Há cerca de 40 anos, o engenheiro agrônomo Evaldo Buttura coletou em torno de 700 espécimes vegetais presentes na região de abrangência da Hidrelétrica de Itaipu. A coleção, de valor inestimável para a botânica, está guardada desde então no Ecomuseu de Itaipu, e suas duplicatas foram repassadas à UNILA em 2015. A Universidade começou, então, o trabalho de resgate, restauração e catalogação das plantas, com o apoio das equipes do próprio Ecomuseu e do Refúgio Biológico Bela Vista. Surgiu, assim, o Herbário Evaldo Buttura, o único herbário da região, que hoje funciona no Parque Tecnológico Itaipu, sob os cuidados das professoras da UNILA Laura Cristina Pires Lima e Giovana Secretti Vendruscolo, além de estudantes do curso de Ciências Biológicas – Ecologia e Biodiversidade.
No intuito de compartilhar o conhecimento e despertar o interesse da população sobre a importância da conservação das plantas, parte da coleção do herbário ficará em uma exposição viabilizada pelo projeto de extensão “Herbário EVB itinerante: despertar para o ensino e conservação da Flora Regional”.
Intitulada “Herbário, entre caminhos e saberes”, a exposição será aberta nesta quinta-feira (30), às 19h, no hall do Refúgio Biológico Bela Vista (Rua K, 62 - Vila C). Os interessados podem participar do evento, gratuitamente. É necessário apenas realizar um cadastro prévio através do formulário eletrônico disponível em goo.gl/Lqe4Rv. Posteriormente, a exposição permanece no local até março de 2018, aberta à comunidade.
De acordo com a professora Laura, “o objetivo do projeto do ‘Herbário Itinerante’ é abrir as paredes da Universidade, aproximar as pessoas e conscientizar sobre a importância do herbário para a região”. Para a docente, que é a coordenadora do laboratório e da exposição, é preciso avançar na concepção de conservação da biodiversidade. “Toda vez que a gente pensa em conservação, a gente pensa no bicho, o macaco, a onça, algum animal ameaçado de extinção, e tem muitas plantas que estão ameaçadas de extinção. Então, por que não pensar nas plantas também? Nesse sentido pretendemos mostrar que conservar a flora é tão importante quanto”, pontua.
Resgate da história local
Para Laura, mais que apenas um “catálogo”, a coleção do herbário é também uma forma de resgate da história local. “Muitas dessas áreas onde o Buttura coletou há 40 anos não existem mais, então isso é uma história do passado”, observa. Para a estudante Elizabeth Martinez, do 4º ano de Ciências Biológicas, a exposição também deve contribuir para que a população se aproprie mais da flora local. “Esse é o nosso patrimônio, temos que reivindicar essas plantas, ter carinho com as coisas que temos ao nosso redor”, comenta.
Betânia Cristina Neves, aluna do 5º ano de Ciências Biológicas, acrescenta que a exposição também deve sensibilizar as pessoas através da arte, dos sentidos - referindo-se às ilustrações científicas que estarão à mostra. “Uma árvore não é simplesmente uma árvore, ela é um ser vivo, que tem comportamento muitas vezes não reconhecido por não se mover como animais. Então, tem uma parte da exposição que traz essa ideia de que existe o movimento, você só precisa ter mais calma, mais paciência para observar”, completa.
Foto 1 - As estudantes Betânia Neves e Elizabeth Martinez junto com a professora Laura Cristina Pires Lima, coordenadora do Herbário Evaldo Buttura
Foto 2 - Parte da coleção do herbário ficará em uma exposição, no Refúgio Biológico de Itaipu, aberta para visitação