Assisti ontem, 18, o Tribunal do Juri no Forum local, o julgamento de uma Tentativa de Homicídio ocorrida no dia 17 de dezembro de 2011, no distrito de Aurora do Iguaçu. No banco dos réus, Rudinei Huller.
Na presidência do Júri, o Dr. Hugo Micheline Júnior, Juiz de Direito da nossa comarca e como assistente de acusação o Promotor de Justiça Dr. Hugo N. Leone Cunha; como advogado de defesa, Dr. Adalgir Carlos Comunello, tendo como auxiliar o Dr. Paulo José Prestes; No Conselho de Justiça, dois homens e cinco mulheres.
O advogado de defesa, Cidadão Honorário de São Miguel do Iguaçu e um dos decanos da nossa advocacia, mais uma vez surpreendeu a todos com a sua energia e dedicação que um caso como esse requer – com brilhantismo defendeu o seu cliente com a tese de legítima defesa. “Ele agiu para defender a sua esposa e os seus filhos, logo após a vítima declarar que naquele dia ele iria ficar viúvo. Ele tinha um revólver municiado com cinco balas e só disparou três tiros, cujos disparos não deixaram seqüelas”, defendeu.
Na tentativa de convencer o Corpo de Jurado, formado por cinco mulheres e dois homens, sobre a inocência do seu cliente, ele foi criativo e com muita lucidez e riqueza de detalhes demonstrou que mentalmente está conectado com os grandes ideais daqueles que prestaram juramento ao receber o Diploma de Advogado e procuram exercer a sua profissão com lisura e honradez.
Reproduziu a cena do crime com clareza e objetividade. “A vítima ficou por sete horas e meia perturbando o local de trabalho de onde o réu tirava o sustento da sua família; incomodando as pessoas com um radinho de pilha e ameaçando a sua esposa e os seus filhos. Chamou a polícia que veio até o local e não fez nada e várias horas depois, teve que pegar o que estava ao alcance da sua mão para se defender...”, garantiu.
Autor do livro: Eu defendo, ele demonstra na prática, que a defesa é um direito sagrado de todo e qualquer ser humano – e que, os detalhes, as minúcias podem fazer toda a diferença entre a inocência e a culpabilidade...
Não vamos relatar aqui as minúcias da sua linha de defesa, até por que, existem famílias envolvidas e junto todo um histórico de violência, uma bagagem de sofrimento e destruição familiar que ninguém, absolutamente ninguém, merece passar...
A vítima neste caso, como ele próprio confessou ao Tribunal do Juri, na época em que tudo isso aconteceu já era vítima dos seus próprios vícios. “Hoje estou limpo, não sou mais usuário de drogas...”, relatou.
Parabéns a Direção da Escola Ativa que levou os seus alunos para assistir a mais um Tribunal do Júri. A lição que os nossos jovens estudantes podem extrair em casos assim é sublimar – e com certeza, levarão para sempre em suas memórias como uma grande lição de vida.
Uma pena que saíram cedo e não assistiram a oratória de defesa do Dr. Adalgir e o confronto civilizado e altruístico com o Promotor de Justiça, que em defesa da ordem e da não violência, lutou incansavelmente para desmitificar a tese de legítima defesa apresentada pelo Dr. Adalgir. “Não podemos permitir que as pessoas passem a resolverem questões como essa na ponta da faca ou no cano do revólver como se fazia no passado”, pontificou o Promotor...
Dr. Adalgir, por sua vez, parafraseando o Padre Manuel Bernardes, demonstrou ao Conselho de Sentença de que “Bem pode haver ira, sem haver pecado. E às vezes poderá haver pecado, se não houver ira (...). Nem toda ira, pois, é maldade; por que a ira, se, as mais das vezes, rebenta agressiva e daninha, muitas outras, oportuna e necessária, constitui o específico da cura”.
Depois de usar o seu espaço regimental de defesa por uma hora e meia e agradecer de forma singela e educada a presença do Conselho de Sentença, Adalgir foi às lágrimas e visivelmente emocionado, disparou: “Há 70 anos eu era jovem, lindo e forte – hoje eu sou só lindo...”
No final, conseguiu que os membros do Corpo de Jurado transformasse a acusação de Tentativa de Homicídio que poderia render uma pena de 12 a 30 anos, para Lesão Corporal... Pegando no final um ano de reclusão e na sequencia o juiz declarou o crime prescrito...
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