“Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever – inclusive a sua própria história”
A Câmara Municipal de São Miguel do Iguaçu viveu na tarde de ontem, o que poderíamos chamar de – um dia de glória. Além da entrega do Título de Cidadão Honorário ao Dr. Reinaldo Alceu Gasparelo, momentos antes (durante a sessão) o bom público presente se deparou com a presença da Professora Leonice Solange Lenz Marques, que faz parte da equipe de Pedagogia da Secretaria Municipal de Educação, fazendo uso da tribuna livre da Câmara...
Segundo o Professor Ari, diante da gravidade da denúncia feita pelo Vereador Wando na última sessão, sobre uma possível queima de cerca de 60% do acervo da Biblioteca Municipal, para que os mesmos pudessem caber dentro da Biblioteca Cidadã que fica ao lado, a Direção da Câmara teve que tomar uma atitude. “Convocamos o setor responsável para que nos dessem a devida explicação a respeito de um fato tão grave como esse exposto pelo vereador”.
Lembrou Leonice, que quando a Secretaria Municipal de Educação recebeu a Biblioteca que até então estava sobre os cuidados da Secretaria de Cultura, Esportes e Lazer, ela foi designada para reorganizar os espaços e a tramitação legal – “de forma correta e coerente o fizemos”, salienta.
“Quando, recebemos a Jurisdição das Bibliotecas (Biblioteca Municipal Pedro Viriato Parigot de Souza e Biblioteca Cidadã) conforme Decreto 319/2018, iniciamos o planejamento pela Secretaria Municipal de Educação para reestruturação dos ambientes”, esclarece Leonice, ressaltando que o primeiro passo foi buscar a legalidade da sessão e fusão, coletando documentos e informações necessárias para o mesmo – “documentando tudo”.
Segundo ela, primeiro foi feito um levantamento de todo o acerto que havia na Biblioteca Pedro Viriato Parigot de Souza, com um olhar especial sobre tudo o que havia ali. “Pois quando recebemos as Bibliotecas tínhamos um amontoado de coisas, muitas, sem serventia alguma com equipamento e móveis estragados e as funcionárias não tinham autorização ou autonomia para o devido destino destes”, esclarece.
“Após organizar e avaliar o que poderia ser reutilizado e o que seria descartado, nosso olhar voltou-se na reestruturação interna da Biblioteca Cidadã para receber o acervo da Biblioteca Municipal”, disse ela aos vereadores, ressaltando que “apenas foram feitos ajustes na estruturação do ambiente para a recolocação do acerto, sendo que todos os livros, revistas e demais materiais informativos foram devidamente classificados, pela Bibliotecária Suzana L. Dutra dos Santos, funcionária efetiva do município desde 2008”.
Lembrou ainda que essa funcionária é nome de referência, formada em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Santa Catarina desde 1988, tendo registro no CRB 9 (Paraná) sob inscrição Estadual número 1289.
“Asseguramos e enaltecemos que de forma alguma ela permitiria o descarte incorreto de qualquer parte do acerto. Suzana teve total autonomia de manter o acervo que hoje se encontra junto a Biblioteca Cidadã”, frisando que de acordo do à Lei 10.753/2003, conforme Art. 18, cuja finalidade é controlar os itens e os bens patrimoniais das Bibliotecas Publicas, “o livro não é considerado material permanente”.
“Portanto, volta a frisar – o que realizamos foi de forma correta e só retiramos aquilo que foi considerado obsoleto e reutilizamos o que foi possível”.
“Fomos acusados de ter queimado 60% dos livros. Saibam os senhores que os materiais bibliográficos que foram retirados do acervo da Biblioteca, foram devidamente descartados conforme a Lei Federal que dispõe sobre a política nacional do livro”, afirma, ressaltando que o “descarte foi apenas de materiais que estavam mofados devidos a infiltrações e goteiras que vinham ocorrendo ao longo do tempo”.
“Também foram descartados livros didáticos que estavam ultrapassados, livros, enciclopédias, revistas e jornais que já estavam em fase de decomposição”.
Na sequência, Leonice entregou para a Secretária da Câmara, uma série de documentos para ser repassados aos vereadores, onde segundo ela, está tudo pautado e registrado. “Aproveitamos o ensejo para agradecer o Professor Ari que nos enviou uma solicitação para que pudéssemos esclarecer o ocorrido”, lembrando aos nobres vereadores que a Educação de São Miguel, “não pode e não irá retroceder. Vivemos e vivenciamos a era digital, mas todo e qualquer conhecimento provem da sabedoria humana e esta, está pautada em livros”.
Encerrando o seu depoimento com a frase escrita por Bill Gates: “Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever – inclusive a sua própria história”, convidando a todos em seguida para assistirem um rápido documentário ilustrado com fotos dos trabalhos que são realizados pela Biblioteca Cidadã, bem como, dos registros feitos durante o levantamento do acervo.
O Vereador Vando que havia afirmado na sessão anterior que “Nós vamos fazer a sede da Guarda ali... Eu só respeito o senhor Prefeito se ele me respeitar, se ele estiver de acordo tudo bem, se não todos vão para o pau...”, agradeceu as explicações apresentadas pela Secretaria de Educação, lembrando que, sobre o que disse sobre uma possível queima de 60% dos livros do acervo, continua investigando e que já tinha feito um requerimento solicitando explicações ao Prefeito Municipal. “No final das minhas investigações se eu chegar a conclusão que errei, humildemente pedirei desculpas – mas afirmo, continuarei investigando”.
Sobre o uso da tribuna que tinha prometido para essa sessão, gentilmente comunicou ao Presidente que estava abrindo mão devido ao adiantado da hora e da solenidade que viria a seguir.
“O que vou dizer aqui é muito forte e não vem de encontro ao momento que vamos ter a seguir – mas a semana que vem prometo usar novamente a tribuna”, disse ele.