“nunca se deve encobrir ao público circunstância alguma, quaisquer que sejam os inconvenientes da sua divulgação”.
Aliás, sobre esse assunto, o nosso saudoso Rui Barbosa – em seu belíssimo artigo: “A imprensa e o dever da verdade”, nos dá uma verdadeira aula de civilidade e amor pátrio falando sobre “a moral dos povos livres”. Segundo ele, Deus deixou ao homem três âncoras: “o amor a pátria, o amor a liberdade e o amor a verdade”. “Nenhum país salva a sua reputação com abafos, encobertando as matilhas da corrupção”.
Essa matéria tem como objetivo despertar, motivar e mostrar ao jovem presidente Eliseo Mariano Presa, que ele tem nas mãos um dos poderes mais importante da República. E pelo visto, ele ainda não se deu conta disso. Por que digo isto? Na última segunda feira (13), pela segunda vez esse ano, estive visitando o Legislativo Municipal de São Miguel do Iguaçu.
Na semana anterior, já havia visitado aquela Casa de Leis, para protocolar um documento solicitando informações sobre o Projeto de Lei 035/2017 do Executivo Municipal enviado ao Legislativo solicitando a revogação da Lei 1.918/2007. Por que este pedido?
Esse Projeto de Lei 035/2017, solicita a revogação de uma Lei que autorizou o município a receber um imóvel da MP Produções, em pagamento de dívidas com o município e foi sancionada no dia 04 de setembro/2007, pelo prefeito da época, Eli Ghellere – e 10 anos depois, cria-se uma nova Lei revogando a anterior. Motivo pelo qual, solicitei em ofício que se possível, nos enviasse uma cópia da redação dessa nova Lei para vermos do que realmente se trata e o porquê desta revogação, tendo em vista que a entrega desse imóvel na época era para pagar somente uma parte da dívida que a empresa tinha com o erário público.
Nesta visita que fiz a Câmara, terminei descobrindo que o presidente não dá expediente na Câmara na parte da manhã. Ao questionar a sua secretária sobre esse assunto, ela me disse: “Isso aqui não é profissão e você sabe disso. Nenhum vereador que passou por aqui abandonou os seus afazeres e se dedicou exclusivamente ao cargo”, me disse ela.
“Com tantas e tantas coisas para examinar e acompanhar, no meu ponto de vista, como vereador até que o mesmo pode ter uma função paralela, apesar de que ele ganha e muito bem para realizar essa função. Mas, como presidente, me desculpe, ele teria que se dedicar exclusivamente no exercício da sua profissão e ainda se assessorar de ótimas cabeças para poder desempenhar com esmero essa função”, questionei.
A que horas eu posso encontra-lo à tarde por aqui, então, perguntei: “Eu não posso te garantir por que na parte da manhã ele dá aula no Colégio Castelo Branco e a noite na Uniguaçu e ele ainda se dedica pessoalmente aos cuidados dos aviários da família – como eu te disse, isso aqui não é profissão”, repetiu.
Disse a ela que estava fazendo uma matéria e gostaria de falar com ele antes de publicá-la. “Você tem o meu telefone e se ele ligar na Câmara, peça que entre em contato comigo - mas, me passe o celular dele que vou tentar falar com ele”.
Liguei no número que ela me informou, mas na hora não atendeu. Logo em seguida pessoalmente o presidente me retornou a ligação. E com muita polidez e educação, me disse que logo em seguida estaria na Câmara e teria imenso prazer em me receber.
Em questão de minutos, fui sucinto e procurei mostrar a ele a nossa preocupação com a geração de emprego e renda, com o crescimento e o desenvolvimento de nossa cidade, citando inclusive, o que poderíamos fazer para dinamizar e coletivamente se unirmos para que isso possa acontecer de fato (detalhes na próxima matéria).
Perguntei-lhe pessoalmente sobre as suas outras funções e se tinha vontade de mudar esse quadro dedicando-se a presidência da Câmara em tempo integral. “Nós estamos com uma boa equipe aqui, e está tudo indo muito bem, acredito que não haja necessidade. Isso aqui é passageiro e não vejo como uma profissão” repetiu pessoalmente o mesmo mantra que a sua secretária havia me dito.
