Um público estimado em 2000 pessoas de diversas escolas da cidade e do interior e do próprio Colégio esteve visitando ontem (17), a II Mostra Pedagógica do Colégio Estadual Castelo Branco (Ensino Fundamental e Ensino Médio), no período da manhã, tarde e noite.
Com cerca de 800 alunos matriculados, atualmente está na direção a Professora Anelise Carradore Lutz, que também é coordenadora desta II Mostra Pedagógica. Segundo ela, o Colégio vive um ótimo momento – “temos uma ótima equipe de trabalho, cujo objetivo é propiciar respostas educacionais positivas a todos os alunos. Essa II Mostra Pedagógica é o reflexo desta dedicação – onde se prioriza o fato de que “aprender e ensinar são processos inseparáveis”, explica.
No seu ponto de vista, uma mostra pedagógica tem como objetivo integrar toda a comunidade escolar, uma atividade que envolve aprendizagem, participação, integração, comportamento, espírito de transformação social. “Nada é mais gratificante para toda a nossa equipe do que ensinar com o compromisso de que haja a aprendizagem por parte de todos, respeitando sempre a forma, o tempo e o entorno pelo qual se aprende, por parte de cada sujeito”.
Lembra que muitos dos trabalhos apresentados nesta II Mostra Pedagógica possuem um caráter social, econômico, cultural e ambiental, de forma que a comunidade engajada nesta ação se aproprie destes conhecimentos, desenvolvendo uma atitude reflexiva junto ao meio em que estão inseridos. “O que eles estão expondo aqui é o reflexo do que aprenderam durante o ano em sala de aula”, ressaltando que trabalhos assim trazem consigo, a partir do conhecimento assimilado uma diversidade de informações que facilitam a compreensão dos fatos que se enlaçam ao dia-a-dia no seu entorno.
“Acredito que em vários aspectos, houve avanços significativos com relação a I Mostra do ano passado. Temas como Teatro, Cordel, Revolução Francesa, RAPs, Gestação, Física na Cozinha, Salão de Ciência (duas salas), História e pré-história estão sendo abordados com muita criatividade”, lembra, ressaltando a área de Português com a Biblioteca e o Livro de Contos de Fadas escrito pelos próprios alunos do Colégio.
LIVRO DE CONTOS DE FADAS – 6º ano A
Para a Professora Fátima Spelfer Walnier, coordenadora do Livro, este é um projeto realizado com a finalidade de divulgar os textos produzidos pelos alunos do 6º ano A, valorizando e aperfeiçoando a leitura e a escrita e principalmente instigando sua capacidade criativa.
“Escrever não é uma tarefa fácil, escrever para um livro é mais difícil ainda. Nós escrevemos a partir das leituras que fazemos e lendas folclóricas. Com o passar dos anos vamos mudando nossos gostos, inclusive pela leitura. Os alunos resolveram escrever contos de fadas, mudando seu enredo, personagens e lugares onde se passa a história, ou seja, trazendo-as para os tempos atuais”.
No momento em que visitamos a banca montada para a sessão de autógrafos do livro, Lenoir Vons, 12 anos, autografava um exemplar e com uma desenvoltura de gente grande, apresentou o trabalho e os demais membros da sua turma que estava ao lado.
Angela Esmeralda Koloda André, 11 anos, ao lado e uma das escritoras do livro, nos mostrava com entusiasmo e alegria o seu conto de fada no livro – “Um dia diferente”, onde deixa fluir a sua imaginação de criança que ainda traz a ternura no olhar e beleza no coração – o qual transcrevo na íntegra:
“Certa vez aconteceu algo impressionante e mirabolante em minha vida. Já vou contar!
Um belo dia pela manhã, eu acordei e fui passear pela floresta que fica a uns 500 metros de casa. Encontrei um banco e me sentei par tomar um chimarrão, ao lado havia umas frutas e resolvi pegar uma para comer e leve as outras para casa.
Ao chegar em casa comi todas aquelas frutas. No fim da tarde comecei a sentir tonturas e fui deitar.
No dia seguinte o inesperado aconteceu. Acordei com o dobro do meu tamanho, era um “gigante”. Fiquei desesperada. Lembrei-me que na floresta havia uma bruxa e uma feiticeira que poderiam reverter esta situação.
Saí à procura delas, elas prepararam um remédio para eu beber e me mandaram deitar e dormir um pouco para que o remédio fizesse o efeito desejado.
Após algumas horas, voltei ao tamanho normal, agradeci a bruxa e a feiticeira e prometi a mim mesma que nunca iria comer algo desconhecido”. (uma graça).
