O 3º Seminário do Corredor de Biodiversidade do Rio Paraná e o 1º Seminário do Corredor de Biodiversidade das Araucárias reuniram agentes de conservação no Refúgio. Encontros prosseguem neste sábado (19), no Parque Nacional do Iguaçu...
Da assessoria - Fotos: Rubens Fraulini/Itaipu Binacional - O Refúgio Biológico Bela Vista (RBV) da Itaipu Binacional recebe, nesta semana, o 3º Seminário do Corredor de Biodiversidade do Rio Paraná e o 1º Seminário do Corredor de Biodiversidade das Araucárias, ações que contribuem para a troca de conhecimento sobre a gestão compartilhada da Ecorregião Florestas do Alto Paraná.
Os seminários reúnem entidades, instituições e agentes de conservação da Mata Atlântica do Brasil, Paraguai e Argentina. Os dois eventos, abertos na quinta-feira (17) no Auditório do RBV, seguiram nesta sexta-feira (18) com palestras e mesas-redondas. No sábado (19), haverá uma visita técnica dos participantes ao Parque Nacional do Iguaçu.
A iniciativa é do Projeto Corredores de Biodiversidade, composto por 18 parceiros da Rede Gestora dos Corredores de Biodiversidade, criada há dez anos e da qual Itaipu é partícipe. A ação tem o patrocínio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e execução do Instituto de Estudos Ambientais Mater Natura. Também estão representados o Fundo Mundial para a Natureza (WWF, da sigla em inglês) - WWF-Brasil e WWF-Pay -, Fundación Vida Silvestre Argentina (FVSA), Pacto pela Restauração da Mata Atlântica (Pacto) e Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan).
Na noite de abertura, na quinta-feira, a líder global de restauração do WWF, Anita Diederichsen, falou sobre as perspectivas do tema no mundo e uniu ao tema de sua palestra a criação da Rede Trinacional e a necessidade de uma governança forte para que os resultados desejados sejam alcançados.
“São necessários atores que saibam trabalhar em conjunto e também avançar sobre como esse trabalho vai ser operado”, afirmou Anita. Também participaram da mesa o superintendente de Gestão Ambiental da Itaipu Binacional, Ariel Scheffer da Silva, e o chefe do Parque Nacional do Iguaçu, Ivan Baptiston, entre outras autoridades.
Trabalho em rede
O objetivo é compartilhar resultados e desafios da restauração de áreas prioritárias para o grupo, de acordo com a engenheira florestal Veridiana Costa Pereira, da Divisão de Áreas Protegidas (MARP.CD) de Itaipu. “Como a rede é composta por várias entidades que trabalham num território muito amplo, esses encontros são importantes para a troca de experiências e prestação de contas do que já foi realizado”, disse.
A binacional é reconhecida por contribuir para a instalação do Corredor de Biodiversidade Santa Maria, com a recuperação das matas ciliares e o saneamento ambiental das propriedades ao redor, um dos motivos que levaram à escolha do Refúgio como sede desses encontros.
Segundo Veridiana, o Refúgio é uma área estratégica de conservação do meio ambiente e disseminação de conhecimento, além de ser referência em ações de conservação no território. Nos últimos dois anos, o RBV doou 140 mil mudas para recomposição em áreas prioritárias do Projeto Corredores de Biodiversidade, destinadas para Ivinhema, Parque Iguaçu e Ilha Grande. Itaipu também é referência na recuperação como estratégia para a segurança hídrica e à manutenção da saúde de seu reservatório.
“Ao apresentarmos nossas iniciativas de restauração florestal, podemos ajudar outras regiões a replicarem nossos modelos, de acordo com as escalas de cada localidade”, afirmou Veridiana, que destacou a importância da conservação. “Não há desmatamento que possa ser suprido pela restauração florestal. Por isso, nossa prioridade é conscientizar as pessoas para que priorizem sempre a conservação”, concluiu.
Biodiversidade
Para o analista de conservação do Programa Mata Atlântica do WWF Brasil, Daniel Venturi, os seminários permitem mover uma rede de pessoas e instituições em prol do Alto Paraná, região considerada como uma das prioridades globais para restauração. Daniel destacou ainda a preservação da onça-pintada, símbolo da conservação da Mata Atlântica e animal com presença na região trinacional.
“Além de conectar parceiros já atuantes na região, os eventos permite que nós tenhamos uma visão trinacional das ações no território”, avaliou Daniel. “Assim, juntamente com parceiros do Paraguai e da Argentina, mostramos que a conservação não tem fronteiras e que precisamos trabalhar juntos para possibilitar uma paisagem sustentável e um território conservado, viáveis para a biodiversidade”, completou.
Referência
O trabalho da Itaipu para a conservação do meio ambiente é considerado modelo para diversas instituições. Em 2017, a usina contribuiu para a classificação do Paraná como o estado que mais contribuiu para a restauração da Mata Atlântica no Brasil, com 75.612 hectares regenerados nos últimos 30 anos. Segundo o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, produzido pela Fundação SOS Mata Atlântica e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as áreas protegidas de Itaipu na margem brasileira do reservatório correspondem a 28% desse total.
Em 2019, uma área de 100 mil hectares da Itaipu ganhou o status de Reserva da Biosfera, chancela concedida pelo Programa “O Homem e a Biosfera” da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Dois anos antes, o título já havia sido concedido às áreas protegidas da margem paraguaia da usina.
A Itaipu
Com 20 unidades geradoras e 14 mil MW de potência instalada, a Itaipu Binacional é líder mundial na geração de energia limpa e renovável, tendo produzido, desde 1984, mais de 2,6 bilhões de MWh. Em 2016, a usina brasileira e paraguaia retomou o recorde mundial anual de geração de energia, com a marca de 103.098.366 MWh. Em 2018, a hidrelétrica foi responsável pelo abastecimento de 15% de toda a energia consumida pelo Brasil e de 90% do Paraguai.