Projetos premiados pela ONU, entre eles o Cultivando Água Boa, da Itaipu, são estratégia para promover a Agenda 2030
Projetos de diferentes partes do mundo, reconhecidos pela Organização das Nações Unidas como as melhores práticas de gestão da água, vão atuar em conjunto para promover os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Agenda 2030. A Rede Global de Gestão Participativa da Água, em seu segundo encontro desde sua criação em setembro de 2015, mostrou a relevância dos recursos hídricos para a promoção da sustentabilidade em praticamente todas as atividades humanas.
Os ODS e a Agenda 2030 configuram um ambicioso conjunto de metas que os países-membros da ONU precisam cumprir até 2030, em relação temas como a erradicação da miséria, proteção dos ecossistemas, produção e consumo sustentáveis, adoção de fontes renováveis de energia, entre outros.
O assunto foi tema de um encontro de três dias no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), em Foz do Iguaçu, que reuniu diversos organismos ligados à ONU, como FAO, Unesco, PNUD, Programa Hidrológico Internacional, Cepal e IPCC. Também participaram iniciativas premiadas pela ONU-Água com o Water for Life, da África do Sul, Brasil, Paraguai, Bolívia, Japão e Filipinas, e que compõem a Rede Global de Gestão Participativa da Água.
“A Agenda 2030 contém metas bastante ambiciosas”, reconheceu o secretário da ONU-Energia, Ivan Vera, que participou do encontro. Com relação à energia, por exemplo, os ODS propõem a universalização dos serviços, aumentar significativamente o uso de fontes renováveis (hoje representam apenas 19% da matriz energética mundial) e aumentar a eficiência energética.
“Um objetivo está relacionado ao outro. Por isso, o principal desafio é promover uma abordagem integral e coordenada dos esforços. Não há como trabalhar só com a água, só com o alimento ou só com a energia. São temas interdependentes”, completou Vera, que citou o programa Cultivando Água Boa, da Itaipu Binacional (premiado com o Water for Life em 2015), como um exemplo de abordagem holística dos ODS. “É um exemplo real, com experiências em campo”.
Uma das questões que ficaram evidentes ao longo do encontro é a relação da água com os ODS. Isso fica comprovado nos resultados apresentados pelos projetos premiados pela ONU. Na Bolívia, por exemplo, a instalação de cisternas garantiu o abastecimento de comunidades onde as mulheres e crianças, antes, eram encarregadas de caminhar quilômetros diariamente para abastecer suas residências.
“A solução de um problema de abastecimento de água impactou na questão de gênero, permitindo às mulheres se organizarem e serem mais valorizadas”, afirmou a representante do projeto Elsa Sánchez, mostrando a conexão entre dois dos ODS pela água que, por sinal, está presente em 80% dos processos produtivos do mundo, conforme dados apresentados pela FAO.
Para o diretor de Coordenação da Itaipu, Nelton Friedrich, a principal conclusão do evento é que sem ações locais ou regionais, não há como promover a sustentabilidade global. “Os projetos premiadas pela ONU mostram que é possível fazer. Assim como não se pode tratar da produção de alimentos saudáveis sem se tratar a água, não se pode promover as soluções que vão garantir o futuro da humanidade sem que se resolvam os problemas das comunidades rurais, dos bairros, das cidades”, concluiu.
Foto: Evento "Implementação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e a Agenda 2030 e o papel da Rede Global de Gestão Participativa da Água". Crédito: Rubens Fraulini / Itaipu Binacional