão (300 m²).
A previsão é que as empresas possam se instalar a partir de março, após reforma para adequação do espaço. A instalação dos equipamentos ficará a cargo das incubadas.
A intenção é desenvolver, especialmente, projetos ligados à vocação do município, voltada ao agronegócio, e também estimular inovações nos setores de energia, água, gestão e tecnologia da informação e da comunicação.
No local, será mantida uma equipe da prefeitura e da incubadora para que haja um acompanhamento permanente da metodologia da Fundação PTI.
Mais espaço para crescer
Inicialmente, a filial atenderá quatro empresas do município. Elas já são incubadas no PTI, mas não estão instaladas fisicamente no parque tecnológico e funcionam em local cedido ou alugado. São as chamadas ”empresas não residentes”. Nesta modalidade, as rondonenses são maioria entre as incubadas da Santos Dumont. Das cinco incubadas, apenas uma é de Cascavel.
As beneficiadas serão a Biofábrica Apoena, produtora de insetos para alimentação de peixes, aves, aranhas e répteis; a Rondotec, desenvolvedora de equipamentos de transmissão wireless e controle de redes; a Vivetech Agrociências, especializada em biotecnologia para a produção vegetal; e a FR Indústria Eletromecânica, que desenvolve e fabrica equipamentos eletromecânicos.
Com a transferência para este novo polo, elas terão espaço para empreender e ampliar sua produção no período que ainda resta de incubação. O prazo total é de três anos.
Rondotec e Vivetch ainda têm um ano pela frente, porque estão incubadas há dois. Para a Biofábrica Apoena e a FR Indústria Eletromecânica o tempo restante é maior – elas estão ligadas à incubadora há apenas um ano.
Todas as empresas participam de capacitação e consultorias para o planejamento comercial, financeiro e de marketing. Elas também aprendem como internacionalizar a empresa, captar recursos e clientes, inovar em seus produtos e serviços e as regras para registro de marcas e patentes.
Na matriz, em Foz do Iguaçu, são 16 incubadas. Nove delas estão em atividade e as outras sete começam a operar até o início de fevereiro.
Desde 2006, quando foi criada, a Incubadora Santos Dumont já recebeu 220 empreendimentos.
Benefício em boa hora
A Biofábrica Apoena é uma das beneficiadas pela instalação da filial em sua cidade de origem. Hoje, a bioindústria funciona em uma área de cerca de 40 m² cedida pela Unioeste/Marechal, no laboratório da instituição. Neste espaço reduzido elas produzem 50 mil grilos por mês, entre outros insetos. Eles alimentam os animais do Parque das Aves, em Foz do Iguaçu.
“Com a mudança, poderemos ampliar nossa produção”, celebra Daliana Uemura, pesquisadora e proprietária da Biofábrica Apoena. “Temos engatilhado um projeto de farinha de inseto, também com apoio do PTI, e esperamos aumentar milhares de vezes nossa produção e atender a demanda de outras instituições e zoológicos”, completou.
A Vivetech passa por um desafio semelhante. A empresa de biotecnologia, desenvolvedora de técnica de clonagem de mudas, pretende evoluir sua produção até a escala comercial.
A limitação espacial e a necessidade de dispor de equipamentos específicos para esta finalidade são entraves na atualidade, que os sócios pretendem transpor nesta nova fase do empreendimento.
“Nossa proposta é ir além da produção de mudas e trazer todo setor junto”, disse Douglas André Streinmacher, engenheiro agrônomo e cofundador da Vivetech Agrociências. “Até chegarmos à produção comercial de mudas vamos gerar muitos produtos específicos para este setor, como é o caso de um biorreator no qual estamos trabalhando, para escalonamento da produção.”
Mais empreendimentos
Mais adiante, o número de empreendimentos incubados na filial de Marechal Cândido Rondon deve ser ampliado. Novos editais deverão ser abertos para a seleção de novos parceiros de negócio. A previsão é que os novos incubados atuem em 2017, segundo a analista de negócios da Incubadora Santos Dumont, Drieli Godoy Monteiro Coutinho.
Nesta primeira fase, a filial trabalhará com a mesma metodologia aplicada na matriz. Para o futuro, a ideia é tornar a incubadora independente. A cidade oferece potencialidade para isso. Com uma população de quase 50 mil pessoas, o município de 748 km² é um celeiro de negócios.
A cidade é sede administrativa da Copagril, cooperativa cujo faturamento ultrapassou R$ 1 bilhão em 2014. Em seu território estão instaladas indústrias como a Sooro, primeira produtora de proteína de leite do Brasil.
Laços fortalecidos
A iniciativa estreita ainda mais as relações do município com o PTI e a Itaipu, parceiros no projeto do Condomínio de Agroenergia para Agricultura Familiar Ajuricaba. O empreendimento, formado por 33 produtores, transforma resíduo orgânico de origem animal em biogás, com suporte do Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás), ligado ao PTI.
A ida da incubadora até a região também está alinhada à missão de Itaipu, que tem entre os preceitos o estímulo ao desenvolvimento territorial sustentável.
Para Sotuyo, a iniciativa tem apelo transversal, porque abarca todo o processo de desenvolvimento territorial com o qual Itaipu está envolvida. “Isso passa pelas questões ambientais, tratadas pelo Programa Cultivando Água Boa, pelo desenvolvimento econômico sustentável, do Programa Oeste em Desenvolvimento, pelas ações educacionais e culturais com os municípios da Amop (Associação dos Municípios do Oeste do Paraná) e tem relação com o fortalecimento das entidades representativas do território.”
A Itaipu
Com 20 unidades geradoras e 14.000 MW de potência instalada, a Itaipu Binacional é líder mundial na geração de energia limpa e renovável, tendo produzido, desde 1984, mais de 2,31 bilhões de MWh. A hidrelétrica é responsável pelo abastecimento de cerca de 15% de toda a energia consumida pelo Brasil e de 75 % do Paraguai. Desde 2003, Itaipu tem como missão empresarial “gerar energia elétrica de qualidade, com responsabilidade social e ambiental, impulsionando o desenvolvimento econômico, turístico e tecnológico, sustentável, no Brasil e no Paraguai”. A empresa tem ainda como visão de futuro chegar a 2020 como “a geradora de energia limpa e renovável com o melhor desempenho operativo e as melhores práticas de sustentabilidade do mundo, impulsionando o desenvolvimento sustentável e a integração regional”.