“É um momento para a Educação muito triste. Estou na Educação há 30 anos, oito meses e doze dias e posso dizer que estamos vivendo um momento de retrocesso a passos largos”,
Bastante prestigiada a Abertura da II Mostra Científica do Colégio Estadual Parigot de Souza, realizada ontem (22) e que contou com a presença da comunidade escolar em torno e da visita de diversas Escolas do Município....
Ao falar dos objetivos desta Mostra, a Professora Elis Regina Dorneles, responsável pela Organização, lembrou que é gratificante demonstrar para os alunos do Ensino Médio Noturno, a ciência na sua prática – a química no nosso cotidiano. “Estamos preparando essa mostra a mais de um mês e de certa forma o Colégio todo terminou sendo envolvido neste trabalho”, salienta.
No seu ponto de vista o aluno que participa de um evento como esse, além de conhecimento ganha também em experiência. “O aluno não pode ser somente ouvinte. Ele tem que ser ativo para que, numa possível graduação ou no próprio mercado de trabalho, ele consiga se portar, dialogar, tendo em vista que ao apresentar o seu trabalho nesta exposição está reforçando a habilidade de se expressar em publico”, explica.
A Professora Rejane Christ, Diretora do Colégio, lembra que com essa mostra a Professora Elis terminou envolvendo toda a equipe pedagógica, toda a comunidade escolar. “É uma mostra interdisciplinar, onde com essa ferramenta pedagógica, ela conseguiu transformar toda a escola num ambiente de pessoas apaixonadas pela química, envolvendo o português, a física, a geografia, a matemática, enfim, toda a comunidade escolar”, ressaltando que é “um dia diferente que começou a um mês atrás, onde foram envolvidos também acadêmicos da Uniguaçu na área de Agronomia e Enfermagem a convite dos próprios alunos.”
Na cerimônia de abertura, com a presença de toda a sua Equipe Pedagógica, Professores e Funcionários, colaboradores e a comunidade escolar, Rejane aproveitou a oportunidade para fazer um desabafo demonstrando toda a sua preocupação com o futuro da Educação no nosso Estado, em especial com o futuro do Ensino Médio Noturno.
Lembrou Rejane que, enquanto gestora e fundadora desta Escola, juntamente com a sua família, estava muito preocupada, tendo em vista que na última quarta-feira foi informada pelo Núcleo de Educação de Foz do Iguaçu que o Ensino Médio Noturno corre o risco de ser fechado no Estado do Paraná.
“O sentimento agora é de muita dor e vamos lutar até a última gota de energia para que isso não aconteça”.
Lembra que não só o Parigot, mas o efeito é em cascata e atinge também o Castelo Branco, o Nestor, Coelho Neto, Santa Rosa e a Dom Pedro. “Nós temos uma comunidade em São Miguel do Iguaçu e isso não é diferente dos outros municípios, onde se trabalha em prol de todo mundo. A consequência disso é a descaracterização dos nossos alunos”, salienta, ressaltando que “nós trabalhamos o sentimento de pertencimento com essa comunidade da Velha Gaúcha, desde que eles nasceram para chegar aqui na 6ª série e terminarem o Ensino Médio”.
No seu ponto de vista não dá para aceitar que venha alguém e simplesmente pega um aluno de paraquedas e joga num outro lugar, juntando todos os outros lados e ele tem que se reconstruir novamente em um mês. “É um momento para a Educação muito triste. Estou na Educação há 30 anos, oito meses e doze dias e posso dizer que estamos vivendo um momento de retrocesso a passos largos”, afirma, para em seguida conclamar: “Cadê o direito do meu aluno de poder trabalhar e a noite frequentar um Ensino Médio para que um dia possa se formar num Curso Superior?”.
E continua? “Quem serão as vítimas desta tomada de decisão sem consultar a comunidade escolar?”, afirmando que está sendo mobilizada toda a comunidade escolar da região para que isso não aconteça.
“As perdas são imensuráveis. Seremos nós que colheremos esses frutos amargos, por que vamos ter sim, abandono escolar. Nós trabalhamos no aluno o censo crítico, não podemos aceitar um sim como uma decisão final. Vamos lutar até a última gota de energia para que isso não aconteça”, promete.
Seguindo o mesmo ponto de vista da Professora Rejane, o Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Paraná (APP-Sindicato) acredita que essa medida pode dificultar o acesso à educação. "No nosso entendimento é fechamento de turmas, porque, se o adolescente está mudando de turno justamente por uma necessidade especial, ele não vai se matricular de manhã. Ele vai procurar outros meios ou desistir da educação", disse Márcio Ribeiro, chefe da APP – Sindicato de Londrina, em entrevista a RPC.
Por sua vez, a Secretaria de Estado da Educação (Seed) diz que o remanejamento de vagas do período noturno do Ensino Médio em escolas estaduais para o período diurno, começa a partir do ano letivo de 2020, devendo começar pelas turmas de 1º ano.
Evasão escolar
Para o Governo do Estado, o principal argumento para o remanejamento das vagas é a evasão escolar. "Em 2018, a taxa de evasão foi de 3,6% para alunos do período diurno, e 17,6% nas turmas da noite", afirmam.
A secretaria também informou que houve queda no número de matrículas no período da noite nos últimos anos. De 129 mil matrículas em 2015, o número caiu para 102 mil no ano passado.