Tem certas coisas que parecem ser obras do destino - mas, tratando-se de ação humana, ficam as digitais demonstrando as ações...
Vejam que justamente no dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher, 25 de novembro, os vereadores (90% homens) que deveriam estar no plenário com uma flor na mão para homenagear a única mulher da Casa, por 5 votos a 3, votaram pela abertura de uma Comissão Processante que vai investigar possível quebra de decoro parlamentar que poderá resultar na cassação da Vereadora Flávia Dartora do partido Republicano.
Vale salientar que, por unanimidade os Vereadores haviam aprovado, por sugestão da Vereadora, uma Moção de Aplausos para ser entregue neste Dia, aos Professores que venceram o Concurso Agrinho 2019 a nível Estadual e Regional. “Dentro das Festividades Alusivas aos 58 Anos de Emancipação Político Administrativa do nosso Município, vamos homenagear aqui nesta Casa esses bravos Professores e os nossos Pioneiros que fizeram a história de São Miguel do Iguaçu”, dizia a Vereadora no dia da aprovação.
O que era para ser um dia Festivo, Comemorativo, se transformou num momento de “comemoração às avessas”, onde um “cidadão”, suplente de vereador, artista plástico, foi convidado a subir no plenário (com a camisa do Flamengo, comemorando a vitória) para votar no lugar da Vereadora a favor ou contra a essa abertura de investigação, cujo maior beneficiado é ele próprio, como suplente.
A investigação foi proposta pelo ex-suplente de Vereador, Volmer Roberto Tschinkel, que bem há pouco tempo passou por situação semelhante – e mesmo sem merecer – viveu na própria pele as dores da mais clara INJUSTIÇA desses mesmos, que cassarem o seu mandato, deixando-o inelegível por oito anos.
No pedido de cassação protocolado junto a Câmara, Tschinkel (o popular Gaúcho), cita que durante a Operação W x O a vereadora teve o seu Gabinete como alvo de busca e apreensão pela polícia.
O Vereador Vanderlei dos Santos, ao justificar o seu voto, lembrou que estava votando a favor desta abertura de investigação por que esse pedido estava sendo feito por um “cidadão são-miguelense” que sempre combateu os desvios de conduta no município – esqueceu de dizer que, por esse trabalho valioso e criterioso que todo o cidadão deve exercer – ele, como vereador votou pela sua cassação – votou para mantê-lo longe daquela Casa de Leis.
Votaram a favor da abertura da Comissão os vereadores Ari Luiz Jarczewski, Eliseu Marciano Presa, Lafaiete Ganda Meira, Vanderlei dos Santos e Giovani Vissoto, o suplente convocado para esta votação. Votaram contra: Alfredo Junior Mendes, Francisco Machado Mota e Silvio Marcos Murbak.
Logo em seguida, foi feito o sorteio dos Membros para compor a Comissão Processante - sendo sorteados: Alfredo Junior Mendes, Ari Luiz Jarczewski e Francisco Machado Motta. Num acordo entre os três, Motta ficou com a presidência; Professor Ari, com a relatoria e Alfredo Mendes, como membro.
Antes do encerramento da Sessão, vários oradores fizeram uso da palavra, exaltando o Aniversário do Município que acontece no próximo dia 28 de novembro, entre eles, Eliseo Presa, Professor Ari, Lafaiete, Francisco Machado Motta, Wando da Garagem e o presidente Boaventura Motta, todos exaltando a bravura dos pioneiros que deram os primeiros passos no Desenvolvimento do nosso município.
O presidente Boaventura Motta, lembrou o primeiro prefeito, Abel Bez Batti – “me lembro como se fosse hoje, ele vindo para a cidade com o seu Jeep azul, trazendo os seus netos para a escola e nós aproveitávamos para pegar uma carona”, disse ele, ressaltando que eram cerca de cinco quilômetros que, quando não conseguia uma carona com o Prefeito, tinha que fazer a pé todos os dias para chegar a Escola, onde aprendeu a ler e a escrever.
Apontando com o dedo e olhando para mim, o presidente disse: “lembrei o seu Abel e você deve se lembrar muito bem dele e desse tempo também”.
- Sim! Lembro-me, mas confesso que prefiro citar o seu sucessor, o nosso saudoso Nadir Maggi e uma das suas ações que presenciei quando criança, também a caminho da Escola e que ficaram gravadas no meu inconsciente.
“Ao passar pelo Barro Branco (em frente o trevo da Aurora), eu vi o Jeep da prefeitura estacionado na beira da estrada. Olhei para uma picada que descia o barranco que dava acesso a um barraco de palha situado lá em baixo e vi um senhor altivo, calça azul e camisa branca, carregando nos braços uma senhora que mais parecia um cadáver vivo que há muitos dias não tinha tomado banho e coloca-la no banco dianteiro”, levantou a cabeça e quando me viu, com a alegria de uma Criança que acaba de ganhar o seu primeiro presente, me disse: “Está indo para a Escola? Sobe aí e aproveite a carona – esse carro é nosso, é do povo que paga os seus impostos”.