Por Breno Altman, via redes sociais...
Tratar o neofascista Bolsonaro como “louco”, por conta de seus últimos atos e do discurso de hoje, me perdoem os que discordam, atenua e despolitiza a intensidade da oposição que devemos fazer.
O energúmeno opera a campanha contra o coronavírus, à semelhança de Trump, a partir de um cálculo frio, ainda que cheio de riscos.
Ele tenta se colocar como defensor dos interesses dos milhões de micros, pequenos e médios empresários que constituem sua base eleitoral, se situando sozinho de um lado do ringue contra todas as demais forças políticas, de outro lado, que advogam medidas mais fortes para mitigação ou supressão do vírus, mas que afetariam mais pesadamente a economia, a renda e o emprego.
Caso os números de infecção e morte comecem a declinar, ele apontará o dedo contra seus adversários, acusando-os de terem adotado providências desnecessárias e destruidoras da atividade econômica.
Se os números sobem, ele também irá para o ataque, embora com menor credibilidade, claro, denunciando como ineficientes as estratégias de contenção.
O que lhe importa é avançar na consolidação de seu poder, e das frações burguesas que representa, sobre o Estado brasileiro.
Pretende derrotar, ao mesmo tempo, a oposição de esquerda e a direita tradicional, e vê a luta contra o coronavírus como uma janela de oportunidade.
O fascismo sempre coloca seus interesses políticos e de classe acima de qualquer outra questão, mas isso está longe de ser loucura.
Precisa ser combatido e desmascarado por sua essência, para que possamos formar uma consciência mais avançada que leve à derrubada não apenas de Bolsonaro, mas de todo o projeto e do bloco de poder que ele representa.