É o primeiro Natal que a jovem J.M.C.P. de 6 anos de idade passou sem o seu pai (Sr.Luiz Carlos Pereira), que foi assassinado friamente no dia 10 de dezembro de 2017, na Rua Helmuth Henicka, centro, nas proximidades da Rodoviária Municipal de São Miguel do Iguaçu.
Em razão de um motivo banal e fútil – desentendimento no trânsito – o assassino, sem porte e sem registro de arma de fogo, fazendo um uso de um revólver calibre 38, desferiu vários disparos contra a vítima Luiz Carlos Pereira, que estava desarmada, provocando sua morte imediata no local.
O assassino, que já foi identificado pela polícia, segue livre, leve e solto, isto porque se apresentou alguns dias depois da morte, como se isso fizesse deixar de ser um crime grave. Certamente, se o assassino só estivesse armado na rua e fosse pego pela polícia, até hoje estaria preso por porte ilegal de arma de fogo. Mas, como estava com uma arma sem registro e matou a vítima LUIZ CARLOS PEREIRA, ele está em liberdade.
Isso é só no Brasil mesmo! Se contar uma história dessa fora do nosso País é motivo de piada. Mas como o morto não fala, agora só vale a palavra do assassino, que está vivo. Pois, as testemunhas que eventualmente presenciaram o fato têm medo de testemunhar contra o assassino, e com razão, uma vez que ele está solto. E se o assassino fez o que fez com a vítima por causa de um desentendimento de trânsito, o que ele não faria contra alguém que testemunhasse contra ele em um processo judicial, onde ele (assassino) poderá pegar de 12 (doze) a 30 (trinta) anos de cadeia.
O assassino cometeu um CRIME HEDIONDO, brutal, covarde e violento, na medida em que atirou em uma vítima desarmada. Em delegacia de polícia, o assassino, devidamente orientado por seu advogado, alegou que agiu em legítima defesa putativa, ou seja, ele diz que atirou para se defender, pois achou que a vítima estava armada. Esta é uma das teses defensivas mais surradas
(comuns) que existem, mas que vira e mexe os jurados (pessoas leigas da sociedade que compõe o júri) caem nessa conversa fiada.
Mas como diz o ditado, “o diabo faz a panela, mas se esquece de fazer a tampa”. Ou seja, o assassino diz que agiu em legítima defesa, mas sua mentira não cola, a tampa não fecha a panela, pois: Em primeiro lugar: a vítima estava desarmada.
Em segundo lugar: foram vários disparos, e, três projeteis entraram pelas costas da vítima. Observe-se o que disse a PERITA CRIMINAL (que esteve no local logo após a morte) ao lavrar o LAUDO DE EXAME EM LOCAL DE MORTE. Veja a quantidade de lesões produzidas por projéteis de arma de fogo na vítima:
Qualquer pessoa leiga sabe, que legítima defesa é soco com soco, pau com pau, pedra com pedra, faca com faca e tiro com tiro e não uma pessoa armada contra uma pessoa desarmada.
E qualquer pessoa, por mais simples e ignorante que seja, sabe que não existe legítima defesa quando alguém desfere vários disparos e três tiros nas costas de alguém.
E QUEM É O ASSASSINO? Ora! A esta altura todos na cidade já sabem quem é ele. Nem é preciso falar, mas é uma pessoa de família influente no município. Dá até medo de mencionar o nome aqui, pois do jeito que está tudo invertido nesse País, possivelmente seríamos processados e teríamos que arcar com indenizações que não podemos pagar.
E por falar em dinheiro, até hoje não conseguimos pagar todas as despesas do funeral do falecido, mas graças a Deus e a ajuda da comunidade, estamos fazendo uma arrecadação para quitar os compromissos funerários. Não sou eu que digo, e sim os jornais, que escrevem que “A cada 100 vítimas de homicídio no Brasil, 71 são negras, diz estudo.”
Negros representam 71% das vítimas de homicídios no país, diz levantamento. De 2005 a 2015, número de brancos assassinados caiu 12%, e o de negros subiu 18%. Não estou aqui para levantar polêmica sobre a questão racial, mas um levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra como a população negra está mais exposta à violência no Brasil. Os negros representam 54% da população, mas são 71% das vítimas de homicídio.
A maioria das vítimas é jovem, parda ou negra, moradora das diversas quebradas do Brasil, quase sempre bairros pobres, de urbanização recente. Nada que provoque comoção pública, manchetes nos portais ou discussões nas redes sociais, como se fossem mortes já esperadas e invisíveis.
Certamente se fosse ao contrário, se Luiz Carlos Pereira fosse o assassino, possivelmente ele já estaria preso e condenado antecipadamente pela mídia. Conforme os assassinatos se repetem e os autores continuam soltos, isso serve de incentivo para outros crimes violentos de igual teor.
Como as pessoas que tem o dever jurídico de resolver o assunto não interferem de modo efetivo, outras pessoas ou grupos reagem e passam a matar para não ficarem sujeitos ao poder dos assassinos. Cada homicídio tem a capacidade de produzir vinganças, criando uma engrenagem que se retroalimenta.
Essa crença compartilhada por indivíduos ou grupos de que os assassinatos fazem parte de seu repertório de escolhas cotidianas produz um efeito multiplicador de homicídios. Para tanto, basta observar a quantia de crimes violentos ocorridos recente e semanalmente em nossa pequena e antes pacata cidade de São Miguel do Iguaçu. Toda semana os noticiários (blogs) locais informam mais uma morte.
Enquanto as pessoas fingirem que o problema não existe, restará para a população ficar em silêncio, oprimida pela violência, torcendo para não ser o próximo morto da lista. Lembrem-se que ontem a vítima foi Luiz Carlos Pereira, amanhã poderá ser um familiar ou um ente querido seu. Pensem bem nisso.
A indignação e a sensação de impunidade é um sentimento que domina a família da vítima neste momento.
Não queremos vingança, mas somente um mínimo de Justiça!