Posso garantir que o nosso papo foi altamente civilizado e no final eu lhe perguntei: “Me diga alguma coisa sobre o Projeto de Lei 035/2017 enviado pelo Executivo revogando a Lei 1.918/2007”
“Confesso para você que não tenho conhecimento por que o Projeto chegou e foi mandado direto para análise nas Comissões. Eu só sei que o pessoal está vendo e já solicitaram uma série de documentos para ver direitinho do que se trata”, me disse ele. (?)
Mostrei a nossa Lista São Miguel Informações, que editamos de dois em dois anos, e que já está praticamente pronta, dizendo que gostaria de inovar nesta edição colocando ali um breve histórico da história política de São Miguel do Iguaçu. “É uma das maneiras que temos de valorizar e resgatar um pouco da história passada e presente e assim, mostrar o quanto devemos lutar por ela”, dizendo inclusive que isso teria um custo, o qual ele poderia ver junto a sua assessoria jurídica se é possível ou não.
“Sobre a matéria que estamos elaborando, por favor, não nos leve a mal, o nosso objetivo é dinamizar, lutar pelo nosso crescimento e ao mesmo tempo ajuda-lo a se prevenir de uma série de transtornos que poderão surgir no andar da carruagem”, alertei, ressaltando ainda que a nossa redação sempre foi diferenciada em termos de conteúdo, tendo em vista que tudo o que escrevemos vem com a supervisão das nossas bússolas interior – razão e coração.
E o que a razão e o coração dizem?
Tratando-se de jornalismo, é mais ou menos o que já dizia a Rainha Vitória: “nunca se deve encobrir do público circunstância alguma qualquer que seja os inconvenientes da sua divulgação”.
Aliás, sobre esse assunto, o nosso saudoso Rui Barbosa – em seu belíssimo artigo: “A imprensa e o dever da verdade”, nos dá uma verdadeira aula de civilidade e amor pátrio falando sobre “a moral dos povos livres”. Segundo ele, Deus deixou ao homem três âncoras: “o amor a pátria, o amor a liberdade e o amor a verdade”. “Nenhum país salva a sua reputação com abafos, encobertando as matilhas da corrupção”.
Essa passagem é lembrada por Rui para relatar um fato que aconteceu em 1854, durante a campanha da Criméia. O jornal Times, não hesitou em se posicionar contra a administração militar da Grã-Bretanha, sustentando que o seu serviço era infame; que os soldados enfermos não achavam nem camas para dormir; que o exército, gasto e desmoralizado, não tinha, em Balacrava, nem onze mil homens capazes de entrar em combate.
Russel, o famoso correspondente do jornal na época, perguntou ao seu Diretor: “Que hei de fazer? “dizer estas coisas ou calar?” O Diretor não exitou na resposta, recomendando-lhe, com energia, “falar a verdade, sem indulgencia, nem receio”.
Para o Diretor, dizer a verdade seria o meio de cura, o remédio que os soldados estavam necessidando naquele clima de abandono e infortúnio. Muitos outros órgãos de imprensa chegaram a divulgar na época que o exército deveria linchar aquele correspondente de guerra.
E o que houve? A Câmara dos Comuns, equivalente hoje ao nosso Congresso Nacional, mandou abrir em 1855, um inquérito sobre a situação do exército para apurar o que o repórter tinha relatado. O Gabinete todo caiu devastado pela campanha do temível órgão londrino.
As mais eminentes autoridades militares declararam que ele, “exercendo com fidelidade ao publicar os problemas da tropa, salvara o resto do exército inglês”.
A Rainha Vitória em correspondência endereçada a redação do jornal, agradeceu o valioso apoio do Times, dizendo: “nunca se deve encobrir ao público circunstância alguma, quaisquer que sejam os inconvenientes da sua divulgação”.
Com relação ao Legislativo e a espinhosa missão do novo presidente, que faço questão de frisar, marinheiro de primeira viagem e que está dando os primeiros passos na vida pública, o remédio para combater todos os nossos males também será esse: “dizer a verdade acima de tudo e nunca deixar que nada seja escondido do público em nenhuma circunstância, quaisquer que sejam os inconvenientes da sua divulgação”.
(Segue na próxima e não deixe de acompanhar essa série de matérias que vamos fazer tentando sacudir, unir e fortalecer a nossa economia como um todo).
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