A RELEA terá periodicidade semestral e irá reunir textos em formato de dossiê. No primeiro número, a revista discute a relação entre África e América Latina, proposta da Cátedra Edison Carneiro: História Afro-Latino-Americana, criada em 2014. “O primeiro número da RELEA é um esforço de pesquisadores de diversas escolas trazendo diferentes abordagens a respeito de interseções entre a América Latina e a África, entre esses continentes e a Europa, discutindo questões sociais, culturais e de identidade”, explica o docente da UNILA e coordenador do IMEA, Alexandre Varella.
De acordo com sua política editorial, a RELEA só publica artigos originais, artigos de revisão e entrevistas sobre o mesmo tema. “Esse é o diferencial. A revista não publica artigos avulsos, sobre quaisquer assuntos, como faz boa parte das revistas que incorporam dossiês em seu editorial”, afirma Varella. Segundo o docente, a interdisciplinaridade concebida pela Comissão Editorial é "aberta e dinâmica, considerando que cada proposta de dossiê deve abarcar especialistas com formações peculiares e visões próprias em torno de problemas e soluções que sempre são locais e globais ao mesmo tempo”.
Os artigos desta edição foram organizados pelos professores Rodrigo Bonciani (UNILA) e Gustau Nerín (docente da UNILA até dezembro de 2015 e, hoje, na Espanha). “Pela sua característica temática e interdisciplinar, cada dossiê aprovado pela Comissão Editorial deve ter os seus organizadores atuando como editores. Eles são especialistas nos problemas tratados no número da revista”, explica o editor-chefe da RELEA, Samuel Adami, que também é professor da UNILA. A revista tem, ainda, um editor-adjunto - Marcelo Cézar Pinto (UNILA) -, uma Comissão Editorial, responsável pelas políticas editoriais e aprovação das propostas de dossiês e um Conselho Científico, formado por professores experientes em várias áreas do conhecimento. Além disso, os artigos publicados são avaliados por dois pareceristas externos.
África-América
Além de artigos de vários pesquisadores, o primeiro número da revista traz uma entrevista com o historiador brasileiro Luiz Felipe de Alencastro, fundador da Cátedra Edison Carneiro. Na entrevista, Alencastro diferencia os três grandes sistemas escravistas americanos - o dos Estados Unidos, o de Cuba e o do Brasil -, associando esse último ao espaço histórico do Atlântico Sul que incluía as Áfricas Ocidental e Central, Moçambique e a bacia do Rio da Prata. Alencastro analisa diferentes perspectivas e tendências historiográficas que se desenvolveram nas últimas décadas, o que favorece uma reflexão sobre a historicidade e atualidade do debate sobre as relações entre a África e as Américas.
Juntamente com seu lançamento, a RELEA abriu chamada de artigos para a segunda edição, que vai abordar um tema importante para a região: as questões ambientais que envolvem, particularmente, o bioma que entrecruza as nações do Mercosul. O comitê editorial da revista aprovou a proposta do professor Wagner Chiba e colaboradores para o próximo dossiê: histórico, realidade e desafios do Parque Nacional do Iguaçu (PNI). De acordo com o professor, o levantamento da biodiversidade do parque ainda é insuficiente e são necessárias mais discussões sobre a gestão turística e as barreiras burocráticas que interferem na atuação integrada com o Parque Nacional Iguazú, na Argentina, bem como sobre as ameaças da expansão urbana, agrária e da caça. Assim, a revista vai buscar um levantamento interdisciplinar das “atuações e atuantes no e do parque”. Os artigos podem ser encaminhados até 15 de setembro por meio do site da revista.
Legenda:
Foto 01: Primeira edição da revista aborda a relação entre África e América Latina