Ontem (19), por volta das 14h00, no momento em que me preparava para voltar à redação do Jornal, depois de ter esticado o corpo e conscientemente feito os tradicionais exercícios de respiração para tirar a tensão e relaxar profundamente, o interfone tocou...
Quem é? “Sou eu vô...”
A impressão é que o coração assume o controle e o espírito eleva-se para o alto. Você não faz nenhum gesto e nem precisa apertar o interfone para liberar a porta e deixar passar. É tudo automático.
Em questão de segundo, entra pelo apartamento a minha neta Isabele e sua inseparável amiga Isadora... Isabele, mesmo com apenas 10 aninhos, esta com um vestido longo, até os pés, impecável – mas, inexplicavelmente sem aquele brilho, sem aquela energia, sem aquela explosão de alegria que a tem caracterizada...
Ela é super extrovertida, alegre, contagiante e faz parte da equipe de rendimento da GR de Toledo e segundo a sua técnica, um talento promissor...
O que houve? Nem precisou responder... Olhei para o seu queijo e vi que estava encoberto com um curativo enorme...
- “Ontem, eu escorreguei, bati o queixo e tive que levar quatro pontos”, me disse ela.
- E havia mesmo a necessidade de se fazer ponto neste local, perguntei.
- "O médico me disse que se não fizesse ponto iria ficar muito feio, abriu muito", me respondeu...
Instintivamente, eu contei a ela um caso que me aconteceu à questão de seis anos atrás quando estávamos jogando bola na AABB junto como os meus filhos e amigos...
Ao subir para cabecear levei uma cotovelada cerca de um centímetro abaixo do olho esquerdo... Imediatamente o sangue jorrou e um enorme corte ficou estampado...
Todos ao meu lado ficaram preocupados e por incrível que pareça o mais calmo naquela situação era eu que estava com o rosto todo ensangüentado. Disse ao pessoal, continuem jogando bola que eu vou dar um jeito nisso...
Sai andando e respirando fundo... Fui até o banheiro, lavei o rosto com água fria e em seguida entrei no carro e fui até o Pronto Socorro, que na época funcionava junto ao Hospital Santo Antônio...
O médico examinou e me disse: “Isso aqui está feio e vou ter que fazer uns pontos, caso contrário não vai fechar”.
Eu disse a ele: “Por favor, doutor, não faça pontos. Pegue aquela fita adesiva e coloque em cima – o resto eu mesmo me encarrego”
“Se você está me pedindo vou colocar a fita – mas, se abrir volte aqui que daí vai ter que fazer os pontos”. Em seguida fez uma receita com antibióticos e outro remédio para acalmar a dor...
Agradeci a ele e fui para casa. Lá chegando, esqueci inclusive que ele tinha me dado uma receita. Deitei na cama, respirei profundamente e fiz os exercícios de relaxamento neuromuscular, em seguida a lição mental/espiritual pedindo ajuda ao Supremo...
Moral da história: dormi profundamente e no outro dia, restava apenas uma pequena lembrança do que havia acontecido no dia anterior com relação ao ferimento na face...
O que houve? Eu diria que no momento em que houve o choque na disputa de bola, eu não senti nenhuma reação que pudesse ser entendida como raiva ou ódio, como costumeiramente se sente quando algo parecido acontece...
Eu me mantive calmo o tempo todo, perdoando a cotovelada e encarando tudo aquilo como se fosse um acidente de trabalho...
E o que entrou em ação? Numa explicação mais simples no campo espiritual, eu diria que foi o Amor Divino que entrou em ação...
Se você perguntar ao Dr. Norman Shealy, MD, PhD e fundador do Instituto Sheal e professor Clínico de Psicologia nos Estados Unidos, portanto, mais ligado a ciência do que a Fé propriamente dita, ele dirá que: “Assim como existem “muita estradas para chegar a Roma”, há certamente muitas técnicas de “cura”. Para mim, todas estas são parte de um conceito universal que chamo “cura sagrada”, ensina o Professor.
Eu não disse isso a Isabele com toda essa riqueza de detalhes – mas enquanto eu falava, ela olhava atentamente nos meus olhos como se estivesse acreditando em tudo...
No final, ela me pediu: “Eu quero aquela poesia que o vô me recitou na última vez que eu estive aqui...”
Eu recitei novamente a poesia para ela:
“Atrás do SABER”
Se pensar é voar
Atrás do que não se sabe,
Eu prefiro não SABER
Para continuar pensando
E sempre voando atrás do SABER...
E como se voa?
Lendo! Lendo sempre!
Ler por puro prazer
Eis aí a grande receita
Para continuar pensando
E sempre voando atrás do SABER...
Quando terminei, ela me presenteou com essa pérola:
“O vô recita essa poesia naturalmente, como se já soubesse disso, mesmo antes de nascer”.
Tem presente de Natal mais lindo do que isso?
João Maria Teixeira da Silva
João sou fã de suas palavras! Deveria escrever um livro. Suas palavras entoam um som agradável aos ouvidos. Linda matéria. Feliz Natal e um bom 2017.