BIBLIOTECA (8º B e A)
Uma visita a Biblioteca, por sinal, muito espaçosa e superconfortável, onde o aluno pode ler confortavelmente deitado em cima de um belo tapete, deparamos com a Professora Fabiana e uma turma entusiasta com um brilho especial no olhar e nas mãos a belíssima obra de Lázaro Ramos – NA MINHA PELE.
Uma obra onde ele, em sua resenha, nos conta que: “movido pelo desejo de viver num mundo em que a pluralidade cultural, racial, étnica e social seja vista como um valor positivo, e não uma ameaça, divide com o leitor suas reflexões sobre temas como ações afirmativas, gênero, família, empoderamento, afetividade e discriminação”.
Ainda que não seja uma biografia, neste livro Lázaro compartilha episódios íntimos de sua vida e também suas dúvidas, descobertas e conquistas. Ao rejeitar qualquer tipo de segregação ou radicalismo, ressalta a importância do diálogo. “Não se pode abraçar a diferença pela diferença, mas lutar pela sua aceitação num mundo ainda tão cheio de preconceitos. Um livro sincero e revelador, que propõe uma mudança de conduta e nos convoca a ser mais vigilantes e atentos ao outro”, sentencia.
“Por isso, digo sempre aos meninos e meninas que têm origem parecidas com a minha: não há vida com limite preestabelecido. Seu lugar é aquele em que você sonha estar”, pontifica – vale a pena lê-lo.
REVOLUÇÃO FRANCESA (8º A)
Uma parada na sala ao lado, encontramos o Professor Rogério (8º A) e uma aula sobre a Revolução Francesa, movimento que marcou o fim da Idade Moderna, ocorrido em 1789.
Um movimento social e político que derrubou o Antigo Regime, que dominava á séculos a França, abrindo o caminho para uma sociedade moderna com a criação do Estado democrático.
Um período bastante conturbado para o país na época, cujos reflexos positivos são sentidos até hoje em diversas partes do mundo.
RAP (6º B)
Na sala em frente o Professor Alessandro, com jeito e sem preconceito levava os visitantes a darem um passeio pela década de 70 até chegar aos dias atuais – mais precisamente a criação do Rap, criado nos Estados Unidos, por jovens jamaicanos que foram obrigados a emigrar em consequência de uma forte crise econômica e social que acontecia naquele período na Ilha.
Lembra Alessandro que foi nessa época que surgiram os MC’s, que significa – Mestre de Cerimônia, sendo que o termo RAP é uma abreviação para Rhythm And Poetry (ritmo e poesia).
Na sua explanação, com riqueza de detalhes, abordou a importância desta cultura, que muita vezes é demonizada por certos setores da sociedade, simplesmente por falta de conhecimento. “Vejam os festivais de RAP, onde de improviso acontece um confronto verbal que deve predominar o respeito e a poesia nas palavras. Veja o grau de dificuldade e a capacidade que a pessoa tem que ter para participar”, lembra Alessandro.
Nos falta tempo e espaço para falarmos sobre os Laboratórios de Ciências, Gestação e diversos outros trabalhos super criativos apresentados nesta II Mostra Pedagógica – mas não posso deixar de registrar o encontro com a Professora Claudete Cassol Schons, acompanhada com uma turma super bem humorada do Colégio Nestor Victor dos Santos.
“Mostras assim contribui para ensinar o aluno a aprender, tendo em vista que oportuniza aos mesmos a aprendizagem por descoberta, o que é altamente positivo, principalmente quando parte daquilo que lhes interessa, que causa curiosidade, que lhes desafia”, me dizia ela, com aquele sorriso abrasador.
Espelhado nesta sua alegria contagiante – encerro essa matéria com as lições do Mestre, justamente sobre “essa saudável explosão de riso que muito antes de contaminar e energizar as pessoas que estão ao redor, é primeiro experimentada como uma rápida onda de consciência que passa pela cabeça, iluminando a consciência inteira”.
O Mestre vai mais longe e nos ensina que “isso é imediatamente seguido pelo “efeito ondulante” físico do riso, sentido como um leve bater de respiração sobre o diafragma para romper qualquer tensão e aliviar qualquer resíduo de amargura”.
Lembra ainda que “a maioria das pessoas diz que o riso proporciona a elas uma sensação de bem estar ainda que tenha passado por uma situação de discórdia um minuto antes. Se uma pessoa pode rir sinceramente vendo o absurdo de uma situação, onde antes existia um aborrecimento ou mágoa, as tensões são aliviadas e as relações amistosas se restauram espontaneamente. O riso é um presente do amor para uma criação que está possuída pelos egos e necessita libertar-se deles”.