Por Mario Eugenio Saturno
O jornal The New York Times fez uma longa matéria sobre a reabertura das escolas nos Estados Unidos para as aulas presenciais. É um grande desafio já que nenhum país tentou enviar as crianças de volta à escola com a infecção do coronavírus em alta. E a pesquisa científica sobre transmissão em salas de aula é limitada.
A Organização Mundial da Saúde concluiu agora que o vírus é transmitido pelo ar em espaços fechados e com pouca ventilação, uma descrição que se encaixa em muitas escolas americanas. Mas há uma grande pressão para trazer os alunos de volta, dos pais, pediatras e especialistas em desenvolvimento infantil e do presidente Trump.
Dados de todo o mundo mostram claramente que as crianças são muito menos propensas a ficar gravemente doentes com o coronavírus do que os adolescentes e os adultos. A Academia Americana de Pediatria citou esses dados para recomendar que as escolas reabram com as devidas precauções de segurança. Porém, o risco não é zero, um pequeno número de crianças morreu e outras precisaram de cuidados intensivos porque sofreram insuficiência respiratória ou uma síndrome inflamatória que causou problemas cardíacos ou circulatórios.
A experiência no mundo mostrou que medidas como distanciamento físico e uso de máscaras nas escolas podem fazer a diferença. Outra variável importante é a extensão do vírus na comunidade em geral, porque isso afetará quantas pessoas o levarão para a escola. Até agora, os países que reabriram as escolas após a redução dos níveis de infecção não sofreram um aumento nos casos de coronavírus. Noruega e Dinamarca são bons exemplos. Ambos reabriram suas escolas em abril, cerca de um mês após o fechamento, mas inicialmente as abriram apenas para crianças mais novas. Eles fortaleceram os procedimentos de higienização e mantiveram o tamanho da turma limitado, crianças em pequenos grupos no recreio e espaço entre as mesas.
O que as escolas podem fazer? O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) recomenda testes de alunos e professores com base apenas em sintomas ou histórico de exposição e mesmo assim, não será suficiente.
Alguns países trouxeram inicialmente apenas uma parte de seus alunos: crianças menores na Dinamarca, Noruega, Bélgica, Suíça e Grécia; crianças mais velhas na Alemanha, de acordo com o relatório dos pesquisadores da Universidade de Washington. A Bélgica reabriu em turnos em dias alternados.
Vários países limitaram o tamanho da turma, permitindo frequentemente um máximo de 10 a 15 alunos em sala de aula. Muitas colocam mesas a vários metros de distância. Vários países agrupam crianças em grupos ou coortes com interação social amplamente restritas a esses grupos, especialmente no recreio e na hora do almoço.
As políticas de uso de máscaras variam. Na Ásia, onde a prática de usar máscaras durante a temporada de gripe é comum, muitos países exigem máscaras na escola. Em outros países exigiam máscaras apenas para alguns alunos ou funcionários, como professores na Bélgica e estudantes do ensino médio na França, de acordo com o relatório da Universidade de Washington.
Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano