A socióloga e militante feminista Moema Viezzer é a convidada especial da Semana de Recepção dos Calouros da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). A programação do evento, que marca o início do ano letivo de 2018, inclui várias atividades alusivas ao Dia Internacional da Mulher. Na quinta-feira (8), Moema profere a aula inaugural “A aprendizagem transformadora e a formação acadêmica”. A atividade está marcada para as 17h, no auditório da unidade Jardim Universitário (Avenida Tarquínio Joslin dos Santos, 1000).
Moema Viezzer também cumprirá outros compromissos em Foz do Iguaçu. Ainda na quinta-feira ela participa da Marcha da Mulher, passeata pelos direitos de todas as mulheres. A concentração será no Bosque Guarani, e a marcha começa às 19h, seguindo pela Avenida Brasil até a Praça da Paz.
Na sexta-feira (9), haverá sessão de lançamento do livro “Vocação de semente - A história de uma facilitadora da inteligência coletiva”, seguido de debate com a autora. A atividade, que terá início às 19h, no auditório do Jardim Universitário, é aberta ao público, mas é preciso confirmar presença, através do e-mail observatorioambientalfoz@gmail.com.
Referência Feminista no Brasil
Idealizadora e fundadora da Rede Mulher de Educação, Moema Viezzer esteve no epicentro das mobilizações feministas para influir na formulação da Constituição brasileira de 1988. Desde então, sua atuação continua a inspirar pessoas e grupos a buscarem “um outro mundo possível”, pautado na justiça, na equidade e na convivência. Em 2005, Moema foi indicada, junto com outras 52 brasileiras, para o Prêmio Nobel da Paz em 2005, em uma ação que propunha a candidatura de mil mulheres. Referência feminista no Brasil, ela destaca que “é importante ter a convicção de que uma sociedade nunca será justa sem a equidade de gênero. Porque esta é parte da justiça social”.
Questionada sobre os pontos sensíveis em relação à (falta de) equidade de gênero, ela destaca a violência doméstica e sexual, a discriminação salarial, a falta de partilha entre mulheres e homens nos espaços de poder e o peso das estruturas institucionais que dificultam a paridade e a igualdade. “Minha primeira publicação teve como título: ‘Se me deixam falar…’ e foi há 40 anos. Estávamos em plena ditadura na maioria dos países latino-americanos, e principalmente as mulheres não tinham o direito de dizer o que sentiam. (...) Mas às vezes temos a impressão de que tudo o que tinha que ser dito em relação aos direitos humanos das mulheres já foi dito. O que sentimos falta é de ver colocadas nossas propostas em prática. Por um mundo sem divisões de sexo, raça e cor, gerações, espaço geográfico, cultura e religião”, desabafa.
Na opinião dela, neste contexto, “os jovens universitários têm um grande papel no avanço do processo civilizatório. Acredito que eles podem exercer um importante papel na análise de realidade, principalmente na leitura crítica da história e na preparação para conduzir estes novos tempos”.
Na aula inaugural, ela irá abordar a necessidade de uma educação libertadora. "É da educação que visa a formação de sujeitos históricos capazes de analisar a realidade para transformá-la em benefício de todos os seres humanos e, como decorrência, em benefício do meio ambiente”.
Foto - Moema Viezzer foi indicada para o Prêmio Nobel da Paz, em uma ação que propunha a candidatura de mil mulheres