Estudantes de 32 nacionalidades chegam a Foz do Iguaçu nos próximos dias para realizar a matrícula presencial na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). Neste ano, além de alunos da América Latina aprovados no Processo Seletivo Internacional, a Instituição recebe representantes de outros 12 países, incluindo países da África, Ásia e Europa, aprovados em duas novas modalidades de ingresso: a Seleção de Refugiados e Portadores de Visto Humanitário e a Seleção de Indígenas Aldeados. As matrículas dos alunos estrangeiros prosseguem até o dia 1º de março, e o ano letivo se inicia no dia 7.
Wayne Karter, nativo de Guiné-Bissau, é um dos calouros do curso de Ciências Biológicas da UNILA em 2019. Ele chegou a Foz do Iguaçu junto de mais três conterrâneos, todos em busca de uma formação universitária pública e gratuita. “Soubemos que a UNILA também é uma universidade com vocação internacional, de acesso universal e de qualidade”, relata Wayne, um dos aprovados no edital voltado a refugiados e portadores de visto humanitário. No total, 24 estudantes devem ingressar na UNILA nesta modalidade. Além dos guineenses, a Universidade também vai receber representantes de Angola, Barbados, Benin, Congo, Gana, Haiti, Costa do Marfim, Paquistão, República Democrática do Congo, Rússia, Senegal, Síria e Venezuela.
Grupo de guineenses chegou a Foz do Iguaçu em busca de formação universitária pública e gratuita
Também de Guiné-Bissau, Valdir Marques Vieira matriculou-se no curso de Saúde Coletiva, com o sonho de ajudar o seu país de origem, onde, segundo ele, a saúde pública é problemática, assim como o ensino público, com falta de laboratórios e bibliotecas. “Escolhi o curso porque o profissional dessa área tem mais capacidade para sensibilizar e ajudar a população com prevenção e acesso à saúde”, diz o aluno, que já tem formação em técnico de enfermagem.
Oportunidade também para indígenas aldeados
Outra nova modalidade de ingresso, também válida a partir deste primeiro semestre letivo de 2019, é destinada a estudantes oriundos de povos indígenas aldeados do Brasil e de outros nove países da América do Sul (Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Uruguai, Venezuela, Paraguai, Equador e Peru). O primeiro indígena nessa condição a se matricular na UNILA, Ananias Fidelis Félix, pertence à tribo Tikuna. Ele optou pelo curso de Engenharia de Energia.
“Desde criança, quando estava no ensino médio, sonhei em entrar na Universidade. E escolhi o curso porque acredito que minha comunidade está precisando muito de engenheiros”, diz o discente, que conheceu a UNILA pela internet. Ananias fez um longo percurso até Foz do Iguaçu, saindo do Amazonas, onde residia na comunidade indígena Feijoal, localizada no município de Benjamin Constant. Os Tikuna habitam na tríplice fronteira entre o Brasil, o Peru e a Colômbia.
A Universidade instituiu uma comissão permanente para facilitação de acesso e acompanhamento dos novos estudantes indígenas, formada por servidores ligados a projetos que envolvem questões indígenas. O objetivo é contribuir para a ambientação dos novos estudantes na UNILA e na cidade de Foz do Iguaçu.