Em casos como esse não seria de chegar ao seu velho amigo de infância e dizer com todas as letras: “o assunto é da mais alta gravidade e não quero jamais que o meu voto interfira na nossa amizade. A minha consciência me obriga a ficar do lado da decência e da coerência – temos que extirpar do seio social o verme da corrupção, vou comparecer na sessão e votar pela cassação”.
Diante desse placar, podemos dizer que a decência e a coerência sofreu uma derrota histórica no Legislativo de São Miguel do Iguaçu...?
Vejam que a votação era apenas para abertura de processo de investigação do vereador Silvio Marcos Murbak, por quebra do Decoro Parlamentar (Corrupção e obtenção de vantagens indevidas), tendo em vista que o mesmo foi alvo da Operação Rota Oculta, esteve preso e está sendo monitorado por “tornozeleira eletrônica”...
Antes de entrarmos no mérito desta questão, vale ressaltar que nesse placar não está o voto do presidente, Eliseo Mariano Presa – tendo em vista que o mesmo só votaria em caso de empate. O vereador Boa Ventura João Motta, não compareceu na sessão e nem justificou a ausência. E no lugar do Marcos Murbak, foi convocado o suplente Alfredo Mendes
O voto descente e altamente coerente, nesse caso, é do Professor Ari, que não só votou pela cassação, como justificou o seu voto, deixando clara a sua insatisfação. “Essa representação vem muito bem fundamentada e deixa claro que precisamos se aprofundar nesta questão para sabermos se houve ou não, desvio de conduta. Uma vez eleitos, essa é a nossa função – temos o dever ético e moral de pelo menos investigar – esse é o nosso compromisso perante a população, motivo pelo qual voto a favor”, disse ele.
Votaram contra o pedido de investigação Alfredo Mendes, Edson Ferreira, Lafaiete Ganda Meira, Flávia Dartora Fernandes, Francisco Machado Mota e Vanderlei dos Santos.
Prevaleceu o espírito de GRUPO...?
O que se ouvia nos bastidores durante a semana é que, esse pedido de investigação teria uma votação apertada – até mesmo um 04 x 04 e assim, obrigando o presidente a desempatar o placar.
O que houve? É difícil dizer com 100% de certeza – mas, é possível visualizarmos na ausência do vereador Boa Ventura Motta, um acerto de última hora que deixou os que buscavam a decência com a retaguarda desfalcada e abriu espaço para essa goleada histórica de 06 x 01 em favor da CORRUPÇÃO...
Os comentários que circulavam logo após essa decisão era de que, tinha prevalecido o efeito “onyx lorenzoni”, protagonizado pelo Juiz Sérgio Moro, ao afirmar que o deputado estava livre da Justiça pelo crime de caixa dois, por que havia “pedido desculpas e dizendo-se arrependido”.
Diante de uma situação como essa como devem estar se sentindo todo o grupo (Delegados, policiais, Ministério Público, Poder Judiciário) que trabalharam na Operação Rota Oculta e demonstraram que o setor está corrompido?
Vejam que não faz muito tempo, essa mesma Casa que deveria ser de Lei, cassou o mandato e os direitos políticos por oito anos do suplente de Vereador Gaúcho, sem que ele tenha cometido nenhum crime, apenas por portar a sua arma, o seu instrumento de trabalho, tendo em vista que é Policial Federal.
Por que o Motta não compareceu na sessão? Quem o conhece sabe que estamos falando de uma pessoa digna, que presa os amigos e nos bastidores tem influência e poder de articulação...
Em casos como esse não seria de chegar ao seu velho amigo de infância e dizer com todas as letras: “o assunto é da mais alta gravidade e não quero jamais que o meu voto interfira na nossa amizade. A minha consciência me obriga a ficar do lado da decência e da coerência – temos que extirpar do seio social o verme da corrupção, vou comparecer na sessão e votar pela cassação”.