Quem tiver a curiosidade de clicar no “Google” (que também pode ser chamado de uma espécie de mente do mundo) e digitar em imagens o nome de São Miguel do Iguaçu, um município pujante, rico e produtivo como o nosso, onde abriga no seu seio um povo hospitaleiro e nobre, vai se surpreender com as imagens que ali estão...
São corpos e mais corpos esparramados, detonados como se estivessem sidos cassados, julgados e condenados por uma civilização bárbara que ainda está nos tempos da pedra lascada e defende ardorosamente o OLHO por OLHO e usa a droga e explora a pobreza para manter os privilégios de uma pequena casta que se intitula os donos do poder.
Pois bem, lembra-se daquele corpo encontrado no último final de semana no Rio Pinto, um dos afluentes que margeiam a nossa cidade?
Ele estava deitado, com a face voltada para o céu e com o corpo envolto por uma pequena lâmina de água corrente de poucos centímetros...
Ou seja, a impressão que se tem é que ele deitou naquele lugar e pediu ao Rio, parte integrante da Mãe Natureza que lavasse o seu corpo, limpasse os seus poros e permitisse que a sua alma imigrasse para outra constelação onde o “bicho homem” ainda não mantenha o “status” de civilização.
Sabem a idade deste jovem? 22 anos..., o nome: Marcos Batista dos Santos...
Sabe o que ele fazia naquele local? Marcos era morador de Rua..., seus pais moram em Santa Terezinha de Itaipu e na família eram sete irmãos...;
dois deles dormiam drogados ou embriagados com ele há meses debaixo de uma marquise de um supermercado local...
Sabe o que ele foi fazer naquele Rio? Segundo os seus companheiros de Rua que também dormiam ao lado dele, ele foi lá tomar banho – esse era o único local que tinha disponível para fazer a sua higiene pessoal...
Sabe a sua cor, a sua origem? (...). Pelo nome – Marcos Batista dos Santos – podemos subentender que veio de uma Família “religiosa”, tendo em vista que esses três nomes o remetem para personagens bíblicos – “São Marcos, João Batista e o Santo dos Santos...”
Por que faço essa matéria e pergunto isso?
Não sei... o que sei, é que estamos vivendo um momento extremamente delicado na VIDA na Terra e os nossos governantes ainda não se deram conta de que os recursos que está faltando na Educação, na Saúde, no Esporte, na Geração de Emprego e Renda, andam por aí guardados em cofres ou passeando em “malas” pelas principais avenidas do mundo, ou embarcando em helicópteros que baixam e levantam com a rapidez de um “samurai”, ou pavimentando bolsos, calças e cuecas por esse mundão de Deus..
Tanto lá, como cá, a canção que ouvimos é a mesma – a poesia trás na letra o descompasso, que rima desgoverno com golpes e cambalachos...
No palco da vida à mesma canção
Emolduram-se serviçais servis e pontuais
Nos acordes de acordos o mesmo refrão
Em partituras licitatórias e convencionais.
Com benesses e propinas
Aumenta-se o espaço
Com licença prêmio e gasolina
Lança-se o laço
Com a caneta e a bandeja
Prende-se o capacho.
Com o lixo que não é nicho
Ornamenta-se a sala e ampliam-se as alas
A sobra do rabicho que veio do lixo
Guarda-se em caixas e malas.
Tanto lá como cá,
A canção e o refrão são iguais
O lixo que abunda cá, também abunda lá
Com os mesmos rituais
Transformando humos em votos
Que vitaminados nos currais
Germinarão um novo produto
Que será eleito no próximo pleito
O substituto do prostituto
Que terá a mesma missão
Continuar lançando o laço e aumentar o espaço
Transformando decretos e atos em submissão
Capaz de atrair uma nova multidão de capachos.
João Maria Teixeira da Silva