Antes de ontem (22), por volta das 07h, o telefone tocou e do outro lado: “Cara você tem que ver a beleza, o espetáculo que os pássaros estão aprontando por aqui, essa hora da manhã...”
- “Em cinco minutos estarei por aí...”, lhe respondi, sem hesitar um segundo se quer.
- “Entre pelos fundos, pela cozinha para não espantá-los”, me orientou Arlindo Pedro Cavalca, o popular Pedrão.
Ao chegar lá, ele veio ao meu encontro e foi me dizendo baixinho, como se não quisesse espantar os pássaros: - “Grande parte já tomaram o café da manhã, renovaram as energias e saíram voando por aí”.
Enquanto eu me posicionava para buscar o melhor ângulo sem espantá-los, Pedrão ia revelando o cardápio servido aos pássaros que estava ali todos os dias. Pelo jardim frutas naturais e num local ao lado de um bebedouro, quirela e alpiste. Somando-se a isso a grama aparada impecavelmente como se fosse um tapete. “Quando eu vou cortar a grama, parece que alguém avisa o João de Barro. Eu vou cortando e ele vem atrás comendo os insetos que aparecem com o corte da grama”, revela Pedrão.
Não sei explicar em palavras, mas o certo é que quando o telefone tocou, a sensação que eu tive é que eu estava esperando por ele... Não levei mais do que um segundo para dizer: “Em cinco minutos estarei por aí...”
O que houve? Só podemos encontrar uma explicação mais plausível na própria natureza. Ou, talvez, na literatura, tendo em vista que já estava acordado desde as três da manhã, lendo, estudando – de certa forma como os pássaros, dando vôos cada vez mais altos em busca do conhecimento...
Entre o telefonema e a aceitação, não houve hesitação. Eu senti naquele exato momento, que deveria ir até lá para ver, sentir e transformar em texto ou em poesia o sentimento, a sua eterna admiração pela beleza da natureza...
E posso adiantar que o resultado foi imensamente compensador. Visitar a casa do Pedrão e ver o que ele tem feito dentro de um lote, onde está fixada a sua residência, é manter um contato com milhares de anos de experiência. Como diz a sua esposa Lúcia: “Tenho que admitir: ele é caprichoso e faz o que faz movido pelo simples prazer de fazer...”
A impressão é que o seu pensamento, as suas crenças estão tão ajustadas à energia da prosperidade que ele não se preocupa mais com o dinheiro. É como se ele dissesse para você: “A preocupação é o pior veneno para a prosperidade, ela afasta a riqueza...”.
E por que digo isto? Enquanto ele ia me mostrando o seu quintal, a sua horta, ou se preferir, o seu jardim, onde dezenas e dezenas de espécies convivem harmoniosamente cada um ocupando o seu espaço e contribuindo para o desenvolvimento da outra, ele ia disparando pérolas e mais pérolas que traz no seu bojo educação e cultura.
“Em cima de um alqueire de terra, qualquer pessoa que se prontifique a trabalhar e extrair o melhor do seu solo em comunhão com a natureza vai ter trabalho e uma vida feliz para o resto da sua existência”, me dizia ele, com a naturalidade e a sensatez de quem vive o que diz...
“Tudo o que eu consigo produzir aqui eu não vendo e o meu maior prazer é repassar as pessoas, assim como faço com esses pássaros que diariamente vem me visitar. É uma forma que eu tenho de retribuir a natureza tudo o que ela tem me dado. O ar que respiro, a minha casa, a minha família, enfim, a minha própria vida”, ia me relatando enquanto colhia cachos e cachos de uvas para me presentear.
“Esses dois pés de coco da Bahia, produzem cerca de 150 cocos por ano. Dos cachos dessa palmeira, eu extraio o suco de assai – uma delícia. E das folhas que caem e da grama que corto do jardim, eu trituro e transformo em adubo”, mostrando a pilha de adubo no canto, salpicada de minhocas e já pronta para ser repassada aos canteiros.
É por essas e outras que vemos tantos e tantos poetas e escritores dizendo por aí: “Vivi anos de pobreza, morando em casa de pau a pique, fogão de lenha, noites iluminadas pela luz das lamparinas e das estrelas... Mas posso afirmar que minha infância foi uma infância feliz...”
É esse o espírito que se vê em gente assim. Por mais difícil que foi a sua infância, ele não tem memórias tristes – e mesmo quando falam da perda de um ente querido, o fazem com uma doce saudade. Apesar dos anos e da barba já estar totalmente branca, ele mantém aquele espírito de criança. As crianças ficam felizes com pouca coisa e sabem dar valor ao que tem...
Quando mantemos o nosso pensamento neste nível e procuramos transformá-los em ação, é que nos vem à nobre compreensão: “uma pessoa rica jamais está focada apenas no dinheiro”. O espírito que gera a riqueza ao nos presentear com a sua generosidade nos ensina também que devemos sorver todo o tipo de felicidade que essa riqueza possa proporcionar.
Diríamos que a verdadeira riqueza é sentir a vibração de felicidade e beleza que gira em torno da prosperidade. Como nos ensina o Mestre: “Quem é pobre de espírito fica mais preocupado em contar dinheiro e fazer qualquer tipo de julgamento a respeito de tudo. Isso vai contra o fluxo de abundância, pois só podemos perder aquilo que não temos de verdade. Pense na riqueza como uma energia pura e verás que essa energia nasce do centro do seu propósito maior que você tem com o próprio Criador, para realizar aqui e agora”.
Eu diria que, basta termos um pouco de sensibilidade para sentir que o sagrado surge assim, do nada, na beleza de ver um pássaro voando, nas árvores produzindo frutos e fazendo a fotossíntese e contribuindo com o ar que respiramos...
Como estamos em pleno mês de dezembro, véspera de Natal em que comemoramos o Nascimento do Menino Luz, vamos lembrar que no paraíso não havia templos e as pregações de Jesus eram feitas ao ar livre ao meio da natureza como se nos dissesse: “A beleza é a face visível de Deus”. Talvez esteja aí o grande aprendizado do Mestre, quando nos ensinou que “era preciso que nos tornássemos crianças de novo, para ver o paraíso espalhado pela Terra”.
Nesta matéria, os nossos votos de Um Feliz Natal e um Abençoado 2017, repleto de muita, muita RIQUEZA...
Curtas as imagens:
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